Empresa completa 35 anos em 2022; receita para expansão será mix de investimento em digital com canais físicos, inaugurando a vertical de franquias
Por Redação
A Pampili, marca nacional de moda infantil, faturou R$ 200 milhões em 2021 e quer duplicar esse valor até 2026, segundo Maria Colli, co-fundadora da Pampili. A estratégia para continuar crescendo será um mix de investimentos na parte digital, lojas próprias, canais multimarcas e – pela primeira vez – em franquias. O foco é ampliar a presença no país, hoje mais concentrada no sul e sudeste e, consequentemente tornar a marca mais conhecida a um público maior de meninas.
Hoje, a empresa tem 1.800 colaboradores e produz anualmente cerca de 3 milhões de pares de calçados. Totalmente focada na moda infantil feminina, a empresa divide sua atuação em três fases: bebê, criança e pré-adolescente. Esse último público ganhou, inclusive, uma vertical própria, a Tweenie, que foi lançada há três anos e gera aproximadamente 15% do faturamento da companhia.
Foi um aprendizado construído ao longo do tempo – e, no início, de forma bastante intuitiva. Maria e José Roberto Coli fundaram a marca, sem qualquer um ter trabalhado no setor de calçados. Ela veio do setor de bioquímica e, ele, do mercado financeiro. Diante da necessidade de mães encontrarem produtos para ocasiões especiais para meninas e da falta de uma marca que abraçasse esse universo, a Pampili nasceu. “Começamos com 50 pares por dia em 1987, passamos para 40 mil em 1999 e nos tornamos realmente especialistas em meninas”, diz.
Questionada a respeito do diferencial da Pampili no mercado brasileiro, Maria afirma que a preocupação com o público final em várias esferas é fundamental. “A Pampili é uma marca que existe há 35 anos no Brasil. Acho que a marca carrega muito forte esse DNA feminino e traz o propósito de transformar o mundo num lugar melhor para essa menina, agregando autoestima e talento, muito além da roupa”, diz.
Como parte desse compromisso, a marca mantém desde 2004 o Instituto Terra do Rosa, que visa fornecer educação para filhos de colaboradores, e, na pandemia, colocou em prática um projeto com psicólogos de todo o Brasil para fazer um trabalho de educação emocional com pais e crianças.
Trazendo essa proximidade com o público final para a operação, na pandemia, a Pampili mudou toda a linha de calçados, focada no público que estava dentro de casa, a partir da identificação das novas necessidades das mães para as crianças. Além disso, implementou a iniciativa Pampili em casa, de olho nas entregas em domicílio. No último ano, a marca foi procurada pela banda de K-Pop Now United e, a partir da collab feita em setembro de 2021, o jogo virou de verdade em termos de vendas, tendo um dos melhores semestres nos últimos tempos, segundo a co-fundadora.
E-commerce e franquia
De olho em manter o otimismo para 2022, os planos da empresa incluem investir no relacionamento com lojistas (a marca tem 12 lojas no país) e criar uma rede de franquias. Para 2022, estão previstas oito, número que deve crescer nos próximos anos.
O movimento parte da diversificação de canais almejada pela empresa e pelo histórico de bom relacionamento com canais multimarca (responsáveis hoje por 80% do faturamento). A ideia, segundo Diego Colli, sócio-diretor da Pampili, é que 25% do portfólio das franquias seja exclusivo, com categorias às quais a multimarca não tem acesso, como vestuário. O investimento inicial para ter uma franquia é de R$ 450 mil, com prazo de retorno do investimento estimado em até 48 meses.
As novas lojas também serão integradas à plataforma digital da Pampili, a Pampili Go. Apesar de ter um e-commerce desde 2017, o projeto focado em integrar as vendas online com os pontos presenciais só foi colocado em prática pouco antes da pandemia. Deu certo. No auge do isolamento social, chegou a representar 30% das vendas e, hoje, esse patamar está próximo de 10%.
Além de tudo isso, a Pampili também quer se tornar mais forte em exportação. Hoje, 15% da receita da empresa vem dessa frente e, com o câmbio a R$ 5, pode se tornar uma iniciativa interessante de expansão.
“Já temos clientes consolidados na Europa e somos demandados por novos. Nosso foco, a partir de agora, é no Oriente Médio e na Ásia, regiões em que já estamos prospectando clientes”, diz Maria Coli.
Todos os pontos colocam a empresa posicionada para crescer, mas a principal alavanca paa os próximos anos está no custo da matéria-prima, situação agravada pela guerra na Ucrânia – já que a companhia usa muitos derivados de petróleo na produção. Administrar os preços e negociar ponto a ponto com fornecedores foram estratégias utilizadas pela empresa para não comprimir demais as margens, algo que deve continuar em 2022.
Sustentabilidade
Esse cenário coloca a Pampili em uma posição mais dedicada à sustentabilidade. Maria afirma que os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 5 e 12 são os principais adotados pela companhia de olho na perenidade da empresa. Discussões sobre como tornar a cadeia produtiva mais sustentável já estão acontecendo na Pampili – envolvendo até mesmo pontos como o second hand, que ainda está em fase inicial de discussões, segundo a executiva.
No curto prazo, as discussões também envolvem a produção atual mais sustentável. A Pampili foi busca parceiros especializados de tecnologia para estruturar a empresa e melhorar a produção, sempre de olho em proporcionar segurança e conforto aos clientes, automatizando a cadeia de produção. Hoje, a empresa produz 100% dos solados dos sapatos, o que demanda investimento, principalmente em meio ao cenário atual.
Tudo isso, sem perder de vista a originalidade. “Nós temos um centro de inovação e pesquisa que faz um trabalho muito importante com a menina e com a mãe. A marca se movimenta em relação ao seu comportamento, chamado meninalogia, para aprofundar nesse universo dessa menina com soluções criativas, originais, e a partir disso nós vamos construindo os nossos negócios”, diz.
Fonte: Exame