Abril foi um mês mais aquecido que o primeiro trimestre do ano, afirmou a empresa
Por Adriana Mattos e Felipe Laurence
O grupo Carrefour disse hoje, em teleconferência com analistas, que abril foi um mês mais aquecido que o primeiro trimestre do ano, e a empresa deve seguir “por alguns” meses com a política de buscar mais “massa” de consumo, disse nesta manhã o presidente Stéphane Maquaire.
Segundo ele, o Carrefour vai seguir equilibrando margens e vendas, mas o grupo criou um ecossistema de negócios (varejo, atacarejo, banco e digital) que permite “investir em preço”, ou seja, absorver parte das pressões inflacionárias e repassar ao preço, para ganhar margens em volume vendido.
Os dados do balanço mostram que enquanto houve queda de 0,9 ponto em margem bruta em varejo de janeiro a março (para 22,6%), no atacado foi verificada alta de 0,7 ponto, para 15,5%. No geral, ficou estável em 19,8%.
Segundo relatório do Citi, o desempenho ruim das operações de varejo e financeiro no primeiro trimestre mitigaram o bom primeiro trimestre do Atacadão dentro do balanço do Carrefour Brasil. O banco destaca que o Ebitda ajustado de R$ 1,24 bilhão veio 10% abaixo das estimativas por conta dessa dinâmica.
De acordo com o diretor financeiro, David Murciano, “investir em preços está trazendo volume”, afirma. “O impacto em margem acontece, mas volume é muito bom”, afirma.
O presidente ainda foi questionado por analistas sobre a operação de hipermercados, e ele afirmou que não tem uma “visão negativa” do modelo, e disse que a operação no país funciona com algumas características de negócio de proximidade em certas áreas geográficas mais populosas. Também citou o modelo, ao ser perguntado a respeito do ganho de participação de mercado nos formatos — afirmou que o grupo vem ganhando “share” no atacado, varejo, banco e digital (todas as áreas), mas sem dar números percentuais. “Não temos de quem estamos ganhando”, disse o CEO.
A direção reforçou que espera um 2022 “desafiador” pelo fato de ser um ano eleitoral, num cenário de inflação e perda de poder de renda, e maiores riscos de aumento de inadimplência, mas diz que a empresa está confiante no resultado do banco neste ano.
Sobre o braço financeiro, o grupo relatou no balanço que, impulsionados pelo aumento da carteira de provisões (maior propensão a financiar) e pelos maiores índices de inadimplência “observados em meio ao ambiente econômico desafiador do Brasil, a carga de risco atingiu R$ 539 milhões no primeiro trimestre, alta de 54,9% no ano contra ano”.
“Destacamos que as tendências mais recentes indicam menores pagamentos em atraso e melhoria dos índices de inadimplência (NPL) para o segundo semestre de 2022”, disse o grupo.
A receita líquida da empresa no país subiu 15,6%, para R$ 20 bilhões e o lucro líquido caiu 57%, para R$ 406 milhões.
Fonte: Valor Econômico