Mesmo após uma Black Friday mais morna do que o esperado, representantes de lojas de rua e de shoppings estão otimistas em relação à demanda para o Natal
Por Flavia Kurotori
Mesmo após uma Black Friday mais morna do que o esperado e a chegada de uma nova variante do coronavírus, o aumento gradativo do movimento no comércio neste ano anima o setor. Representantes de lojas de rua e de shoppings estão otimistas em relação à demanda para o Natal.
Publicação mais recente do IPV (Índice de Performance do Varejo), da HiPartners Capital & Work e parceiros, mostra incremento de 10% no fluxo de visitas dos shoppings, com acréscimo de 12% nas vendas entre setembro e novembro em todo país. Na mesma comparação, o comércio de rua registrou alta de 8% no movimento e de 4% nas compras.
Só na capital paulista, segundo pesquisa do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo, houve crescimento de 14,5% nas vendas da primeira quinzena de novembro em comparação ao mesmo período de 2020. Ainda que o percentual seja tímido (0,9%), a projeção supera até mesmo o resultado de 2019, ano anterior à pandemia.
Por outro lado, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) deve revisar para baixo as projeções que havia feito anteriormente para as vendas natalinas, de alta de 3,8% (já descontada a inflação) na comparação com o ano passado. O motivo é o fraco resultado da Black Friday, segundo Fábio Bentes, economista da entidade.
Maurício Romiti, diretor administrativo e financeiro da Nassau Empreendimentos, empresa que atua no setor de shopping centers, avalia que mesmo com a alta da inflação, do dólar e de outros custos do dia a dia, o resultado deste ano será positivo. Contudo, ainda não é possível fazer estimativas concretas, uma vez que depende do avanço na variante ômicron do coronavírus.
“O Natal deste ano vai ser diferente do último, pois esta é a primeira vez desde 2019 que as famílias vão poder se reunir para celebrar a data em conjunto. Espera-se que o tíquete médio seja menor em valores reais, mas o faturamento deve se manter muito próximo a 2019, o que não frustra de forma alguma o comércio”, observa.
Demanda reprimida
Na avaliação de Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da Associação Comercial de São Paulo, o crescimento nas vendas dos meses de novembro e dezembro será de 8% a 10% em comparação a 2020. “Além da aceleração da inflação, as famílias ainda estão endividadas e o desemprego ainda está alto”, assinala.
Em relação à Black Friday, embora reconheça que o resultado tenha sido abaixo do esperado, Gamboa lembra que, em alguns comércios, as promoções ainda não acabaram e podem impulsionar as vendas. A estimativa é que a data movimente R$ 6 bilhões em todo país.
Luís Augusto Ildefonso, diretor institucional da Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), avalia que a população está com a demanda reprimida após a sequência de “abre e fecha” do comércio na pandemia.
“Temos tido uma sequência de crescimento nos últimos quatro, cinco meses, o que anima o comerciante. Neste ano, em todas as datas magnas, como o Dia das Mães, [Dia dos] Namorados, Dia dos Pais, tiveram vendas acima das expectativas, e [isso] é muito bom, dá confiança.”
Outra aposta para atrair os consumidores é a experiência do cliente. Além do Papai Noel, que chama a atenção de famílias com crianças, a concentração das compras no ambiente on-line na pandemia trouxe a urgência da compra presencial, em que o consumidor pode tocar e experimentar o produto antes de fechar negócio.
Fonte: Valor Econômico