Por Mônica Magnavita
Parques, aeroportos, hospitais, estações de trens e metrô, locais que tradicionalmente despertavam pouco interesse de franqueados, começam a chamar a atenção, ganhando novos adeptos em busca de espaços alternativos para seus negócios. Números da Associação Brasileira de Franchising (ABF) apontam para expansão da procura desses locais por marcas interessadas em ampliar suas franquias para um público cujo objetivo central não é o de ir às compras, mas usufruir dos serviços e produtos oferecidos naqueles espaços.
As operações em rua e em shoppings ainda representam mais da metade dos pontos de venda de franquias, mas o crescimento do setor em espaços alternativos foi superior aos dos mais tradicionais. Nos terminais de transportes, as operações saltaram de 0,9% para 2%, nos chamados strip malls, centros de conveniências em bairros, saíram de 0,4% para 1,7%.
“Esses novos pontos de venda têm se mostrado bastante favoráveis, inclusive com custos operacionais mais baixos”, diz Clodoaldo Nascimento, presidente da ABF Rio. É o caso de franquias em parques naturais. A expansão veio com a nova onda de concessões ao setor privado e vem ganhando espaço nas operações com franqueados, a exemplo do Ibirapuera, gerido pela Urbia Parques, hoje com oito franquias, como a da Nutty Bavarian.
O grupo também é concessionário de parques naturais, como os Cânions Verdes, em Cambará do Sul, na Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, e a Praia Grande, no sul de Santa Catarina. Nesses, o processo de abertura de franquias está em curso. “Começamos a negociar com franqueadores. A ideia é abrir para operadores locais. Queremos transformar ativos ambientais em experiências agradáveis aos visitantes. Um dos atrativos é oferecer consumo que gere memórias afetivas e que aumente a permanência nos parques”, diz Samuel Lloyd, diretor da Urbia.
A partir do conceito de que parque não é shopping, a proposta é levar marcas ligadas ao turismo de aventura, como o de equipamentos esportivos, além, naturalmente, de restaurantes e cafés. Um dos interessados em abrir franquias nos parques sob concessão da Urbia é Rafael Hideki, dono da marca de sorvetes Gelaboca, do Paraná, presente em sete Estados, com mais de 200 produtos, inclusive exportados para Europa, e 43 franqueados.
“Compartilho da ideia do Samuel, de que o público de parques tem experiência bacana daquele momento de lazer e acaba lembrando da marca. É o que queremos”, diz Hideki. Com base na experiência da loja da Gelaboca instalada em torno de um lago turístico no município de Toledo, no interior do Paraná, Hideki quer ampliar o conceito para parques de São Paulo e da região Sul.
Outra franqueadora que optou por locais alternativos, como o Ibirapuera, é Adriana Auriemo, à frente da Nutty Bavarian, com 140 pontos, e previsão de abertura de 40 em 2023, espalhados em parques, aeroportos, terminais rodoviários, estações de metrô e shoppings. “O bondinho do Pão de Açúcar é um dos melhores da rede. O turismo deixa as pessoas com vontade de comer coisas gostosas.”
Outro ambiente propício para guloseimas são os hospitais. A franqueda da Kopenhagen, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Valéria Soria, optou por abrir um ponto no local ao ver ali uma nova oportunidade de negócio, já que tinha lojas em rua e shopping center. “Atendemos médicos que gostam de tomar café discutindo casos clínicos, acompanhantes dos pacientes e muitas pessoas que fazem tratamentos no hospital”, diz. Renata Vichi, CEO de Kopenhagen.
Franqueadores da CCR e do aeroporto internacional de Guarulhos compartilham públicos semelhantes – os viajantes – com históricos de bons resultados. Marcelo Carpegiani, superintendente de novos negócios da CCR, concessionária que tem sob gestão metrô, trens e VLT, transportando três milhões de pessoas por dia, observa que seu público consome desde roupas, calcados, maquiagem e até serviços como cabeleireiro.
“Quando o usuário sabe que a loja está no caminho dele, sai 15 minutos mais cedo”, diz. No aeroporto de Guarulhos, por onde passam entre 150 mil e 200 mil passageiros por dia, franquias têm como foco famílias e pessoas que vivem voando a trabalho.
Fonte: Valor Econômico