Por Daniela Braun
A separação do grupo colombiano Éxito do GPA segue em curso, conforme aprovada em assembleia de acionistas, e tem conclusão prevista para meados de agosto, informou hoje Marcelo Pimentel, diretor-presidente do GPA, em teleconferência com analistas sobre o balanço da companhia no segundo trimestre.
“Estamos comprometidos e engajados com a separação do Éxito em meados de agosto”, disse Pimentel.
O executivo criticou as propostas de compra de ações da rede de supermercados da Colômbia feitas pelo investidor e bilionário Jaime Gilinski em junho e na semana passada.
“A proposta de compra foi vaga e de última hora”, disse o executivo do GPA.
O processo de separação aguarda o aval dos órgãos reguladores colombianos, a Superintendência Financeira da Colômbia (SFC) e o Depósito Centralizado de Valores de Colombia (Deceval), e prevê a distribuição de BDRs e ADRs do Éxito a acionistas do GPA.
O GPA registrou prejuízo líquido atribuído aos controladores de R$ 425 milhões no segundo trimestre, ampliando em 145% o prejuízo apurado no mesmo período de 2022. O número considera o consolidado do Grupo, com as operações brasileiras e do Grupo Éxito.
Considerando apenas as operações continuadas, que não contemplam o Éxito, o prejuízo líquido consolidado do GPA totalizou R$ 330 milhões no segundo trimestre, alta anual de 54,6%.
Conversão de lojas Compre Bem em Extra Mercado
Até o fim de agosto, o GPA prevê finalizar a conversão de 30 lojas da rede de supermercados Compre Bem para a bandeira Extra Mercado.
“A migração do Compre Bem para Extra ajuda a manter o foco nas marcas fortes”, disse Pimentel.
Guillaume Gras, diretor financeiro do GPA, ressaltou que a conversão “trará um fluxo maior e mais rentável de clientes, incluindo a participação em programas de fidelidade como pontos Stix”.
A empresa também informou que vai expandir os mercados de conveniência Pão de Açúcar Minuto em São Paulo, ainda sem projeções de expansão em outros Estados, informou Pimentel.
A estratégia é ampliar a rede Minuto e não os mercados Mini Extra, em São Paulo, para atrair em público de maior poder aquisitivo.
No segundo trimestre, o GPA abriu 23 novas lojas, sendo 20 Pão de Açúcar Minuto e três Mini Extra.
O GPA encerrou o segundo trimestre com um total de 748 lojas, incluindo mercados e postos de gasolina. No período, o grupo fechou cinco lojas – três lojas Minuto Pão de Açúcar, uma loja Mini Extra e uma loja em conversão Compre Bem para Extra.
A rede informou que tem um cronograma de abertura de 81 novas lojas até o fim do ano.
O chamado Novo GPA Brasil, que desconsidera hipermercados, drogarias e postos, registrou vendas de R$ 5,06 bilhões entre abril e junho, avanço anual de 15%, puxado pelo crescimento de 19,6% da bandeira Pão de Açúcar, cujas vendas somaram R$ 2,3 bilhões no trimestre.
As vendas mesmas lojas do Novo GPA Brasil tiveram alta de 8,6%, contra 7,5% no primeiro trimestre de 2023, com melhora pelo quinto trimestre consecutivo, devido ao avanço de perecíveis, como frutas, legumes e verduras.
GPA vende sede em São Paulo
O plano do GPA para reduzir o prejuízo inclui negociação com fornecedores, conclusão de mudanças de sortimento na rede de supermercados Pão de Açúcar e redução de ativos como sua sede em São Paulo.
“O resultado financeiro teve o maior impacto negativo principalmente diante da diminuição das receitas financeiras relacionadas à atualização monetária dos recebíveis pela venda da operação de hipermercados”, informou Gras.
A venda do edifício-sede e de um terreno no Rio de Janeiro são ativos a monetizar este ano, informou Pimentel.
Em junho, o GPA vendeu 11 lojas próprias a um fundo privado, por R$ 330 milhões. Com a negociação, o grupo passou a alugar as lojas vendidas em contratos de locação de 15 e 18 anos.
Entre abril e junho, o grupo encerrou as operações do aplicativo de entregas James Delivery e fechou centros de distribuição exclusivos para vendas on-line. O novo modelo de delivery contempla os estoques das próprias lojas.
A limpeza de sortimento inclui 10% de itens que ficam parados até 12 meses em prateleira, informou Pimentel. Ele ainda destacou a redução de tempo de estoque em 5,5 dias, no período.
Segundo o executivo, os ganhos do segundo trimestre sofreram impactos da correção monetária sobre a venda de hipermercados
Ele também destacou que “o mercado como um todo foi impactado pela deflação em itens de mercearia básica” e que, apesar da deflação, “houve crescimento em volume e participação” nestes itens.
Pimentel comentou que ainda não observa um movimento de aumento no valor médio de compras, o chamado “trade up”, mas sim da retomada de clientes aos mercados premium da rede.
Para o terceiro trimestre, o executivo destacou que há “uma sazonalidade importante com eventos como a Copa do Mundo de futebol feminino, a volta das férias escolares, o Dia dos Pais e o aniversário do Pão de Açúcar”.
A empresa relançou o programa de fidelidade Pão de Açúcar Mais em meados de maio, com novas categorias de clientes “premium”, para elevar o tíquete médio.
GPA busca recuperação perene e reduz custos com pessoal
Pimentel reforçou que a expectativa do grupo para os próximos trimestres é de continuar com uma melhoria sequencial de margem bruta e margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), de forma perene.
“O que a gente não quer é trazer picos e vales de performance onde não se consolidem cada parte dos projetos estratégicos que realmente dêem expectativas de que os ganhos capturados vão permanecer”, disse o executivo.
No segundo trimestre, o lucro bruto do GPA atingiu R$ 1,18 bilhão, um avanço de quase 6% ante o reportado no mesmo período do ano anterior, com margem bruta de 24,8%, queda de 1,8 ponto percentual na mesma base comparativa e alta de 0,4 ponto percentual sobre a margem bruta do primeiro trimestre.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado do Novo GPA Brasil foi de R$ 299 milhões no segundo trimestre, queda de 3,2% sobre o resultado do segundo trimestre de 2022. A margem Ebitda ajustada do Novo GPA Brasil foi de 6,3%, alta de 0,3 ponto percentual sobre o primeiro trimestre e queda de 1,1 ponto percentual ante igual período do ano passado.
Pimentel também destacou a redução de custos com funcionários. Até o final do ano, a empresa deve reduzir custos com pessoas em R$ 130 milhões. “Isso traz uma melhoria de produtividade principalmente sem comprometer a experiência do cliente nas lojas”, disse.
Fonte: Valor Econômico