Ri Happy, controlada pelo Carlyle Group, passa por um processo de transformação, com o objetivo de reduzir a dependência da venda de brinquedos
Por Cibelle Bouças
A varejista de brinquedos Ri Happy, controlada pelo Carlyle Group, passa por um processo de transformação, com o objetivo de reduzir a dependência da venda de brinquedos. A companhia assinou 12 acordos de confidencialidade (NDA, na sigla em inglês) para analisar fusões e aquisições de negócios de pequeno e médio portes nas áreas de entretenimento, saúde e educação, com foco no público infantil e adolescente.
“A expectativa é fechar dois ou três acordos até o fim do ano”, afirmou o presidente da Ri Happy, Ronaldo Pereira.
A primeira diversificação vai ser feita na área de entretenimento, com a abertura da casa de festas Divertudo, o Bufett Infantil da Ri Happy. “A ideia é abrir 100 unidades em três anos. Já temos contratos para abrir 17”, afirmou Pereira. O investimento inicial na Divertudo é de R$ 300 mil. A primeira unidade será inaugurada na Mooca, zona leste de São Paulo. As unidades serão abertas por franqueados da própria Ri Happy e da Óticas Carol, empresa que Pereira comandou por 11 anos.
O executivo leva em consideração as perspectivas de recuperação do setor de eventos no país neste ano, após dois anos difíceis em função da pandemia. Segundo a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), por causa das restrições sanitárias, mais 530 mil eventos deixaram de ser realizados em 2021, entre shows, festas, congressos e outros. O setor deixou de faturar pelo menos R$ 140 bilhões. Neste ano, espera-se que 100% dos eventos sejam realizados. Por ano, o setor realiza 590 mil eventos, que geram cerca de R$ 270 bilhões.
A Ri Happy avalia também abrir lojas de rua. Hoje, 98% da rede está em shoppings, o que prejudicou o desempenho na pandemia. As lojas já existentes serão reformadas, para oferecer mais espaço para as crianças brincarem na unidade.
Pereira disse que a companhia tem caixa para bancar as reformas e arcar com parte das despesas com aquisições. “O próprio Carlyle tem disposição para nos suportar nessa fase. Já para acelerar os novos negócios vamos precisar de novos recursos, o que poderia ser feito com a entrada de outro fundo de private equity. IPO é uma possibilidade distante neste momento”, acrescentou. A companhia avaliou fazer uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) no passado, mas desistiu em 2018, por causa das condições de mercado desfavoráveis.
Hoje 80% da receita da Ri Happy vem da venda de brinquedos. Outros 15% tem como origem produtos para bebês e 5%, outros itens, como artigos esportivos. A empresa ainda não publicou o balanço de 2021. Em 2020, teve receita de R$ 1,32 bilhão e prejuízo de R$ 75,6 milhões, com queda nas vendas em decorrência da pandemia. Pereira afirmou apenas que espera faturar R$ 2,2 bilhões este ano. “Fechamos os últimos seis meses com duplo dígito de crescimento em relação a 2019 e crescimentos expressivos se comparados a 2021.”
Na área de saúde, a Ri Happy avalia aquisições de negócios com foco em crianças, como redes de vacinação, que cresceram na pandemia. Em educação, Pereira vê espaço para cursos de programação, de idiomas, de educação financeira, entre outros. “Seria ótimo comprar uma plataforma com sistema de ensino já pronto e escalar. Essa é uma das opções avaliadas nos NDAs assinados”, disse.
Segundo Rodrigo Abreu, diretor de marketing e comunicação da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o momento é favorável para abertura de franquias. “O ano começou bem, há demanda reprimida em muitas áreas, como em educação e eventos”, afirmou. “O setor de franquias pode crescer até mais de 10% neste ano.”
Os planos da Ri Happy incluem ainda expandir a rede de lojas de brinquedos com franquias. A ideia é entrar em cidades com menos de 300 mil habitantes e abrir unidades menores, de 300 m2, metade de uma loja tradicional. O investimento inicial é de R$ 1 milhão. A Ri Happy possui 296 lojas, das quais 70 são franquias. A meta é chegar a 300 unidades próprias e 300 franquias até o fim de 2025. Em 2021, foram abertas 24 franquias. Para 2022, o objetivo é inaugurar 50.
Fonte: Valor Econômico