O CEO Fred Wagner destaca que investimentos em omnicanalidade e social selling levaram a um aumento de 130,8% de vendas em relação ao mesmo período de 2019
Por Ivan Ryngelblum
Depois de quase dois anos sofrendo com o “abre e fecha” do comércio em função da pandemia de Covid-19, a Track&Field pôde enfim apresentar um desempenho para o segundo trimestre que não foi marcado pelas restrições de circulação de pessoas.
De acordo com os resultados divulgados nesta quinta-feira, dia 11 de agosto, a receita líquida cresceu 39,2% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 131,4 milhões. Ainda assim, a comparação continuou afetada pela pandemia.
No segundo trimestre de 2021, a companhia estava retomando suas atividades presenciais, depois que as restrições à circulação de pessoas começaram a ser relaxadas a partir da segunda quinzena de abril.
Mas mesmo que o comparativo tenha sido influenciado, Fred Wagner, CEO da Track&Field, defende que os números são historicamente bons e mostram a companhia em outro patamar. Basta comparar com o desempenho apurado em 2019, que mostram um aumento de 130,8% das vendas em relação ao segundo trimestre daquele ano.
“A gente vê uma mudança no comportamento do consumidor, nosso mercado endereçável aumentou e os nossos números estão bastante robustos”, diz Wagner ao NeoFeed.
Segundo ele, isso mostra que a estratégia adotada por conta da pandemia está se mostrando acertada. Entre os pontos que entende que serviram de alavancas de crescimento estão a evolução da omnicanalidade, a manutenção do social selling mesmo com as lojas reabertas e a assertividade no lançamento de produtos.
No caso das vendas pela internet, elas tiveram um recuo de 67,5% em relação ao segundo trimestre de 2021, com a retomada das vendas nas lojas. Mas o canal segue relevante na estratégia de ship from store, em que as lojas funcionam como minicentros de distribuição de compras feitas pela internet.
“Tivemos 67% das vendas geradas pelo e-commerce faturadas pelas lojas, enquanto um ano atrás, era 27%”, diz Fernando Tracanella, CFO da empresa.
Mesmo com os efeitos da base de comparação, Wagner e Tracanella destacaram que a receita obtida no segundo trimestre ajudou a diluir despesas com crescimento da companhia.
No trimestre terminado em junho, a Track&Field apresentou um aumento de 41,1% do Ebitda ajustado, para R$ 25,1 milhões, e o lucro líquido ajustado avançou 31,5%, para R$ 18,2 milhões.
Olhando para frente, porém, a expectativa é de que a comparação de resultados em base anual fique mais complicada, considerando que a atividade econômica foi muito mais intensa no terceiro trimestre de 2021.
“A gente manteve o momento positivo do ponto de vista de vendas no segundo trimestre, mas agora começamos a se comparar com base mais forte de 2021”, diz Tracanella. “Mas não vemos sinais de desaceleração de vendas.”
Ecossistema
Enquanto se mantém otimistas sobre o que vem por aí, a Track&Field segue firme em seu plano estratégico, que envolve a criação de um ecossistema de produtos e serviços para atender as necessidades de seus consumidores da forma mais completa possível.
Uma das prioridades da companhia é terminar de implementar o seu marketplace, chamado de TF Mall. A companhia avançou na iniciativa, começando a agregar produtos com demanda ao seu público, mas que ela não pretende produzir.
A empresa fechou acordos com o seller Allied para vender fones de ouvido da Apple e da Samsung e com a Porparts para disponibilizar mais adiante os relógios da marca Garmin, muito utilizados por corredores.
O marketplace já está no ar e deve expandir a quantidade de categorias ao longo do tempo, entrando na parte de alimentação e equipamentos esportivos, como bicicletas. A companhia ainda está acertando os últimos detalhes técnicos antes de começar a fazer a divulgação.
Como parte da ideia de ecossistema, o marketplace deve ser acionado pela Track&Field quando tiver eventos. “A gente pode fazer uma oferta específica de fones de bluetooth em um kit de corrida”, diz Wagner. “Sempre temos a entrega do kit em loja e a pessoa poderá agregar um fone da Apple, da Samsung.”
Também na frente de ecossistema estão as chamadas Experience Stores. Criadas para atacar a frente de experiência, essas unidades contam com concierge para ajudar os consumidores, realizam eventos esportivos e oferecem clubes de corrida, além de contarem com um café e minimercado da marca, o TFC Food & Market, que vem servindo como uma forma da Track&Field estudar o potencial do mercado de alimentação e suplementação.
A primeira unidade de Experience Store, lançada em setembro de 2021, no Shopping Iguatemi, consolidou sua operação no segundo trimestre com aumento de 75,9% em vendas, em base anual.
Diante do resultado, a Track&Field inaugurou uma segunda unidade em julho, no Shopping Pátio Higienópolis, e planeja a abertura de outras oito neste mesmo formato. Os locais não foram revelados.
“Nossa estratégia é ampliar o número de lojas da Experince Store, e nas novas lojas de franqueados estamos incorporando todas as lições que tivemos da Experience Store, no sentido de exposição de produtos para clientes, iluminação, inovações que trouxe na experiência de varejo”, afirma Wagner.
No segundo trimestre, a empresa inaugurou dez lojas novas, levando o número total de unidades a 310.
As ações da companhia fecharam o pregão de hoje com alta de 2,46%, a R$ 11,26. No ano, elas acumulam queda de 13,1%, levando o valor de mercado a R$ 1,7 bilhão.
Fonte: Neofeed