Acordo foi anunciado em abril e a previsão é começar a operação em setembro para agilizar entregas da plataforma de comércio eletrônico
Por Cristian Favaro e Raquel Brandão
Antes mesmo de decolar oficialmente, a parceria da Gol e Mercado Livre para a operação de aeronaves cargueiras atendendo a plataforma de vendas on-line já ganhou sinalização de novos passos. Segundo o presidente da empresa aérea, Celso Ferrer, o negócio tem espaço de abraçar até 10% da frota da Gol no futuro.
A parceria foi anunciada em abril e a previsão é começar a operação em setembro pelas cidades de Fortaleza, São Luís e Teresina. Na terça-feira uma cerimônia marcou a entrega da primeira aeronave, um modelo Boeing 737-800, que integrava a frota de passageiros e, após reformulação, passa a ser totalmente dedicado ao transporte de carga da plataforma de comércio eletrônico.
Até o fim do ano serão três aeronaves, também ampliando a malha para mais cidades, como Manaus. Outras três serão entregues até 2023, com janela para que sejam contratadas mais seis até 2025 – respondendo por 8% da frota da empresa projetada para aquele ano, de 150 aeronaves.
“Essa parceria não desvirtua nosso modelo operacional. O projeto vem alinhado com nossa estratégia de renovação de frota”, diz Ferrer. Conforme aeronaves 737-Max passam a ser incorporados pela frota de passageiros, os modelos Boeing 737-800 vão integrar a frota de cargas. O objetivo, diz ele, é que represente de 8% a 10% da frota. Até 2028 a aérea projeta ter 160 aeronaves – abrindo, assim, margem para ultrapassar as 12 aeronaves.
A aeronave, com capacidade de transportar até 24 toneladas, é também a primeira exclusivamente cargueira da GolLog, braço de transporte de cargas da companhia aérea. Será totalmente dedicada à operação logística do Mercado Livre. Nas outras operações, a carga transportada pela GolLog é alocada em voos comerciais da Gol.
As duas companhias firmaram um acordo comercial por 10 anos, cujo valor é confidencial. O diretor da GolLog, Julio Perotti, no entanto, destaca a ampliação em 80% da capacidade ofertada do serviço de transporte de carga da companhia aérea e prevê receita incremental de R$ 100 milhões ainda em 2022 e de mais R$ 1 bilhão nos próximos 5 anos.
No segundo trimestre, as receitas auxiliares, que incluem a operação da GolLog e do programa de fidelidade Smiles, cresceram 75%, para R$ 246,4 milhões. A receita líquida total da empresa somou R$ 3,24 bilhões. A concorrente Azul não divulga os números de sua operação de carga, mas destacou em seu relatório de resultados que a unidade de negócios fatura mais de R$ 1 bilhão ao ano e que enviou 3 milhões de pacotes no trimestre, mais de 80% acima de abril a junho de 2019, ano pré-pandemia.
Para o Mercado Livre, a parceria vai diminuir os prazos de entrega em até 80% para todas as regiões do país, especialmente para Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A iniciativa faz parte do pacote de investimentos de R$ 17 bilhões anunciados pela plataforma para este ano no Brasil.
De acordo com o vice-presidente sênior e líder do Mercado Livre no Brasil, Fernando Yunes, serão dois voos por dia, passando de 10 milhões para 40 milhões de pacotes transportados por via aérea. A projeção é que esse modal responda por 11% das entregas do Mercado Livre no médio prazo. A companhia também tem em sua malha cinco aeronaves que opera em parcerias com a Azul e Sideral, em modelo similar ao contrato com a Gol.
“Esses 11% não são o teto, é o que planejamos e vamos executar”, diz Yunes, observando que hoje esse percentual não passa de 5%. Nesse primeiro momento, serão operados dois voos por dia. “Quanto mais ele voar, mais diluído esse custo por pacote será.”
Fonte: Valor Econômico