A região onde não atuou nas últimas três décadas deverá receber a maior parte das 56 lojas que a empresa pretende abrir, com investimento de R$ 250 milhões
Por Marina Falcão
A varejista Pernambucanas vai acelerar a sua expansão no Nordeste no próximo ano. A região, na qual a empresa não atuou nas últimas três décadas, deverá receber a maior parte das 56 lojas que a empresa pretende abrir, com investimento de cerca de R$ 250 milhões.
Apesar da manutenção dos planos de investimentos, Sérgio Borriello, presidente da empresa, diz acreditar que 2022 será de muita volatilidade das vendas. “A questão sanitária está melhorando com a vacinação, mas temos eleições e um cenário econômico obscuro. Estamos otimistas, mas com os pés no chão”, disse o executivo.
A empresa deve encerrar o ano com 468 lojas no país, das quais 56 também abertas este ano. Borriello diz que o crescimento da varejista via lojas físicas será sustentado só com recursos próprios, parte deles levantados a partir da venda de imóveis do grupo. Ao se desfazer de alguns ativos, a empresa levantou R$ 400 milhões em 2020.
A volta ao Nordeste, onde a empresa tem suas origens, ocorreu oficialmente em novembro, quando abriu duas lojas no Recife e uma em Aracaju. Pernambuco e Sergipe devem receber várias unidades da varejista no próximo ano, assim como o Estado da Bahia.
O retorno faz parte de um plano mais amplo de reestruturação da área de varejo do grupo, que por muito tempo teve sua operação de crédito – concentrada na financeira Pefisa – como negócio mais lucrativo.
Segundo executivo, com o crescimento do número de lojas, o varejo ganhou escala e o resultado do grupo está mais equilibrado entre venda de mercadores e transações financeiras. No longo prazo, Borriello estima que o Brasil pode acomodar cerca de 1,1 mil lojas da rede. “Ainda temos um longo caminho pela frente”, diz.
Dependendo do desempenho em dezembro, a Pernambucanas deve encerrar o ano com “leve crescimento ou leve queda nas vendas”. O grupo teve receita de R$ 3,7 bilhões no ano passado, uma queda de 9,75% em relação a 2019. O lucro caiu 60%, para R$ 108 milhões, na mesma comparação.
O executivo diz que no segmento de moda o futuro será de integração das vendas on-line com físicas. No digital, a empresa passou a enfrentar acirrada concorrência com varejistas asiáticas, que ganharam espaço relevante no mercado de moda no Brasil durante a pandemia, com uma política de preços e frete agressiva. Borriello defende um marco legal para o setor, que resolva lacunas da tributação, mas entende que, independentemente disso, crescerá a conscientização sobre a origem dos produtos por parte do consumidor. “Já há uma discussão bastante intensa sobre isso”. Além disso, afirma, as asiáticas enfrentam desafios na modelagem e logística de troca dos produtos.
Com uma carteira de crédito de R$ 3 bilhões, o grupo está reestruturando a área financeira, com objetivo de tornar a Pefisa mais independente. Este ano, a empresa passou a ter oito agências próprias de crédito, oferecendo produtos como consignado e cartões para parceiros. Até então, a financeira era 100% vinculada ao varejo da lojas Pernambucanas. “O que está acontecendo é uma vertente de crescimento muito grande”, diz o executivo. Ele salienta, no entanto, que não se trata de “uma bifurcação”, a operação de crédito deve permanecer integrada à área de varejo.
As agências bancárias, segundo Borriello, são cruciais para atender a demanda da classe C, nicho em que atua a Pernambucanas. “Sabemos que o físico é fundamental para a bancarização neste segmento”, diz. Segundo o executivo, nas agências o consumidor consegue emitir o cartão de crédito em sete minutos, enquanto uma solicitação digital pode demorar sete dias úteis. “Muita gente ainda precisa de suporte para baixar o aplicativo, um atendimento mais assistencial. O cliente não faz tudo sozinho”, afirma.
Fonte: Valor Econômico