O plano é adquirir participações minoritárias em pelo menos uma dezena de empresas, segundo Fabio Faccio, diretor-presidente da rede
Por João Luiz Rosa
A Lojas Renner anunciou, hoje, o lançamento de um fundo de corporate venture capital de R$ 155 milhões para investir em startups de tecnologia voltadas ao varejo de moda e estilo de vida. Batizado de RX Ventures, o fundo prevê um horizonte de quatro anos para os aportes e mais quatro para desinvestimento. O plano é adquirir participações minoritárias em pelo menos uma dezena de empresas.
Com o fundo, a companhia quer acelerar sua jornada de digitalização e se aproximar do circuito de inovação das startups, diz Fabio Faccio, diretor-presidente da Lojas Renner. “Temos trabalhado nisso desde o ano passado. Fizemos o benchmark com outros fundos corporativos e, mais recentemente, submetemos a recomendação ao conselho de administração, que a aprovou.”
Cinco áreas de atividade estão no alvo dos investimentos: tecnologia para varejo de moda, “martech” (sistemas para conteúdo, marketing e criação de marca), comércio eletrônico e marketplace (shopping virtual), “logtech” (aplicações para cadeia de suprimento e logística) e fintech.
“Nossa crença na Renner é que há muita coisa importante a fazer e não podemos fazer tudo sozinhos”, diz Guilherme Reichmann, diretor de estratégia e novos negócios do grupo varejista. “Existe uma oportunidade para investir em soluções de ruptura, oferecidas por companhias que estão em estágios iniciais. O fundo é a ferramenta para chegar a esse objetivo.”
Em julho do ano passado, a Lojas Renner fez sua primeira aquisição. Comprou 100% da Repassa, plataforma de revenda de itens de moda. Agora, com a RX Ventures, a estratégia é diferente, explica Faccio. As startups selecionadas continuarão sob o controle dos sócios originais, mas com apoio financeiro e de gestão proporcionado pelo fundo. “É investimento de risco”, afirma.
Os aportes vão se dirigir a startups que se encontram tanto na fase de capital semente, com produtos em teste, como na chamada “série A”, de negócios um pouco mais maduros. “Em média, as participações variarão de 10% a 15% do capital, com investimentos entre R$ 5 milhões e R$ 15 milhões por cheque”, diz Reichmann.
Todos os recursos do RX Ventures vêm da Lojas Renner, que cotista único do fundo. A administração será feita pela gestora PortCapital, que foi escolhida como parceira. “Vamos fazer a quatro mãos”, diz Reichmann. A PortCapital cuidará da operação, sob a liderança de Sandro Valeri, que criou o primeiro corporate venture capital do Brasil há cerca de dez anos, afirma. “Nós vamos entrar com um time que conhece varejo e sabe quais são as tendências e as dores do negócio.”
As estratégias de desinvestimento dependerão do desdobramento dos negócios e da situação do mercado na época de fazer a saída, diz Faccio. Aquisições não estão descartadas, assim como a venda para terceiros ou o ingresso das companhias em bolsa, com uma oferta pública inicial de ações.
O varejo passa por uma série de modificações que precisam ser acompanhadas de perto, ressalta o diretor-presidente da Lojas Renner. Ele cita o caso do ‘live commerce’ [venda de produtos ao vivo e on-line]. “Fomos os primeiros a fazer. No começo, era um evento a cada três meses. Depois, passou a ser mensal. Agora, é toda semana”, diz. “A inovação é contínua.”
Fonte: Valor Econômico