22/02/2015
Na primeira metade da década, Mato Grosso foi o segundo Estado brasileiro que mais produziu milionários, atrás apenas de São Paulo
Mato Grosso foi o segundo estado que mais produziu milionários no país na primeira metade desta década. O dado faz parte de um estudo realizado pelo Barings Investments, banco com sede nos Estados Unidos especializado em financiar e oferecer soluções em agronegócio. O Diário teve acesso aos dados com exclusividade em Mato Grosso.
Entre 2010 e 2014, nada menos que 697 mato-grossenses passaram à condição de milionários, totalizando 2.132 pessoas. O número é 48,57% superior aos 1.435 contabilizados no início da década. Em números absolutos, somente o Estado de São Paulo teve maior incremento, com 1.013 novos milionários no período.
A diferença é que, em termos relativos, o crescimento em São Paulo foi de apenas 1,59%, já que o número de milionários saltou de 63.398 para 64.411.
Ainda em números relativos, o Estado que mais viu crescer a quantidade de milionários foi Roraima, com salto de 67,85% (de 28 para 47), seguido de Mato Grosso do Sul, com 53,75% (de 1.211 para 1.861). Em percentual, Mato Grosso é o terceiro.
O Barings Investiments considera milionária a pessoa que tenha renda anual de US$ 240 mil e US$ 1 milhão em ativos. O cálculo dos ativos exclui imóvel de moradia e dois veículos. Em reais, para se enquadrar na categoria de milionário conforme os parâmetros do banco, é preciso ter renda anual de R$ 691 mil e R$ 2,8 milhões em ativos.
O agronegócio é responsável por quase a totalidade dos milionários mato-grossenses. O crescimento [no número de milionários] em áreas ligadas ao agronegócio é exponencialmente superior às grandes capitais que têm a indústria como base, explica Emerson Pieri, sócio do Barings Investment. Quando falamos de agornegócio, o produtor compra maquinário em Cuiabá, sementes, insumos… Isso gera uma demanda de empresas que vendem estes produtos a se instalarem na cidade, explica o executivo. Aí ele gasta parte dos lucros comprando carros, imóveis… Isso faz com que a cadeia vá muito além do campo, gerando negócios e renda em quase todos os segmentos.
E o cenário futuro para o surgimento de novos milionários no Estado parece não sofrer influência da crise econômica do Brasil, cujo PIB deverá ser negativo este ano, conforme projeções do mercado.
A crise impacta diretamente os grandes centros, que terão com certeza uma queda no número de milionários. Este impacto será quase nulo nos centros produtores de soft commodities, avalia Pieri, referindo-se às mercadorias agrícolas. Mesmo com uma queda no preço, e falta de mercado interno, os produtores têm lastro e mercado externo para vender a produção.
Os dados estatísticos do banco norte-americano são corroborados pela realidade local. Nos últimos meses, conforme o Secovi, sindicato que reúne imobiliárias e incorporadoras, de cada 100 imóveis vendidos em Cuiabá 13 eram de alto padrão.
Esta semana o Secovi comemorou a chegada a Cuiabá de um novo tipo de empreendimento imobiliário, o complexo multiuso, semelhante ao Parque Cidade Jardim de São Paulo, que reúne apartamentos, salas comerciais e um luxuoso shopping center.
Apesar do mercado apostar neste segmento, Pieri explica que os novos milionários mato-grossenses são os mais conservadores no que diz respeito a gastos com produtos de luxo. Em contrapartida, gastam muito em tecnologia de ponta, como maquinário, sistemas de semeadura, irrigação, monitoramento via satélite e pesquisa. Estão na vanguarda em termos de pesquisa de híbridos e são os mais atentos a novas ferramentas de plantio.
Diário de Cuiabá on-line – MT