A rede de franquias de doces já teve 60 lojas; hoje são 45. A empresa quer voltar a praças que ficaram pelo caminho, como Rio de Janeiro
Por Isabela Rovaroto
Depois de quatro planos econômicos, algumas crises no Brasil e uma pandemia de dois anos, a doceria Amor aos Pedaços completa 40 anos e prepara sua expansão. A rede de franquias já chegou a bater 60 lojas, inclusive com unidades no exterior. Atualmente 45 lojas estão abertas e a meta é abrir 18 unidades até o final do ano. A empresa deixou o modelo de loja mais barato e quer voltar a praças que ficaram pelo caminho, como Rio de Janeiro. O faturamento foi de R$ 50 milhões em 2021, e a expectativa é de crescimento de 20% neste ano.
Como foi criada
A doceria surgiu a partir de uma vontade da fundadora Ivani Calarezi de provar vários sabores de bolo sem necessariamente ter que comprar vários bolos inteiros — o que não era possível em 1982.
Dois anos após a fundação, a marca ganhou uma segunda loja e uma nova sócia Silvana Abramovay. Desde os 19 anos, ela é responsável pela administração do negócio, enquanto Calarezi cuida das receitas. A ideia de vender bolos em pedaços e doces unitários deu certo. Em quatro anos, as sócias já tinham 10 lojas próprias e buscaram formas de expandir o negócio sem perder o padrão de qualidade.
A Amor aos Pedaços foi uma das primeiras redes de franquias brasileiras. A expansão começou em 1986, antes da criação da Associação Brasileira de Franchising (ABF), em 1987, e da criação da Lei de Franquias, em 1994. Muito antes da praticidade de buscas no Google, as sócias participaram de diversas feiras no exterior e sempre tiveram como referência o mercado de franquias dos Estados Unidos, que já era mais maduro na época.)
Desde 2010, a fábrica do Amor aos Pedaços funciona em Cotia, na grande São Paulo. Antes, ficava localizada na Vila Olímpia, em São Paulo. Os franqueados recebem os insumos prontos para montar, finalizar na loja. “Fornecemos 85% do que as franquias vendem. Não conseguimos aumentar o preço de acordo com a inflação, mas temos margem por fabricarmos a maioria dos itens”, diz Abramovay.
Pandemia
Em décadas no mercado, Abramovay destaca a pandemia como período mais desafiador para o negócio. Em segundo lugar, o congelamento das cadernetas de poupança durante o Plano Collor.
“Na pandemia, o mundo parou. Não sabíamos quando as pessoas iam poder circular novamente e quando as lojas poderiam reabrir. Era muito difícil fechar um orçamento”, diz a sócia. Assim como para muitas marcas, o delivery se tornou um importante canal de venda nos últimos dois anos e atualmente representa cerca de 20% do faturamento.
Inovação
Para se manter tantas décadas no mercado, Abramovay destaca a inovação frequente de produtos e experiências. Além de um cardápio atualizado, as lojas passam por mudanças periódicas. As mais recentes foram a incorporação de cafés especiais e músicas e cores nas lojas pensadas para atender ao cliente que quer passar um tempo mais longo no espaço. “Nós buscávamos a melhor experiência do cliente quando ninguém falava disso. As pessoas não querem comer rápido na nossa loja. É preciso ter um ambiente confortável para receber os clientes”, diz Abramovay.
Presente em 10 cidades e visando a expansão da rede de franquias, o modelo das lojas foi repensado. “Diminuímos o tamanho das lojas, o que ajudou a reduzir o investimento inicial em torno de 20%”, explica. O investimento inicial para se tornar um franqueado é a partir de R$ 200 mil para quiosque e R$ 350 mil para loja.
Fonte: Exame