Parte da explicação para a carência de acesso a dados pode estar associada à percepção de preço
Por Redação
Tecnologia e inovação, mas só na foto. O uso de dados ainda não faz parte da realidade de 35% dos profissionais de farmácias, conforme indicou a última enquete do Panorama Farmacêutico.
Embora 48% dos leitores tenham manifestado que plataformas de big data e inteligência vêm sendo essenciais para atingir objetivos estratégicos e mapear a jornada de consumo, 19% afirmaram que sequer utilizam alguma ferramenta. Outros 16% ainda veem suas empresas em processo para aderir a soluções do gênero. Já 17% se sentem como o executivo da foto acima, com uma plenitude de dados à disposição, mas buscando interpretá-los de uma forma mais efetiva.
Uso de dados esbarra em cultura financeira, mas…
Parte da explicação para a carência de acesso a dados pode estar associada à percepção de preço. Na visão de Igor Melo, head da Onebeat no Brasil, é muito comum as empresas deixarem em segundo plano esses investimentos por supostamente sofrerem com o fluxo de caixa. “No entanto, elas não dimensionam que têm uma pequena fortuna presa no estoque. Estudos demonstram que a inteligência artificial permite a um PDV alcançar até 50% de redução dos produtos parados na loja, mas mantendo 98% da disponibilidade”, exemplifica.
Processo maduro entre redes, mas no varejo independente…
O investimento em tecnologia de dados vem sendo uma tônica entre redes do varejo farmacêutico, inclusive do associativismo. A Farmarcas, por exemplo, fará um aporte de R$ 15 milhões neste ano para aperfeiçoar seu ecossistema digital, com foco em soluções de trade marketing baseadas em inteligência artificial. A ferramenta já tem a adesão de 500 PDVs.
“O app permite que os fornecedores remunerem o varejo sem a necessidade de desperdiçar tempo com visitas à loja. Muitos laboratórios não chegam em todos os nossos pontos de venda devido à grande capilaridade”, lembra Marcelo Dantaz, diretor de inovação da Farmarcas.
Mas quando o assunto chega à mesa de decisão das farmácias independentes, as barreiras e o tabu imperam. Segundo pesquisa do Instituto AXXUS, startup vinculada à Unicamp, 99% dos 420 gestores entrevistados admitiram que seus sistemas operacionais nem parametrizam os descontos concedidos aos clientes. Além disso, 86% das farmácias independentes ainda registram manualmente os produtos esgotados.
“As regiões Norte e Nordeste foram as que apresentaram a situação mais crítica, inclusive por questão de endividamento”, acrescenta Rodnei Domingues, organizador do levantamento.
Nova enquete
Mas nem só o uso de tecnologias ainda é um gargalo no setor. O aquecimento da demanda nas farmácias e o advento do omnichannel contribuíram para escancarar uma carência de mão de obra especializada. Mas em que área do varejo essa dificuldade fica mais escancarada?
Fonte: Panorama Farmacêutico