Varejista percebe movimento de clientes que não estavam anteriormente em sua base, especialmente no Norte e Nordeste
Por Raquel Brandão
Depois de um terceiro trimestre de recuperação de vendas, a varejista de moda Marisa projeta seguir em ritmo de crescimento. A inflação e o desemprego elevado, diz o presidente da companhia, Marcelo Pimentel, fazem o consumidor buscar produtos mais em conta.
“Estamos vendo um fluxo de clientes que não estavam na nossa base, como consumidoras com um tíquete médio para consumo discricionário mais elevado e mais jovens, também”, diz Pimentel. Segundo ele, a recuperação é especialmente mais forte nas regiões Norte e Nordeste e nas lojas de shopping centers. As lojas de rua em centros urbanos ainda sofrem impacto do trabalho remoto, que mantém o consumidor em casa.
No terceiro trimestre, a varejista reverteu os prejuízos de R$ 124,5 milhões e R$ 76 milhões registrados em 2020 e 2019, respectivamente. O lucro líquido foi de R$ 44,4 milhões, ajudado por uma reversão de créditos fiscais de R$ 90 milhões. A receita líquida consolidada foi de R$ 654,6 milhões, 23% a mais do que um ano antes.
Segundo Pimentel, as vendas “mesmas lojas” (abertas há mais de um ano) já estão em patamares “muito similares” aos de 2019. No ano passado a companhia decidiu reduzir os estoques em 30%. “Estamos com mais assertividade do produto. Nosso estoque está mais rejuvenescido.” A margem bruta passou de 33,7% no terceiro trimestre de 2020 para 42,3% no mesmo período deste ano.
A melhora na margem é atribuída a algumas frentes de trabalho. Uma delas é a redução de fornecedores de mais de 500 para 250. Com isso, a parceria ficou mais “perene”, diz ele.
Outro fator favorável é a maior produtividade em loja. Apesar do fluxo ainda estar menor do que em 2019, a loja está vendendo mais peças por cliente e com tíquete mais alto, diz o executivo. Para Pimentel, além das mudanças nos estoques, isso se deve também, ao avanço da digitalização das operações
No aplicativo, que já conta com 12 milhões de downloads, a cliente pode encontrar uma série de descontos personalizados de acordo com suas preferências e ofertas quando está em determinada loja. As vendas digitais cresceram 19,4% ante 2020 e chegaram a 12,5% do total da receita.
Ainda nas operações digitais, a empresa começou a colocar em atividade sua plataforma de marketplace (shopping center virtual) – a projeção é este canal faça 20% da receita digital até o fim de 2022.
“Não queremos ser mais um marketplace no Brasil. Nosso foco é colocar categorias complementares a nossa proposta de valor”, diz Pimentel, explicando que os produtos e serviços oferecidos devem focar no universo feminino. Os primeiros vendedores começaram a operar agora.
Fonte: Valor Econômico