Empresa vai pisar no acelerador, abrindo três lojas este ano; há ainda outras duas no pipeline. Todas ficam no Rio, o único Estado onde a empresa está presente
Por Pedro Arbex
Em 2014, a Chatuba cometeu um erro clássico de timing de mercado: pouco antes do início da crise do governo Dilma, a rede de materiais de construção carioca decidiu acelerar sua expansão e — pela primeira vez na história — tomou uma dívida bancária.
A economia virou, o consumo secou, e a empresa entrou numa espiral negativa que teve repercussões quase irreversíveis para a companhia, que acaba de completar 60 anos.
“Sempre tínhamos crescido com capital próprio, mas quando chegamos a seis lojas decidimos comprar um terreno na Dutra e fazer um galpão de 15 mil metros quadrados que ia ser um centro de distribuição e uma loja,” Dalva Souza, a CEO e filha de um dos fundadores, disse ao Brazil Journal. “Pegamos a dívida para financiar isso, mas aí veio a crise da Dilma.”
Dalva assumiu o comando da empresa em 2015 no olho do furacão. Até então, os dois fundadores — os irmãos Seu Raul e Seu Joaquim — ainda comandavam o negócio.
Para corrigir o rumo, Dalva contratou uma consultoria — a Comatrix, de Marcel Sapir — que ajudou a equacionar as finanças, profissionalizar a gestão e adequar a empresa à nova realidade do setor.
“Nossa crise casou exatamente com o momento de maior transformação do varejo,” disse Dalva. “Com a empresa pegando fogo você não pensa em mais nada, só em apagar o fogo, e a estratégia de negócio ficou meio de lado. Então o varejo vinha se digitalizando, inovando, e ficamos meio defasados.”
Agora, quase seis anos depois, a Chatuba está deixando essa fase de reestruturação para trás — e dando início a um ciclo de expansão que deve aumentar a receita em 70% nos próximos dois anos em relação a 2021.
A Chatuba voltou a dar lucro em 2019 e retomou a expansão no início do ano passado, quando abriu sua sétima loja – na Barra da Tijuca – uma unidade modelo com uma pegada mais digital e melhor gestão das categorias.
Agora, a empresa vai pisar no acelerador, abrindo três lojas este ano; há ainda outras duas no pipeline. Todas ficam no Rio, o único Estado onde a empresa está presente.
O formato é o de ‘megastores’: as lojas têm de 3.000 a 4.000 metros quadrados e mais de 14 mil SKUs.
Duas das três lojas que a Chatuba vai abrir este ano — em São Gonçalo e na Tijuca — vieram de um leilão judicial da Casa Show, a rede de home improvement que hoje é parte da BR Home Centers, em recuperação judicial. A outra loja vai ficar em Duque de Caxias.
A empresa também tem planos de lançar um novo formato de lojas menores — com cerca de 1.000 metros quadrados — que vai permitir entrar em outras regiões do Rio. Uma expansão para outros estados também está no radar para o médio/longo prazo.
A Chatuba faturou R$ 400 milhões no ano passado e espera faturar R$ 500 milhões este ano.
Em 2023, quando a empresa já estará rodando com dez lojas, a receita já deve saltar para R$ 700 milhões, uma alta de 70% em relação ao faturamento do ano passado.
A Chatuba abriu sua primeira loja em Nilópolis, na Baixada Fluminense, nos idos de 1962. A empresa sempre cresceu com foco nas classes C e D e uma proposta muito forte de preço.
Marcel — que assumiu como diretor-executivo da Chatuba há dois anos e é conselheiro do Grupo Soma e da Profarma — disse que um dos grandes desafios da reestruturação foi “sofisticar sem perder a essência da empresa.”
“A Chatuba tinha o essencial e fazia bem o seu business, mas sofreu as dores de crescimento de uma empresa que sempre foi familiar.”
Fonte: Brazil Journal