Objetivo é diminuir dependência de shopping centers e ampliar capilaridade das marcas Ri Happy e PB Kids. Empresa vai lançar também um buffet infantil
Por Paulo Gratão
Das cerca de 300 lojas existentes do Grupo Ri Happy, dono das marcas Ri Happy e PB Kids, 71 são franquias. Agora, o objetivo é equilibrar essa balança e acelerar a expansão nos próximos três anos, dobrando o número de unidades — as franquias terão participação fundamental nesse processo. A empresa também deve entrar em novos nichos neste ano. O primeiro é o de entretenimento, com um buffet de festas infantis. A primeira unidade da Divertudo deve abrir as portas em julho, em São Paulo, e a expansão ocorrerá também por franquias.
O Grupo Ri Happy, fundado em 1988, iniciou a expansão por franquias em 2009, mas o canal era um meio alternativo de crescimento até o ano passado, quando a empresa abriu 22 unidades franqueadas. O movimento coincidiu com a entrada, em 2020, do novo CEO, Ronaldo Pereira Junior, executivo com uma sólida experiência em empresas de franquias, como Óticas Carol, Marisol e CNA.
De acordo com o diretor de franquias do Grupo Ri Happy, Kleber Leal, o canal é uma alternativa para ajudar a marca a ampliar sua liderança no mercado de brinquedos e chegar a cidades menores, acima de 80 mil habitantes. Um terreno até então inexplorado pelas marcas do grupo, e dominado por pequenas varejistas locais.
Outra estratégia no radar é a expansão em lojas de rua. Hoje, cerca de 99% das operações do grupo estão em shopping centers, o que demanda um alto custo de ocupação em localizações já não tão vantajosas, em muitos casos. O foco agora é levar a Ri Happy a ocupar espaços em bairros mais próximos à casa do consumidor, atendendo ao novo cenário de trabalho híbrido. “O que antes planejávamos de forma global, hoje é regional, por bairro. O consumidor está consumindo muito perto da casa dele”, afirma Leal.
O executivo afirma que não encerrou nenhuma unidade Ri Happy ou PB Kids na pandemia, mas migrou algumas lojas de centros comerciais para pontos de rua próximos. “Entendemos que, em alguns casos, podemos tirar do shopping e levar para rua e continuar atendendo ao mesmo consumidor, mas de outro lugar.” O objetivo é se fazer mais presente no dia a dia do consumidor, atendendo a demandas de aniversários, por exemplo, além do Dia das Crianças e do Natal.
A estratégia das novas franquias passará por algumas etapas: a primeira via de crescimento será com os próprios franqueados da rede, de acordo com a localização pretendida; seguida por propostas de conversão de bandeira (transformar lojas de brinquedos de bairro em franquias); multifranqueados do mercado; e, por último, empreendedores sem experiência no ramo, interessados em ter uma franquia da marca.
O investimento inicial, bem como o retorno do valor, podem variar, principalmente em casos de conversão de loja, em que o empreendedor já tem estrutura e parte do estoque, mas fica entre R$ 600 mil e R$ 1 milhão. Já o payback vai de 12 a 15 meses, para conversão, ou 18 a 24 meses, para novas operações.
Sorriso (MT) é a cidade que acaba de receber a primeira franquia do ano. A projeção é abrir 40 unidades, no total, até o final de 2022, em cidades como Pato Branco (PR), Caldas Novas (GO) e Piracicaba (SP). Para 2023, são esperadas 60 inaugurações, 80 em 2024 e 100 em 2025. Além disso, cerca de 50 lojas próprias devem abrir as portas de agora até 2025, totalizando 350 novas operações, entre próprias e franquias.
A avaliação de pontos para abertura de Ri Happy ou PB Kids vai variar conforme a localização. A ideia é que a marca que dá nome ao grupo tenha um apelo mais democrático, indo para bairros e cidades entre 80 mil e 300 mil habitantes (o grupo mapeou 500 municípios com potencial para receber lojas). Já a PB Kids é considerada uma “loja boutique” e será reservada para espaços que demandem lojas conceito, por exemplo.
O grupo também ganhará novas vertentes de negócios ao longo de 2022. O primeiro será um buffet para festas infantis, que é uma aposta na retomada dos eventos presenciais. A Divertitudo deve abrir as portas em Moema, na zona sul de São Paulo, em julho.
A primeira operação será comandada por um grupo de franqueados com experiência no ramo, que investiram cerca de R$ 650 mil no projeto. A ideia é testar o modelo e, futuramente, também crescer com franquias. “Esse é um negócio que precisamos fazer uma boa imersão para aprender a pilotar bem, e aí vamos buscar escala.” O grupo ainda deve lançar novidades no setor de saúde neste ano.
Aposta em brinquedos nacionais e democratização
Ao longo da pandemia, as lojas do Grupo Ri Happy precisaram se reinventar para continuar atendendo a demanda de consumidores, mesmo com as portas fechadas. Canais como WhatsApp, delivery, dark stores e e-commerce ganharam importância nos resultados da rede. Hoje, ainda representam cerca de 10% do faturamento total das operações.
“O maior aprendizado que ficou é que o consumidor inseriu o digital na jornada de vez. Mesmo que ele vá à loja — e a maioria voltou a ir —, ele chega mais preparado e com as pesquisas já feitas”, diz Leal. Para receber o consumidor novamente, as reaberturas foram marcadas pela construção de espaços para brincadeiras dentro das lojas.
Outra visão que o período trouxe para o grupo, segundo o executivo, foi a oportunidade de ampliar o acesso das famílias a brinquedos no Brasil. “Vamos trabalhar mais o produto parcelado em 10 vezes, para deixar mais acessível. E vamos comunicar isso nas lojas também, de forma clara.”
A medida também é uma saída para ajudar a rede a driblar o aumento dos custos de matéria-prima e importação, que têm encarecido os produtos e feito com que percam espaço na cesta de compras. “Uma alternativa é a questão de buscar produtos nacionais. Assim conseguimos trazer um brinquedo mais de entrada. Também pensamos no parcelamento em dez vezes”, diz.
Fonte: PEGN