Roberto Fulcherberguer, presidente da Via, afirma que proximidade das datas não é o ideal
Por Joana Cunha
Copa do Mundo, Black Friday e Natal são três datas que costumam ser celebradas com a alta de vendas no varejo. Neste ano, como o Mundial será em novembro e dezembro, elas vão coincidir, mas isso não é necessariamente boa notícia.
Roberto Fulcherberguer, presidente da Via, dona das redes Casas Bahia e Ponto, prevê um quarto trimestre de vendas aceleradas, mas a Copa, que tradicionalmente impulsiona a demanda por televisores, vai encavalar.
“Neste ano acontece algo que, ora a gente comemora, ora a gente chora, porque se concentraram três sazonalidades. Para nós, o ideal seria a Copa no meio do ano, porque deixaria um pouco mais separados esses eventos”, afirma.
Diante da pressão inflacionária, Fulcherberguer diz que a empresa vem tentando evitar o repasse ao consumidor.
O combustível pesa no frete, mas a Via tem usado as lojas para fazer a partida da entrega, em vez do depósito, na tentativa de baratear o processo. Medidas como o corte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), embora ajudem no controle do repasse, têm impacto reduzido e de difícil mensuração no cenário atual.
O reflexo da queda nas ações de empresas de varejo é um movimento que ele vê como passageiro. “Por conta de aumento de Selic, de inflação, o varejo deixa de ter aquela prioridade que tinha no passado na Bolsa. E commodity passa a ser prioridade. A gente acha que isso é um ciclo”, diz.
Qual é o nível de preocupação de vocês com a inflação?
Para nós, eu diria que ela pegou no início da pandemia com a escalada do dólar. Como a maior parte dos nossos itens são atrelados ao dólar, o grande aumento já aconteceu. Isso em termos de preço de produto. O que está impactando são as despesas gerais do varejo, do nosso negócio. A gente vem colocando vários remédios para tentar passar por isso sem a necessidade de colocar mais preço para o consumidor.
E o combustível?
Bastante, porque fazemos a entrega da maior parte do que vendemos. Temos conseguido passar por esse momento sem grandes repasses, graças a tudo o que investimos nos últimos dois anos. Hoje, por exemplo, metade de tudo aquilo que vendemos no online é entregue a partir da última milha. A gente usa as nossas lojas para fazer a partida da entrega. É uma entrega muito mais barata do que quando sai do depósito.
Essa e várias outras medidas que tomamos, de modernização, de usar algoritmos na distribuição, têm nos ajudado a passar por isso sofrendo menos. Mas, sem dúvida, tem impacto no custo do frete o que está acontecendo no diesel.
Fonte: Folha de S.Paulo