Grupo Trigo, dono do Spoleto e China in Box, destaca o crescimento do delivery, que agora representa 25% do faturamento total
Por Lucianne Carneiro
Diretor-executivo do grupo Trigo – que reúne marcas como Spoleto, Gurumê, Koni Store, LeBonton e agora China in Box e Gendai -, Antonio Moreira Leite tem um olhar positivo para o momento do setor de restaurantes, apesar das diferentes realidades com que lida dentro do próprio grupo.
Maior rede entre as marcas, com mais de 300 estabelecimentos em todo o país, o Spoleto recuperou o faturamento nominal do pré-pandemia, mas não o real e nem o número de clientes. Pesam sobre o resultado principalmente as unidades localizadas em áreas comerciais, que viram despencar o movimento com a adoção do “home office” em muitas empresas e ainda não se recuperaram totalmente, apesar dos números melhores mês a mês, e também a correlação com o mercado de trabalho e o nível de renda, ainda muito aquém do que era antes de março de 2020.
Já o Gurumê, rede de restaurantes japoneses na cidade do Rio, viu um aumento tão grande da demanda pelo delivery logo no início da pandemia que abriu até mesmo as chamadas “dark kitchens”, que funcionam exclusivamente para entrega. Já em setembro de 2020 tinha ultrapassado os ganhos do pré-pandemia.
“A parte mais triste da nossa história como sociedade já passou. Saímos com cicatrizes como sociedade, mas mais fortes como empresa”, diz ele, ao falar sobre a situação do grupo após quase dois anos da pandemia. Na comparação de vendas pelo conceito de “mesmas lojas”, há um aumento de 45%, influenciado principalmente pelo delivery.
A parcela desse canal de vendas no total do faturamento, que era de 1% no pré-pandemia, se encontra em 42% no caso do Gurumê e em cerca de 25% para todo o grupo. É a aposta no delivery que inclusive motivou a aquisição recente da TrendFoods – holding dona da China in Box e do Gendai -, já que é o principal canal de vendas da China in Box.
“Estamos extremamente confiantes nessa realidade do cliente voltando cada vez mais para os salões e também preparados também para o novo momento do setor. Essa nova companhia consolidada se posiciona com 51% de suas vendas pelos canais digitais”, diz.
Diante de uma avaliação de que a nova variante de covid-19 não trará impacto para a restrição das atividades como o visto em outros momentos da pandemia, Leite afirma que o principal ponto de atenção para o setor agora é a inflação de alimentos, tanto pelo impacto em custos – que já reduziu a margem de lucro – quando no poder aquisitivo do público consumidor. “Isso é muito relevante porque nosso negócio é de margens justas”, conta.
Fonte: Valor Econômico