Por Isabela Rovaroto | A varejista de moda Pernambucanas começou a oferecer produtos de beleza em suas lojas e e-commerce em 2019, quando fechou parcerias com marcas como Jequiti, Multi B, Phytoderm, Mari Maria, Ruby Rose. Desde então, a companhia tem trabalhado no desenvolvimento de sua marca própria de beleza.
A partir de setembro, mais de 25 mil revendedores da rede vão começar a vender produtos de beleza da Uniq Beauty. A linha conta com dez itens, com preços a partir de R$ 35,99, que vão de hidratantes faciais e corporais até sérum facial e body splash. A expectativa é de que o setor de beleza represente 8% das vendas até o fim do ano.
“A pandemia atrasou o lançamento da Uniq Beauty. Desde o começo queríamos ter a nossa marca para complementar a oferta de itens de cuidados pessoais na nossa rede”, diz o CEO Sérgio Borriello.
A nova empreitada da Pernambucanas acompanha as movimentações do mercado. No último ano, a C&A anunciou a criação de sua linha própria de produtos de beleza, com a expectativa de aumentar o ticket médio dos clientes.
O efeito da pandemia
Com a pandemia, dois movimentos ocorreram simultaneamente. O primeiro ocorreu no mercado de beleza. Conhecido por sua resiliência, o setor continuou ganhando espaço no dia a dia dos consumidores — só que de formas diferentes. A maquiagem deu lugar a rotina de autocuidado com pele, por exemplo. Com a reabertura, os novos hábitos ficaram e boa parte da demanda reprimida foi desafogada.
Em 2022, a indústria de beleza faturou 565 bilhões de dólares em todo o mundo, 12% mais do que um ano antes, de acordo com a base de dados Statista. No Brasil, quarto maior mercado no mundo, o setor apresenta crescimento de 560% nos últimos cinco anos, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria, Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).
O segundo movimento ocorreu dentro da Pernambucanas. Com lojas fechadas, foi necessário criar um novo canal de vendas para a rede centenária. A venda direta feita por revendedoras funciona desde 2021 e já representa 10% da receita de 5 bilhões de reais divulgada no último ano.
“As lojas físicas vão expor os produtos, mas as vendas serão realizadas apenas pelas revendedoras. Nossas 510 unidades vão concentrar estoque à pronta entrega”, explica o CEO.
Como funciona o canal de revendedores da Pernambucanas
Todos os produtos da varejista como vestuário, calçados, lar, eletro e beleza, podem ser comercializados pelos revendedores, além de produtos e serviços da fintech Pefisa, braço financeiro da Pernambucanas. Hoje, o segmento de vestuário feminino lidera as vendas do canal, que conta com dois modelos:
- Os revendedores podem comprar os itens diretamente com a Pernambucanas, com descontos exclusivos, e revendem para a rede de contatos.
- No segundo, os vendedores utilizam um catálogo virtual para a divulgação aos seus clientes, que fazem as compras diretamente pela marca.
“Diferente do que geralmente é aplicado no mercado de beleza, os revendedores da marca possuem comissão inicial de 30% sobre o valor original dos produtos Uniq Beauty”, diz Borriello.
Um dos grandes diferenciais é a agilidade na entrega. Como os itens comercializados saem dos estoques das lojas físicas, os revendedores conseguem entregá-los no mesmo dia aos clientes ou agendar a retirada em 2 horas. Cada revendedor conta com uma loja de apoio em que, além de retirar os produtos. A expectativa é dobrar o número de revendedores em um ano.
Programa de afiliados da Pernambucanas
O programa de afiliados da Pernambucanas está previsto para começar em outubro. Estratégia mais focada nas vendas digitais, os afiliados ganham comissão por venda — diferente dos revendedores, que compram as peças da companhia para vendê-las. Outras varejistas, como Magalu e C&A, também já têm o programa estruturado.
“Hoje em dia todo mundo quer ser influenciador digital. Nossa ideia é ter 25 afiliados em um ano”, diz Borriello
Fonte: Exame