É preciso se preparar para lidar com as mudanças que acontecem de forma ainda mais acelerada, sobretudo no que diz respeito aos meios de pagamento
Por Anahy Zamboni
Pode parecer muito pensar em como será o seu negócio daqui dez anos, mas acredite, uma década passa bem rápido e é preciso se preparar para lidar com as mudanças que acontecem de forma ainda mais acelerada, sobretudo no que diz respeito aos meios de pagamento.
Que o potencial de crescimento do e-commerce é enorme, não há dúvidas, seguimos presenciando altas nas vendas a cada semestre. E conforme pesquisa divulgada pela Forbes e realizada pela consultoria italiana Finaria, as vendas globais do varejo online devem chegar a US$3,4 trilhões em 2025, apontando para um futuro cada vez mais estável e sem sinais de queda para o e-commerce.
Além do crescimento financeiro, outras tendências previstas que devem ter seu uso popularizado nos próximos anos são: entregas via drone, comunicação omnichannel, consumo via M-commerce, compra por voz, aumento das opções de pagamentos digitais, entre outras. Neste artigo, falaremos sobre as tendências dos pagamentos digitais para a próxima década.
Meios de pagamento digitais: o dinheiro físico vai sumir?
Talvez seja muito brusco afirmar que o dinheiro físico vai simplesmente desaparecer, mas pesquisas apontam que a tendência é de que o uso de cédulas e moedas em espécie seja cada vez mais substituído por pagamentos digitais.
Conforme dados da pesquisa global Visa Back to Business, 97% dos consumidores brasileiros afirmam que vão continuar usando pagamentos digitais tanto quanto ou mais do que fizeram em 2021.
Além disso, 58% das pequenas empresas brasileiras disseram que já operam ou pretendem operar totalmente sem dinheiro em espécie nos próximos dois anos. Já do lado dos consumidores, 50% afirmaram que pretendem abandonar totalmente o uso de cédulas e moedas dentro do mesmo período.
Em contrapartida, segundo pesquisa da PwC, o uso de pagamentos digitais deve dobrar na América Latina nos próximos oito anos. Atualmente, os países latino-americanos realizam aproximadamente 73 bilhões de compras virtuais utilizando meios de pagamento digitais. Os dados apontam que esse número deve ser de 111 bilhões em 2025 e de 165 bilhões até 2030.
No que tange ao faturamento, a mesma pesquisa demonstra que as transações provenientes de pagamentos digitais devem passar de cerca de US$1 trilhão para quase US$1,9 trilhão por ano até 2030.
Mas se a tendência para a próxima década é de que o uso do dinheiro em espécie seja cada vez menor, certamente não estamos falando só sobre o uso do Pix como meio de pagamento digital. Existem outros formatos emergentes que devem impactar sobretudo o e-commerce, e é sobre eles que falaremos a seguir.
Tendências: quais meios de pagamento digitais virão nos próximos dez anos?
A principal tendência para o mercado de pagamentos é o aumento da variedade de métodos de pagamento digitais para além do Pix. Segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) os meios de pagamento eletrônicos devem crescer em 21% apenas em 2022, com uma estimativa de alcançar R$3,2 trilhões transacionados ainda este ano.
Mas com o avanço tecnológico cada vez mais acelerado e os consumidores cada vez mais exigentes, especialmente em relação ao que esperam de suas experiências de compra, é fato que urge às empresas diversificar seus meios de pagamento. A seguir, vou enumerar algumas das principais tendências para os próximos anos.
1. A consolidação do Pix
Embora não esteja isolado entre os meios de pagamento digitais neste cenário para o futuro próximo, o Pix deve manter sua popularidade e conquistar cada vez mais consolidação no mercado de pagamentos. Segundo o Banco Central, até junho de 2022, eram mais de 469 milhões de chaves Pix ativas, com mais de R$889 milhões transacionados em mais de 1,9 bilhão de transações no mesmo período. Dessas, 21%, aproximadamente 336 milhões de transações, foram efetuadas de pessoas físicas para empresas.
Os próximos passos para o Pix, de acordo com o Banco Central, devem ser as ampliações de suas funções, com o lançamento do Pix cobrança, Pix débito automático e Pix parcelado, todas previstas ainda para este ano. Além disso, cada vez mais estabelecimentos passam a aceitar o Pix, que já supera as transações feitas com cartões de débito, segundo a consultoria GMattos, que aponta que houve um aumento de 65% de estabelecimentos aceitando Pix até o final de 2021.
2. A ascensão das carteiras digitais
Outro dos meios de pagamento emergentes que devem se popularizar nos próximos anos são as carteiras digitais. De acordo com a SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), mais de 60% dos brasileiros que possuem smartphones já ativaram alguma carteira digital.
Além disso, dados do The Global Payments Report apontam que as e-wallets cresceram 43,5% na América Latina durante a pandemia e, para 2022, segundo a Bain & Company, a estimativa é de que as carteiras digitais representem 28% do mercado de pagamento global e 47% dos pagamentos do e-commerce.
3. A popularização dos pagamentos invisíveis
Pagamentos invisíveis são aqueles cujo processo é quase imperceptível para o consumidor, tornando a jornada de compra mais fluida, rápida e otimizada no checkout. A tecnologia contactless foi a grande sensação de 2021 e, para o futuro, as tendências apontam para pagamentos autorizados via biometria ou reconhecimento facial.
Conforme pesquisa da Visa, 89% dos brasileiros acreditam que pagamentos realizados com autorização biométrica são mais práticos do que aqueles que requerem o uso de senhas. Além disso, para operações via cartão de crédito, os pagamentos invisíveis devem avançar ainda mais graças à tokenização, tecnologia que permite que os dados do cartão sejam inseridos na primeira compra e fiquem armazenados em segurança para agilizar o processo em compras futuras no mesmo estabelecimento. Essa operação é conhecida no e-commerce como “compra com um clique”.
4. O crescimento dos superapps
Alguns aplicativos que, até então, não eram aptos a realizar transações de compra e venda, passaram, em 2021, a agregar em si essa função, certamente para atender a uma modalidade emergente, o m-commerce, isto é, o comércio eletrônico realizado via dispositivos móveis, ou mobile.
Segundo a Social Miner, no Brasil é crescente o número de pessoas que realizam compras através do smartphone. Conforme dados do Digital Report da Hootsuite, na primeira quinzena de setembro de 2021, 33% dos brasileiros realizaram compras através de dispositivos móveis.
Falando em superapps, um dos principais exemplos é o WhatsApp, que criou o WhatsApp Pay, uma carteira digital própria que possibilita a realização de transações financeiras dentro do próprio aplicativo. A funcionalidade facilitou muito para que algumas empresas o tornassem, além de um canal de comunicação, também um meio para receber pagamentos.
Com mais de 120 milhões de brasileiros em sua base de dados, o WhatsApp é uma rede gigantesca de comunicação que passou a ocupar um papel importante também nas vendas do varejo. Atualmente, o WhatsApp Pay representa 21,2% das vendas do setor varejista.
São considerados superapps outros aplicativos que, de alguma forma, integram soluções de pagamento entre suas funcionalidades, como o iFood, que além de receber através de diversos meios de pagamento, disponibiliza uma opção de Pix próprio que pode ser copiado dentro do próprio aplicativo e o pagamento é feito com pouquíssimos cliques.
5. O desenvolvimento das moedas digitais e criptomoedas
Falar sobre as tendências da próxima década para os pagamentos digitais seria impossível sem mencionar as moedas digitais e as criptomoedas. Se antes a perspectiva de adquirir criptoativos, ou mesmo usar moedas que não existem fisicamente para fazer compras, parecia uma realidade distante, agora é cada vez mais palpável, já que isso está perto de acontecer.
Segundo um relatório da Mastercard, quatro a cada dez pessoas desejam utilizar um criptoativo como meio de pagamento. Já conforme o estudo Visa Back to Business, 32% dos pequenos empresários declararam a intenção de aceitar criptomoedas como forma de pagamento ainda este ano.
Falando no contexto global, dados da PwC apontam que cerca de 60% dos bancos centrais do mundo avaliam o uso de moedas digitais e 14% já estão em fase de realizar testes-piloto. Esse é o caso do Real Digital, a moeda digital que está em processo de criação pelo Banco Central do Brasil, com previsão de chegar em versão piloto ao mercado em 2023.
6. A excelência da jornada do cliente
Finalmente, uma tendência importante para os próximos anos é tornar a jornada de compra cada vez mais otimizada, fluida, unificada e promover uma experiência excelente ao consumidor. Isso deve acontecer através de gateways inteligentes de pagamento, que devem se popularizar devido ao grande potencial de trazer ganhos para a efetividade e a produtividade dos e-commerces, ao mesmo tempo em que trazem soluções que contribuem para a fidelização do consumidor.
Segundo pesquisa da PwC, 75% dos consumidores millennials estão dispostos a pagar mais caro por melhores experiências de compra. Portanto, quanto mais ágil e melhor for a experiência proporcionada, maior será o nível de atração e satisfação do consumidor.
E seu negócio, já está preparado para as tendências dos meios de pagamento digitais nos próximos anos?
Fonte: E-Commerce Brasil