Na rede varejista, tecnologia impediu um prejuízo com fraude equivalente a um ano dos gastos com TI
Por Roberta Prescott
“Encaramos parte de analytics e dados como sendo fertilizantes. Quando usamos dados conseguimos captar mais clientes, ter preços mais adequados e o produto certo para o cliente certo. Os dados funcionam como fertilizantes que ajudam a safra a trabalhar e a produzir mais por hectare plantado, mas as iniciativas são caras: você precisa ter a fazenda, esperar a safra crescer, colher a safra, escoar e vender para começar a ter retorno”, assim definiu Kendji Wolf, diretor de dados e sistemas da Via. O executivo usou a analogia para explicar que nada ocorre de uma outra hora para outra. Leva-se tempo para compor a base de conhecimento para que se possa extrair o real valor do dado.
Ao participar do SAS Retail Summit Brazil 2021, Wolf deu exemplos de como a varejista dona de marcas como Casas Bahia, PontoFrio, Bartira e Extra,com, vem usando a análise de dados. A mitigação de fraudes é um deles, com a adoção de inteligência artificial, que já se pagou ao evitar um baita estrago nas operações. “Pagamos com uma fraude evitada em uma semana de ataques no começo deste ano o equivalente a um ano dos gastos com tecnologia,” disse o executivo. Mas Wolf preferiu nãoentrar em detalhes de como a fraude impactaria os sistemas, nem o montante dispendido na aquisição da solução de Inteligência Artificial.
Se foi contundente no combate à fraude, a Via também usa IA para melhorar o tempo de carregar e descarregar os caminhões. “Economizar o tempo de carga e otimizar a carga dentro do caminhão são tão importantes quanto a rota a seguir”, destacou. A logística não é fácil: são perto de mil lojas, em 400 cidades e 20 estados. Nessa trajetória, Wolf conta que entre as lições aprendidas está ter um time focado nas soluções, incluindo tecnologia e negócios; prezar por uma comunicação constante apontando o que deu certo e também o que deu errado; fazer escolhas mais objetivas e orientadas para levar valor ao cliente.
Hoje, a Via possui um data lake único em cloud. A tecnologia e dados estão presentes em todo o ciclo de vida do cliente: das campanhas de marketing com ofertas exclusivas a VIPs à experiência de compra e entrega, passando pelos serviços adicionais de crédito e a variedade de produtos. “A capacidade logística é outro grande desafio. É uma dificuldade e um desafio logístico saber, por exemplo, quantas geladeiras deixo no estoque de São Paulo e quantas mando para Porto Alegre, Rio”, explicou.
Wolf ressaltou que instituir uma cultura baseada em dados é essencial. “Na Via, plantamos a semente certa há um ano e meio e, agora, começando a colher, estamos orgulhosos de todo o time e muito satisfeitos com os algoritmos que desenvolvemos aqui”, disse. O data lake único em cloud, acrescentou, representa uma vitória do time. Antes, a Via tinha mainframe e usava Cobol, que foram substituídos pelo data lake.
O ambiente data lake roda em Azure, da Microsoft, e em cima dele tem a solução do SAS. “A AWS foi excluída porque faz parte do concorrente. Usamos Azure com todas as duplas e triplas camadas de proteção e virtualização para garantir que o sistema seja o mais seguro possível”, detalhou. “Temos uma estrutura única de lake e temos estruturas de analytics, sendo uma dos SAS, mas a infraestrutura é Microsoft”, completou.
Fonte: Convergência Digital