No segundo trimestre, a companhia que opera uma rede de lojas de depilação registrou prejuízo líquido de R$ 23,5 milhões e a receita caiu quase 15%
Por Raquel Brandão
Com mais um resultado fraco no segundo trimestre e dívida maior, a rede de depilação Espaçolaser vai se concentrar em reduzir o endividamento e retomar a rentabilidade de seus negócios.
“Vamos buscar a máxima produtividade das lojas. Melhorar a receita e diminuir os custos fixos. Para melhorar a receita a palavra de ordem vai ser segmentação”, diz o presidente-executivo, Paulo Camargo, em entrevista ao Valor. Ex-presidente da Arcos Dorados, franqueadora da rede McDonald’s na América Latina, ele assumiu o cargo há 16 dias, substituindo Paulo Morais, um dos sócios e conselheiros da empresa.
Adotar a segmentação significa que a empresa vai passar a definir prazos de pagamentos, descontos e mix de serviços de acordo com o perfil da loja e do cliente. Já começou a adotar uma postura mais conservadora no parcelamento. “Nem todo cliente precisa pagar parcelado”, diz Camargo.
No segundo trimestre, a companhia registrou prejuízo líquido de R$ 23,5 milhões, revertendo o lucro líquido apurado um ano antes. O resultado foi impactado pelo aumento das despesas financeiras, diante da elevação do endividamento e dos juros. A receita líquida no segundo trimestre foi de R$ 207 milhões, recuo de 14,8%.
A queda de vendas em “mesmas lojas” (abertas há mais de um ano) diminuiu de 12% para 3,7% do primeiro para o segundo trimestre. A Espaçolaser intensificou promoções com o objetivo de trazer mais clientes para as lojas e diminuir despesas fixas, mas o volume não veio como esperado, afetando as margens. Agora, em agosto, subiu em 5% os preços. As vendas ainda devem cair, mas menos.
A alavancagem (dívida líquida em relação ao Ebtida) passou de 1,2 vez para 3,1 vezes. Segundo Correa, a flexibilização dos prazos de pagamento dos clientes -“que foi importante no momento de restrição orçamentária de clientes”-, as novas lojas e a aquisição de lojas que estavam nas mãos de franqueados aumentaram o endividamento. “A recente compressão de margem acabou elevando a alavancagem”, diz. O plano de comprar lojas de franqueados, ampliando a rede própria, foi abandonado.
“O foco vai ser, de fato, em melhorar essa alavancagem. Não estamos satisfeito com ela, especialmente nesse momento de Selic a 14%”, diz o diretor financeiro Leonardo Correa. De olho nisso, a companhia anunciou na última sexta-feira uma nova emissão de debêntures, na qual pretende levantar R$ 615 milhões.
Para melhorar o desempenho Camargo também vê necessidade de mudar a forma de acionar os clientes. Até 2019, as vendas eram estimuladas por programas de indicação de clientes – o cliente que indicava um novo consumidor ganhava descontos. Com a pandemia, foi preciso mudar e ir para ações no WhatsApp, por exemplo. “Aquilo que foi remédio, agora se tornou o principal obstáculo”, diz ele, observando a importância da experiência na hora da venda.
Fonte: Valor Econômico