É a décima aquisição do Pátria no setor de varejo, atacado e distribuição de alimentos, em pouco mais de um ano
Por Adriana Mattos
O Pátria Investimentos deu um novo passo no sentido de criar uma operação forte de comércio alimentar. A holding SMR, sob controle do Pátria Private Equity VI Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia, fechou em maio a compra da rede Supermercados Avenida, varejista de São Paulo com cerca de R$ 820 milhões em faturamento no ano passado, dizem fontes ouvidas.
A transação envolve as 21 lojas da cadeia e já foi encaminhada ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para análise. Considerando as transações do setor já enviadas ao órgão, esta é a décima aquisição do Pátria em varejo, atacado e distribuição de alimentos em pouco mais de um ano. São operações que somaram entre R$ 3,5 bilhões e R$ 3,9 bilhões em vendas brutas em 2021, segundo projeções de mercado, balancete das redes e dados do ranking geral da Abras, associação setorial.
Isso coloca o fundo entre a 17 e a 20 posição do ranking anual de supermercados, superando cadeias tradicionais como o Angeloni (SC) e a Atakarejo (BA), e ligeiramente abaixo da receita do Sonda Supermercados. Duas fontes estimam que o negócio tenha girado em torno de R$ 300 milhões.
Segundo fontes, há um plano em andamento para criar uma plataforma nacional de ativos no setor, gerida por executivos do mercado ligados ao fundo, parte deles oriundo do GPA (dono do Pão de Açúcar). E que pode, futuramente, ser alvo de fusões e aquisições e eventual abertura de capital, apurou o Valor. Procurados, rede Avenida e o Pátria não comentaram.
A Casa Avenida, controladora da varejista, está entre as 20 maiores cadeias de alimentos no Estado de São Paulo, com atuação em municípios como Assis, Ourinhos, Lins e Presidente Prudente, no oeste paulista. Como até então o fundo tinha apenas uma rede em São Paulo, a Boa Supermercados, de Jundiaí, com 13 lojas, a transação não deve levar o Cade a definir restrições, e faz o Pátria a avançar ainda mais sobre a região, dominada por cadeias consolidadas.
“Eles continuam avaliando negócios em diversos estados, mesmo fora do Sul e Sudeste, como no Nordeste. É um modelo teste para o setor. Não temos grandes fundos estruturados na área alimentar, e grupos que tentaram criar negócios comprando redes regionais pelo país não deram muito certo, como em farmácia e no varejo de eletrônicos”, diz um assessor financeiro que atua na área. “Como se trata de um fundo, com governança e acordo prévio entre os sócios, e uma gestão já experiente no mercado, pode ser que tenham achado um modelo que funcione. Vamos ver como se sairão.”
O Valor apurou que o Pátria trouxe para a área de private equity, no ano passado, Peter Estermann, ex-CEO do GPA (Grupo Pão de Açúcar), e também o executivo Walter Faria Jr (ex-Martins e ex-J.Macêdo). Faria começou focado na análise do setor de distribuição, e Silvio Pedra, ex-diretor da Cencosud, na área alimentar. Luiz Elisio Melo, ex-Hortifruti e ex-GPA, é “operating partner” desde 2020.
Além desse negócio, o Pátria ainda controla a rede Superpão, de Guarapuava (SC), com cerca de 30 lojas, o Supermercados Germânia, de São Bento do Sul (SC), com seis pontos, e a Tiscoski Distribuidora, em Forquilhinha (SC). As aquisições fechadas desde 2021 ainda incluem a Oniz Distribuidora e a CD Sul Logística, as duas no Sul, a JR Atacadista e Comércio de Produtos, do Maranhão, e a Santa Rosa Comércio Atacadista, ligada ao Boa Supermercados, de São Paulo.
Fonte: Valor Econômico