Para Eduardo Terra, o ideal é traçar estratégias diferentes a partir de hipóteses sobre o que pode acontecer até a data
Por Camilla Muniz
Diante de incertezas causadas pela pandemia e pelas instabilidades econômica e política no Brasil, flexibilidade deve ser a tônica da preparação do pequeno e médio varejo físico para a Black Friday deste ano. O presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, diz que o ideal é traçar estratégias diferentes a partir de hipóteses sobre o que pode acontecer até a data:
— A recomendação que tenho dado a empresários é “tenha planos A, B e C”. Não dá para apostar em um único cenário.
Apesar do avanço da vacinação contra a Covid-19, o especialista afirma que é cedo para prever se o desempenho das lojas físicas na Black Friday 2021 será melhor do que em 2020, quando a retração nas vendas foi de 25,5% ante 2019, de acordo com o Índice Cielo de Varejo Ampliado (ICVA). Agora, outros fatores são críticos para o setor: o crédito está mais caro, devido à alta dos juros; a inflação disparou, o que diminui o poder de compra das pessoas; e a confiança do consumidor anda baixa. Além disso, fazer estoque ainda é problemático, já que a oferta de alguns suprimentos continua irregular.
— O lojista deve acompanhar o que está acontecendo e ser flexível e ágil para aumentar sua compra e ter mais equipe caso necessário — indica Terra.
Rever o planejamento semanalmente é o mais aconselhável: com essa frequência, a tendência é que as mudanças não precisem ser radicais.
— Não é virar do avesso, mas fazer ajustes incrementais — completa.
Outra dica é, mais do que nunca, ser parceiro dos fornecedores.
— Na crise de abastecimento, a indústria talvez não tenha produtos para atender todos e vai privilegiar os clientes mais importantes e fiéis — destaca.
Mesmo quem não tem e-commerce deve manter presença no digital, para captar o público por meio de aplicativos de mensagens e mídias sociais. A transparência com o consumidor também é essencial para o varejista que visa melhorar a performance na Black Friday. Ou seja: nada de aumentar os preços antes da data para reduzi-los depois e alegar que estão com desconto.
— Ninguém quer pegadinhas. Seja qual for a estratégia adotada, ela deve ser autêntica e verdadeira — pontua o presidente da SBVC.
Fonte: O Globo