Resultados de fevereiro e março já superam período pré-pandemia, diz o presidente da varejista de moda, Marcelo Pimentel
Por Raquel Brandão
Confiante para 2022, a varejista de moda Lojas Marisa vai retomar os planos de investimentos neste ano, disse o presidente do grupo, Marcelo Pimentel, que participou de uma teleconferência para comentar os resultados de 2021. Ele não divulgou os valores a serem aplicados neste ano.
Os investimentos devem ser principalmente para reformular as lojas da companhia. Recentemente, o grupo lançou cinco lojas de um novo modelo, mais moderno e conectado às operações digitais, que, de acordo com a direção da empresa, têm tido resultado cerca de 10% acima do universo de todas as lojas.
Nas lojas físicas, o executivo afirmou que o foco da companhia, que hoje tem mais presença em lojas de rua, é de inaugurar mais unidades em shoppings, onde os concorrentes têm mais participação.
“Já estamos com algumas conversas”, disse Pimentel, acrescentando, porém, que as lojas de rua têm começado a registrar melhor fluxo de clientes depois de terem as operações muito pressionadas pelo isolamento da pandemia e a adoção do modelo de trabalho remoto em grandes centros urbanos.
Os recursos também devem ser destinados para fortalecer a digitalização das atividades do braço financeiro Mbank e para os canais on-line da varejista, incluindo o marketplace lançado no fim de 2021.
Nos planos da companhia também está a expansão das “dark stores”, um modelo de loja exclusivamente dedicado a atender os pedidos do site e aplicativo. Hoje a empresa já opera nesse formato em São Paulo e está inaugurando uma unidade em Belo Horizonte. O objetivo é abrir em Salvador e no Rio de Janeiro.
Ainda assim, Pimentel destaca que grande parte dos investimentos está prevista para acontecer no segundo semestre, como uma forma de proteger o caixa da empresa nesse cenário de juros em alta. Caso o juro básico siga subindo, a companhia tem tempo para suspender alguns dos projetos.
A empresa havia adiado planos por causa da pandemia, que exerceu forte impacto sobre as vendas. A rede começou a ver sinais de melhora ao longo de 2021, o que ficou mais evidente ao fim do ano.
“A evolução da margem bruta pode parecer lenta, mas é bastante consistente”, disse o diretor financeiro da Marisa, Adalberto Santos. A margem bruta no quarto trimestre do ano passado terminou em 47,3%, ainda abaixo da margem de 48,8% do mesmo período de 2019. Ainda assim, no último mês do ano, em dezembro, esse indicador chegou a 51,6%, 0,6 ponto percentual melhor do que dezembro de 2019.
A companhia atribui a melhoria de margem à gestão de estoques e o giro das coleções. A direção da empresa diz que identificou o perfil de sua cliente, uma mulher das classes B e C, e tem feito suas escolhas de olho nesse guarda-roupa. A empresa adotou ferramentas de métricas para monitorar quais categorias têm se saído melhor e expandido esse sortimento enquanto reduz o que vende menos.
A Marisa terminou dezembro com 20,5 milhões de peças em estoque, abaixo dos 27,3 milhões de peças de 2019, ano pré-pandemia. Esse cenário, diz a empresa, permitiu reduzir o índice de descontos.
Os últimos meses têm sido de recuperação mais forte das vendas depois de um início de ano lento por causa do aumento de casos de covid-19 pela variante ômicron.
“Janeiro foi, sim, mais lento, por causa da ômicron. Nosso nível de absenteísmo foi de 15%. Mas, à medida que as pessoas vieram voltando, vimos mais qualidade da compra e tíquete médio melhorando”, disse Marcelo Pimentel.
De acordo com ele, em fevereiro o resultado foi melhor do que em 2019 e com recuperação de margem e o mês de março segue no mesmo ritmo. Alguns dos destaques são as lojas de rua, que voltaram a ver maior fluxo de clientes, e os segmentos masculino e infantil, que tiveram duplo dígito de crescimento.
Além disso, as vendas digitais seguem crescentes. Ao fim de 2021, elas evoluíram 82% ante 2019 e passaram responder por 9,6% das vendas totais. Grande parte dessas vendas on-line, 62,3%, são geradas no aplicativo, que em fevereiro somou quase 15 milhões de downloads.
“Estamos otimistas de que nossa proposta de valor de qualidade e preço responde muito ao momento e necessidade da cliente”, disse Pimentel.
Fonte: Valor Econômico