Para o empresário José Carlos Semenzato, o cenário econômico atual apresenta desafios para alguns segmentos, mas é positivo para o mercado de franquias
Por Isabela Rovaroto
“Sempre que há uma crise, o franchising tem um movimento positivo, as pessoas buscam alternativa de renda para suas famílias”, disse em entrevista à EXAME na ABF Franchising Expo.
Conhecido por sua participação no programa Shark Tank Brasil, Semenzato é fundador da SMZTO, holding que controla 15 redes, entre elas Espaçolaser, OdontoCompany e Instituto Embelleze. O portfólio do empresário conta com mais de 3,5 mil unidades em operação e faturamento de R$ 4,5 bilhões em 2021.
Na SMZTO, o saldo da pandemia foi positivo graças ao grande peso de redes de odontologia e estética no portfólio. O setor de saúde, beleza e bem estar cresceu 10,5% e teve receita de R$ 38,9 bilhões no último ano, de acordo com dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF). Em 2022, a alta foi de 13,4% no primeiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Na entrevista, Semenzato fala sobre as medidas adotas pela holding na pandemia, o cenário atual e expectativas para este ano. Confira os principais trechos:
Como as franquias da SMZTO atravessaram a pandemia?
Semenzato: A primeira coisa que a gente fez quando começou a pandemia foi colocar todo os sócios em regime de alerta, preservado o caixa no primeiro momento. Nós não sabíamos quando tempo iria durar a paralisação. Fizemos alguns planos de ação para superar aquele momento. Os setores que mais sofreram no nosso portfólio foram restaurantes e educação. Houve uma rápida virada digital, os restaurantes foram para o delivery e a gente conseguiu minimante viver no momento mais grave da pandemia. Já as franquias do segmento de saúde, que tem um peso grande no meu portfólio, não fecharam por serem consideradas um serviço essencial, então nós registramos crescimento mesmo durante a pandemia. Por conta do peso, o balanço ficou positivo.
O cenário atual é de crescimento?
Semenzato: O mercado de franquias tem um efeito positivo durante momentos de dificuldade econômica. Com juros caro e demissões, as pessoas buscam o franchising como alternativa. É um movimento que eu observo há trinta anos. Sempre que há uma crise, o franchising tem um movimento positivo, porque ele é uma alternativa para as pessoas que buscam alternativa de renda para suas famílias. Claro, estamos vivendo um aumento de dívida da população. Vejo o varejo sofrendo um pouco com a falta de crédito, mas não é nada que deve atrapalhar o nosso crescimento planejado.
Como a alta de juros afeta o desempenho das franquias?
Semenzato: Todo setor que depende do limite de crédito do cliente para aprovar uma venda pode ter mais dificuldade. O varejo de produtos terá mais dificuldades. Já os negócios de serviços recorrentes, como de serviços odontológicos e estéticos, eu acredito que vão ter uma vantagem. O setor de educação também, eu posso financiar o meu serviço por meio de boleto bancário, e o consumidor pode pagar com a melhor forma de pagamento para ele. Nós temos as soluções para driblar o momento de alta de juros.
Qual é a meta para o grupo até o fim do ano?
Semenzato: Estamos buscando R$ 6,7 bilhões de faturamento e 4,5 mil unidades no total. Eu espero que a gente consiga bater essa meta. Estamos sinalizando o fechando de junho, as metas estão entre 5% a 10% abaixo do orçado, o que é excepcional. Nós projetamos crescimento da ordem 30% a 40% ao ano. Eu diria que a gente está bem, estamos 10% abaixo de um orçamento agressivo. Espero que o segundo semestre se mantenha assim.
Fonte: Exame