As farmácias e drogarias destacaram-se positivamente na quarta edição da Pesquisa de Perdas no Varejo Brasileiro, realizada pela Abrappe em parceria com a consultoria EY. Na comparação entre 2020 e o ano passado, as perdas do setor, decorrentes de furtos, roubos, desvios, avarias e má gestão do estoque, caíram de 1,28% para 1,08% sobre o faturamento total. O índice está abaixo da média geral de 1,33% e corresponde a um desperdício de R$ 1,11 bilhão.
O estudo contemplou mais de 74 mil pontos de venda administrados por 79 grupos de 12 segmentos varejistas. Na análise qualitativa dos indicadores, o canal farma foi a segunda atividade mais bem ranqueada, com 91,61% de acurácia na administração do inventário. O desempenho foi inferior apenas ao do setor de eletromóveis.
Para os especialistas responsáveis pelo estudo, a pandemia serviu como um gatilho para o varejo farmacêutico acelerar a modernização de seus processos e atender ao crescente nível de exigência de seus consumidores. “A demanda por produtos relacionados à Covid-19 e por categorias como a de vitaminas, aliada ao advento das vendas digitais, exigiu mais dinamismo das farmácias e um maior apuro no controle do mix”, avalia Carlos Eduardo Santos, presidente da Abrappe.
Distribuição das perdas
Um dos quesitos no qual o setor mais sobressaiu foi a ruptura. A ausência de produto por má gestão comercial foi de apenas 4,05% – os supermercados, por exemplo, apresentaram índice de 10,05%.
As chamadas quebras operacionais representaram 62,95% das perdas em farmácias, contra apenas 23,38% de furtos. Na média geral do varejo, os furtos somam 39,66%. “O menor fluxo de clientes na loja física durante o período pandêmico, assim como a redução do tempo de permanência no PDV, contribuiu para essa evolução”, acredita.
Ao mesmo tempo, a necessidade de investir em ferramentas de comércio eletrônico estimulou o varejo farma a apostar em novas tecnologias como o RFID, para controle de vencimento dos produtos. Mas esse item é ainda o maior vilão do segmento, ao responder por 82,13% das perdas.
“Mesmo em um ano com tantos desafios operacionais o varejo cresceu em faturamento. Entretanto, sem um trabalho com análise dos resultados e agilidade nas ações de prevenção não teríamos conseguido resultados positivos”, acredita.