Atualmente, a empresa está avaliando 23 oportunidades de compra, sendo 7 em fase de negociação avançada e uma já com memorando de entendimento firmado
Por Felipe Laurence
Apesar da piora no cenário macroeconômico, causando alta nos juros, a Sequoia, empresa que atua no segmento de logística, trabalha com uma estimativa interna de crescimento do comércio eletrônico de 14% ao ano no Brasil. O número vem abaixo de projeções de banco e casas de análise, destacou o diretor-presidente, Armando Marchesan.
Em evento para investidores, o executivo apontou que, mesmo com essa perspectiva de crescimento menor, ela ainda está acima das projeções que a Sequoia tinha para a expansão dos negócios da empresa no momento da sua oferta de ações, em outubro de 2020.
“No segmento de serviços para consumidores (B2C) devemos ter um crescimento próximo do mercado, respondendo por 59% das nossas receitas brutas, o que deve causar um aumento na participação de mercado”, comentou.
Em serviços para empresas (B2B) e logística, o crescimento deve ser de 7% a 8% ao ano, estima Marchesan.
A Sequoia apontou que a empresa trabalha com uma estimativa de elevar a margem Ebitda para 13,5% a 14% nos próximos três a cinco anos, com alavancagem líquida de 1,1 vez a dívida líquida sobre o Ebitda.
Marchesan comentou que a companhia tem margem para elevar a alavancagem até 2,5 vezes, caso surja alguma oportunidade de aquisição transformacional, mas que o foco da Sequoia é se manter leve em ativos e com retorno sobre o capital investido acima da taxa do mercado.
Atualmente, a Sequoia está avaliando 23 oportunidades de aquisição, sendo que sete estão em fase de negociação avançada e uma já tem memorando de entendimento firmado. O executivo diz que esse tipo de transação é importante para contornar o cenário macro desafiador. “O ambiente complexo traz melhores oportunidades de consolidação.”
Black Friday
A Sequoia disse que registrou receita de R$ 43 milhões durante a Black Friday deste ano, uma alta de 57% na comparação com a mesma data de 2020. Foram 1,8 milhão de pedidos, melhora de 81%, com um volume bruto transacionado (GMV) de R$ 700 milhões.
Bruno Henrique, diretor operacional da companhia, destacou que o crescimento de pedidos que a Sequoia viu na data superou em 40 vezes o do mercado como um todo. “Conseguimos ganhar participação no mercado, foi uma Black Friday muito forte.”
Uma mudança no perfil de consumo na Black Friday foi a redução no tíquete médio. Fernando Stucchi, diretor financeiro da Sequoia, apontou que 70% dos pacotes entregues na data tinham menos de três quilos. Apesar dessa queda, o volume deve compensar impactos no balanço do quarto trimestre.
O executivo destacou que a Sequoia conseguiu manter margens, após impacto da inflação no segundo trimestre, com as iniciativas de diluição de custos fixos que a empresa vem fazendo nos últimos meses.
“Vimos sinergias das integrações de aquisições recentes, a saída de clientes com margens mais baixas e ganhos de eficiência com automação.”
Novos conselheiros
A Sequoia anunciou as entradas de Américo Pereira Filho e Sérgio Saraiva em seu conselho de administração. Os dois vão substituir Piero Minardi e Frances Fukuda, representantes do fundo Warburg Pincus, que recentemente reduziu sua participação na empresa para 3,57% do capital social total.
Américo Pereira Filho é ex-diretor-presidente da Rapidão Cometa, adquirida pela FedEx em 2012. Ele se tornou o principal executivo da empresa americana na América Latina. Sérgio Saraiva é ex-diretor-presidente da Rappi Brasil e teve passagens por Ambev e Cielo.
Fonte: Valor Econômico