Pioneira no modelo dentro do ramo da beleza, a rede se reposiciona para atender não só lojistas, mas profissionais e o consumidor final. Projeção é crescer 30% em 2022
Por Karina Lignelli
A Ikesaki Cosméticos, uma das maiores redes especializadas em cosméticos e artigos profissionais para cuidados dos cabelos, rosto e corpo do mercado paulistano, lança nesta quarta-feira, 01/06, sua nova estratégia: o modelo atacarejo especializado em produtos de beleza.
Renomeada como EBC Grupo Ikesaki, a megaloja do braço atacadista da marca na Marginal Tietê já existia há 25 anos, atendendo 30 mil perfumarias e pequenos comércios de bairro em todo o Brasil, e sempre se posicionando como marca distinta da rede de varejo, focada em profissionais.
Agora repaginada, a unidade, que terá direito a festa de inauguração com presença de celebridades globais como embaixadoras das marcas, será a responsável por receber a inovação no modelo de negócio do grupo fundado pelo empresário Hirofumi Ikesaki, falecido este ano e homenageado na ocasião.
Com o novo posicionamento, a megaloja promete oferecer, além de preços 30%, 40% abaixo da média de mercado, lazer, experimentação e qualificação não só para lojistas, mas também para profissionais da beleza e consumidores finais, segundo a diretora de marketing Edilaine Godói.
“Esse é o primeiro passo para a renovação da marca”, afirma. Em 2024, a rede completa 60 anos de atividades.
As mudanças são diversas, e a principal é no mix, que de 9 mil SKUs de uma ampla variedade de cosméticos “normais”, ou seja, de marcas comumente encontradas em supermercados, farmácias ou perfumarias, agora sobe para 12 mil. “Ampliamos as linhas de coloração e tratamentos capilares de marcas profissionais (já vendidas nas lojas Ikesaki) para o lojista estender o seu mix”, explica.
Para fazer jus ao modelo atacarejo, a loja também mudou seu visual merchandising, das prateleiras tradicionais para o acondicionamento dos produtos em pallets.
A unidade também será a primeira do grupo a contar com sistema de self checkouts, com QR Codes que permitem acesso a tutoriais de uso de cada produto.
Mesmo com um forte braço de televendas, que responde por 25% das receitas, a nova loja também deve reforçar a digitalização da marca, que começou na pandemia com a abertura de um e-commerce B2B para ajudar os pequenos lojistas a comprarem no período de medidas restritivas, lembra a diretora.
“Até o fim de 2022, teremos um e-commerce só para o consumidor final (B2C).”
Outra novidade é o espaço store in store, onde a EBC trará parceiros da indústria para ampliar ainda mais o mix da loja por um período mínimo de seis meses, explica Edilaine. Um “estacionamento de marido”, ação bem-humorada anexa ao espaço, oferecerá serviços de barber shop para os visitantes.
Como a ideia é acompanhar as tendências e novidades do mercado de beleza, a primeira parceria será com uma marca de cosméticos veganos, a Yenzah. “Mas sempre faremos avaliações para entender a aceitação do público no sentido de dar continuidade à parceria por um período maior.”
Além de manter a grade de cursos gratuitos de beleza e gestão em parceria com o Sebrae para o lojista melhorar seu ponto de venda, a megaloja também terá um “coworking da beleza”, onde os profissionais do ramo podem fazer aplicações e demonstrações de produtos para consumidores finais.
Na expectativa de atrair dois públicos novos e diferentes propícios à compra, a EBC acredita que o novo modelo também oferecerá condições ainda melhores aos lojistas parceiros – como o Clube de Vantagens gratuito, com descontos nível Gold, Platinum e Black, frete grátis para quem compra pelo site e o acesso à congressos de beleza e à Beauty Fair, considerada a maior feira de negócios do setor do país.
“Ao fortalecer o DNA de inovação e compromisso com o mercado, esperamos atrair e fidelizar também profissionais de beleza e consumidores num ambiente de experiências em plena Marginal Tietê”, sinaliza Edilaine. Mesmo sem revelar faturamento, a EBC Grupo Ikesaki espera crescer 30% em 2022.
DE CONVENIÊNCIA PARA DESTINO
O modelo atacarejo, que ganhou força no varejo alimentar nos últimos anos e se consagrou na pandemia, vem fazendo escola em outros setores, como casa e decoração. E inspirou a rede nascida na Liberdade (Centro da capital paulista), que sai na frente de concorrentes de peso, como Soneda e Sumirê.
“Diferentemente da concorrência (voltada ao consumidor final), na EBC nosso grande diferencial sempre foi o pequeno lojista”, afirma Edilaine.
Mas, também ao contrário de outros varejistas, que adotaram o modelo para garantir receitas mínimas no período de medidas restritivas, a estratégia do Grupo Ikesaki aconteceu, além das tendências de mercado, pelas oportunidades surgidas no período, segundo Tom Fujiyama, gerente da unidade.
Sem poder ir ao cabeleireiro ou à manicure, os consumidores começaram a se cuidar em casa, lembra o executivo, que por 22 anos cuidou da área de varejo da rede de lojas do grupo, e levou sua experiência para desenvolver o modelo atacarejo de beleza, além de reforçar a nova marca EBC Ikesaki.
“Mesmo com o comércio fechado, ninguém foi prejudicado, pois não deixamos em nenhum momento de atender pequenos comércios em geral”, afirma. “E descobrimos que, se antes drogarias e perfumarias eram conveniência, os produtos de beleza vendidos nelas se tornaram (compras de) destino.”
Ainda que o modelo atacarejo seja ainda muito voltado ao custo-benefício, o investimento dessas redes de varejo em linhas premium de higiene e beleza cresceu nos últimos anos, assim como o tíquete médio desses itens, apresentados em embalagens maiores, segundo levantamento da consultoria Nielsen.
No caso da iniciativa inédita do Grupo Ikesaki com a EBC no setor, a tática de investir em um modelo inspirado no atacarejo alimentar parece ser um caminho “correto e inteligente”, segundo o especialista Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
Primeiro, pelo modelo de custos operacionais baixos. Segundo, pela percepção de preços menores. E finalmente, por combinar em uma loja de baixo custo operacional e vendas em grande volume B2B de atacado. “É uma equação importante do atacarejo, pois serve para dar escala e baixar os custos da loja, combinadas com vendas de varejo (consumidor) com margens melhores.”
HOMENAGEM
Falecido no último dia 1° de maio, o imigrante japonês Hirofumi Ikesaki passou a vender artigos de beleza em 1964 com a crise no setor de tinturarias, no qual atuava, até abrir a loja que deu origem ao grupo e funciona até hoje na rua Galvão Bueno, no bairro da Liberdade (Centro da capital paulista).
Dono da marca de secadores de cabelo Taiff e presidente de honra da Beauty Fair, o empresário também era conselheiro da Distrital Centro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), e chegou a investir R$ 200 mil do próprio bolso para revitalizar a Praça da Liberdade, em 2018. Também recebeu a medalha Anchieta na Câmara dos Vereadores paulistana por divulgar a cultura japonesa aos brasileiros.
Além da EBC, que irá homenageá-lo hoje no evento de inauguração, o Grupo Ikesaki tem oito lojas na Região Metropolitana de São Paulo, sendo duas na Liberdade, no Tucuruvi (Zona Norte), Santo Amaro (Zona Sul), São Miguel Paulista e Tatuapé (Zona Leste), Santo André (ABC), Osasco e uma em Campinas.
Fonte: Diário do Comércio