Companhia deve encerrar o ano com um faturamento de R$ 800 milhões, um salto de 45% em relação a 2020
Por Luiz Henrique Mendes
A Petlove ainda não fez IPO, mas acaba de atrair algumas centenas de pessoas à sua base de investidores. Maior e-commerce de produtos para cães e gatos do país, a investida de casas como Tarpon, Softbank e Riverwood está distribuindo R$ 5 mil em ações da companhia para cada um dos 1.160 funcionários, um benefício de R$ 5,8 milhões.
A iniciativa, inédita na indústria, quer levar do discurso à prática a boa e velha cultura de dono. “Depois de uma reflexão, chegamos à conclusão de que estamos pedindo para todo mundo se comportar como dono, mas nem todo mundo se sentia sócio. Agora, estamos mostrando que todo mundo que está aqui tem condições de ser sócio da Petlove”, diz Talita Lacerda, CEO da Petlove&Co.
Até então, apenas alguns funcionários elegíveis ao programa de remuneração atrelado ao desempenho recebiam em ações da Petlove. Agora, todos são acionistas. “Quando se considera o salário médio, os R$ 5 mil em ações é interessante, e esperamos que o preço da ação se multiplique consideravelmente nos próximos anos”.
Os funcionários receberam as ações da Petlove no mesmo “valuation” do aporte de agosto, quando a startup levantou R$ 750 milhões em uma rodada liderada pela Riverwood, uma transação que avaliou a companhia em R$ 3,5 bilhões. Porto Seguro, L Catterton e Monashees também são investidores da Petlove. A venda das ações pelos funcionários só pode ser exercida em um evento de liquidez – prioritariamente, o IPO, algo que ainda deve levar alguns anos.
A CEO da Petlove começou a avisar os funcionários sobre a novidade anteontem, começando pelos colaboradores de São Paulo e do centro de distribuição de Extrema, em Minas Gerais. Ontem foi a vez dos trabalhadores em Recife, onde a empresa também tem um centro de distribuição.
Com o caixa capitalizado, a Petlove monitora algumas oportunidades de aquisições, mas os investimentos com os recursos da última rodada até agora estão concentrados em logística, ampliando a rede de parceiros que fazem as entregas no “last mile”, e tecnologia – a companhia dobrou o número de funcionários da área.
Com 80% da receita oriunda do serviço de assinatura de ração que tornou a empresa conhecida nacionalmente, a Petlove deve encerrar o ano com um faturamento de R$ 800 milhões, um salto de 45% em relação aos R$ 550 milhões do ano passado. Em termos comparativos, a líder Petz fatura pouco mais de R$ 2,2 bilhões e vale R$ 8,2 bilhões em bolsa.
A Petlove espera manter o forte ritmo de crescimento em 2022, a despeito da paradeira econômica que atinge o Brasil. Até agora, a crise praticamente não teve impacto na companhia – o setor de pet vem se mostrando muito resiliente.
Segundo a CEO da Petlove, as vendas de rações mais baratas vêm crescendo mais rápido que as de produtos premium, mas ainda não foi possível um “trade down” evidente.
“O principal driver de crescimento é o aumento do número de clientes, com mais recorrência nas compras”, disse ela. Uma das principais apostas é o lançamento do superapp, que vai incluir os diversos serviços do ecossistema que a companhia vem montando com as aquisições dos últimos tempos – além da venda de ração, o app vai incluir passeio e hospedagem para pets e a plano de saúde.
Fonte: Valor Econômico