Empresa congela preços de marcas próprias e explora oportunidades de promoções, sortimento e tamanhos diferentes de produtos
Por Raquel Brandão
Com a inflação de alimentos mostrando-se resiliente, a administração do Carrefour Brasil acredita que os próximos meses e o novo ano ainda serão desafiadores para a operação do varejo, que deverá encontrar caminhos para preservar vendas.
“Olhamos bem nossos clientes e temos respostas para atender suas necessidades”, disse Stéphane Maquaire, presidente do Carrefour Brasil, que assumiu a operação em julho.
O executivo cita como exemplo a busca por oportunidades de promoção, novo sortimento e tamanhos diferentes de produtos.
A companhia, por exemplo, optou por congelar os preços dos produtos de marca própria até janeiro de 2022. A categoria, que oferece melhor custo-benefício, chegou a 18% de participação nas vendas do varejo alimentar.
Embora reconheça que a inflação siga pressionando o bolso dos clientes, Maquaire afirma que começa a ver uma estabilização. “Nas últimas semanas vemos uma tendência mais positiva em volumes no varejo.”
Conversão de lojas
Com o mercado de varejo alimentar movimentando-se, a administração do Carrefour Brasil não descarta a oportunidade de converter lojas do seu ecossistema.
“Temos a possibilidade de analisar a cada ano quais lojas devemos converter a outros formatos, mas não temos nenhuma ação hoje para mudar uma loja para Atacadão por exemplo”, disse Maquaire, ao responder pergunta da analista de varejo Danniela Eiger, da XP Investimentos, sobre a possibilidade de lojas do formato hipermercado migrarem para atacarejo.
No último mês, a concorrente Assaí anunciou a compra de 71 Extras hipermercados para convertê-los à bandeira de atacarejo.
Ainda sobre isso, Maquaire também afirmou que vê vantagens no formato da operação do Sam’s Club, que pertencia ao Grupo Big, comprado em março deste ano.
“O formato do Sam’s Club parece ter oportunidade de crescimento bastante alto. Vamos avaliar lojas de qualquer formato para considerar conversão.”
Margem
A margem bruta da operação do Atacadão, de 15,5%, surpreendeu analistas positivamente e também ficou acima dos patamares previstos pela administração do Carrefour Brasil. Mas o presidente do grupo afirmou que a visão da empresa para a operação de atacarejo é de seguir buscando volume.
“Nosso negócio no Atacadão é um negócio de tonelagem e volumes, um negócio de massa”, disse. Embora a margem bruta tenha melhorado de 0,4 ponto percentual, a margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos e depreciação) ficou em 7,8%, abaixo dos 8% do mesmo período de 2020. “Estamos olhando cada vez a sequência de longo prazo. Olhando assim, nos parece de muito bom nível. E se olhamos as margens ante 2019 e 2020, estamos mais ou menos no mesmo patamar.”
Segundo ele, a operação está preparada para responder à reabertura mais intensa dos pequenos comércios e de bares e restaurantes neste trimestre e deve se beneficiar de melhor posicionamento de preço.
“Vemos uma recuperação passo a passo do B2B [busines to business]. Temos uma oportunidade forte no B2B com presença em todos estados e temos bons preços, melhores que da concorrência. [Preço] É nosso ativo maior no Atacadão e conseguimos ver uma melhora no ‘market share’ [participação de mercado].”
Fonte: Valor Econômico