Liga Ventures mapeou 217 empresas em 66 cidades e 15 ramos
Por Dauras Veras
As pressões de mercado pela redução de custos logísticos e o crescimento do comércio eletrônico geram boas oportunidades para startups da área. Em 2021, os contratos de inovação aberta entre logtechs e grandes empresas somaram R$ 135,5 milhões, 24,5% a mais que em 2020, segundo a plataforma digital 100 Open Startups. Um dos focos é a melhoria da conexão dos embarcadores com as transportadoras e caminhoneiros.
Das 512 logtechs cadastradas, 70% estão em São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Dois terços são especializadas em B2B, o comércio entre empresas. Apesar da retração na oferta de capital de risco, os investimentos em inovação aberta continuam crescendo, observa o diretor da plataforma digital, Bruno Rondani.
“Nos últimos dois anos, tivemos uma movimentação expressiva de fusões, aquisições e investimentos, em nichos que vão desde o roteamento de cargas frias à gestão de ‘dark stores’, lojas que atuam como minicentros de distribuição”, diz o presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), Felipe Matos. Ele avalia que a atual “ressaca” do e-commerce, provocada pela crise global, juros altos e retomada das compras presenciais, deve reduzir o ritmo dos negócios, mas o cenário continua positivo.2 de 2
As estimativas sobre o número de logtechs variam conforme o critério adotado. Um estudo recente da rede de inovação aberta Liga Ventures mapeou 217 startups de logística atuando em 66 cidades, em 15 categorias. A principal delas é o marketplace de frete. Em segundo lugar está a logística de “última milha”, isto é, entre centros de distribuição e o consumidor final, seguida da logística reversa, da gestão de frotas e da gestão de estoque. “O foco na experiência do cliente vai se tornar cada vez maior”, acredita seu diretor, Guilherme Massa.
Uma das startups aceleradas pela Liga Ventures é a Uello, que desde 2017 faz gestão de fretes e entregas urbanas. Em abril a logtech foi comprada pelas Lojas Renner, que pretende em dois anos aumentar de 45% para 80% o volume de entregas realizadas no mesmo dia ou no dia seguinte. “Queremos criar novas linhas de serviço com soluções B2B e expandir nosso produto para o mercado internacional a partir de 2023”, diz o cofundador, Fernando Sartori.
Primeira colocada há quatro anos consecutivos no ranking de logtechs da 100 Open Startups, a Comprovei faz a gestão e comprovação de entregas para grandes embarcadores. “Nossos clientes relatam uma economia de 10% a 15% no custo do transporte e a redução de até 80% nas reclamações por falhas nas entregas”, conta o diretor-presidente, Halley Takano. A startup de Itajubá (MG) acaba de ser incorporada à estrutura da nstech, holding de tecnologia para logística que agrega 22 empresas.
Outro destaque no ranking é a operadora logística digital Cargon. Com crescimento médio de 16% ao mês, a empresa curitibana faturou R$ 6,5 milhões em 2021 e deve dobrar de tamanho este ano. “Estimamos que somente 30% das cargas são monitoradas no Brasil”, diz seu fundador, Denny Mews.
Criada há dois anos pela Votorantim Cimentos, a transportadora digital Motz faz a conexão das cargas de embarcadores com os motoristas autônomos, com foco em cargas correlatas à cadeia de produtos da construção civil. A spin-off já recebeu investimento de R$ 25 milhões e aposta na melhoria da experiência do usuário. “Disponibilidade de carga é o item que mais fideliza os motoristas”, diz o diretor André Pimenta.
Fonte: Valor Econômico