Mediana apurada junto a 27 consultorias e instituições financeiras era de alta de 0,7% na comparação mensal
Por Lucianne Carneiro
Após ter recuado 4,1% em agosto e 1,1% em setembro, o volume de vendas no varejo restrito se manteve no terreno negativo e caiu 0,1% em outubro, frente a setembro, na série com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Na comparação com outubro de 2020, o varejo restrito cedeu 7,1%. O comércio restrito acumula alta de 2,6% no resultado acumulado em 12 meses até outubro e também de 2,6% no período de janeiro a outubro de 2021.
O resultado de -0,1% em outubro ante setembro do varejo restrito veio menor que a mediana estimada pelo Valor Data, apurada junto a 27 consultorias e instituições financeiras, que era de alta de 0,7%. O intervalo das projeções para o varejo restrito ficava entre queda de 0,5% a alta de 2%. Já o recuo de 7,1% ante outubro de 2020 foi maior que o esperado. A expectativa mediana era de variação de 5,9%.
A receita nominal do varejo restrito teve alta de 0,7% em outubro, frente a setembro. Na comparação com outubro de 2020, houve alta de 6,2%.
No varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças, e material de construção, o volume de vendas caiu 0,9% na passagem entre setembro e outubro, já descontados os efeitos sazonais. Os analistas de 27 bancos e consultorias esperavam queda de 0,1%, segundo a mediana. As estimativas iam de queda de 0,5% a alta de 0,9%.
Na comparação com outubro de 2020, o volume de vendas do varejo ampliado caiu 7,1%. A expectativa, pelo Valor Data, era de recuo de 6,1%, segundo as projeções.
Já a receita nominal do varejo ampliado avançou 0,1% em outubro, frente a setembro, na série com ajuste sazonal. Na comparação com outubro de 2020, houve alta de 7,1%.
Cinco das oito atividades têm queda
As vendas do comércio recuaram em cinco das oito atividades pesquisadas no varejo restrito, que não inclui automóveis e material de construção, em outubro, frente a setembro. Os dados mostram ainda que, na comparação com outubro de 2020, todas as oito atividades tiveram queda.
Na passagem entre setembro e outubro, entre os oito setores investigados para o comércio varejista e os dez do comércio varejista ampliado, houve predominância de taxas negativas, atingindo sete atividades: livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%), móveis e eletrodomésticos (-0,5%), combustíveis e lubrificantes (-0,3%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,1%).
As outras duas quedas foram no varejo ampliado: a atividade de veículos, motos, partes e peças registrou queda de 0,5% entre setembro e outubro, enquanto material de construção caiu 0,9%, respectivamente.
Por outro lado, três atividades apresentaram crescimento: tecidos, vestuário e calçados (0,6%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (5,6%).
Na comparação com outubro de 2020, todas as oito atividades pesquisadas caíram. O setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com recuo de 5,6% frente a outubro de 2020, registrou a nona taxa negativa consecutiva nessa comparação.
Das 27 unidades da federação, 22 apresentaram alta no volume de vendas em outubro, frente a setembro (quando a média nacional foi de variação de 0,1%), com destaque para Acre (3,0%), Alagoas (2,4%) e Rondônia (2,4%). No campo negativo, estão 10 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Amapá (-2,8%), Roraima (-2,3%) e Rio de Janeiro (-2,2%).
Frente a outubro de 2020, a variação das vendas do comércio varejista nacional foi de -7,1%, com predomínio de resultados negativos em 26 das 27 Unidades da Federação, com destaque para: Bahia (-14,1%), Sergipe (-12,6%) e Paraíba (-12,2%). Por outro lado, pressionando positivamente, figura o Rio Grande do Sul (0,4%). Quanto à participação na composição da taxa do varejo, destacaram-se negativamente: São Paulo (-5,9%), Rio de Janeiro (-11,8%) e Minas Gerais (-7,1%).
Abaixo do pré-pandemia
O comércio varejista brasileiro voltou a ficar abaixo do patamar pré-pandemia.
Em outubro, estava em nível 0,1% inferior ao de fevereiro de 2020. A última vez que isso tinha ocorrido foi em março de 2021 (-0,9%).
O comércio teve recuperação no pós-pandemia, chegou a atingir novos recordes da série histórica da pesquisa no fim de 2020, sentiu o impacto da segunda onda de isolamento social mais intenso em março, se recuperou, mas enfrentou perdas nos últimos meses, provocadas principalmente pela inflação, renda em queda e dificuldade de acesso ao crédito.
Entre as atividades, apenas três se encontram acima do patamar de fevereiro de 2020: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (11,7%), material de construção (10,9%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (7,6%).
Fonte: Valor Invest