18/12/2014
Empresa do bilionário testa nova tecnologia de uso inteligente de redes de energia
Warren Buffett quer lhe dizer o melhor momento para lavar suas roupas. Ou, pelo menos, é o que sua empresa de energia no Reino Unido planeja fazer. A Buffett Northern Powergrid Holdings está trabalhando com a Siemens para testar o chamado smart grid (redes inteligentes), que tem a capacidade de controlar quando os eletrodomésticos serão usados nas residências.
Ser capaz de gerenciar melhor quando a eletricidade flui permite que as concessionárias diminuam os custos de consumo, reduzindo a necessidade de novos equipamentos, além de melhorar os picos de consumo e as lacunas de fontes intermitentes, como a eólica e solar.
O programa-piloto, conhecido como Customer-Led Network Revolution (A revolução da rede liderada pelo consumidor, em tradução livre), envolve apenas 12.000 famílias no Reino Unido e é um dentre vários projetos que estão sendo testados no mundo inteiro.
Este tipo de tecnologia é muito importante para o futuro da energia, disse Vincent Thornley, chefe de Pesquisa de Smart Grid da Siemens no Reino Unido. Ao invés de construir novas redes de transmissão e colocar novos transformadores, podemos melhorar o uso de sistemas existentes usando automação.
Um estudo de quatro anos para o sistema termina neste mês, no Nordeste da Inglaterra. Ele complementa o investimento US$ 15 bilhões que Buffett já fez em energia eólica e solar nos EUA, que ele disse em junho que iria dobrar de valor. Sua Mid American Energy é a maior proprietária de capacidade eólica, entre os geradores com tarifas reguladas do mercado americano.
Mudança comportamental com medidores inteligentes Concessionárias de serviço público em todo o mundo já estão utilizando medidores inteligentes para coletar dados sobre o comportamento de clientes, e alguns, inclusive, notificam os consumidores sobre melhores horários para usar a energia.
O sistema de 54 milhões de libras (US$ 85 milhões) usado pela empresa de Buffett no Reino Unido está um passo além. Ele oferece às pessoas uma escolha, que lhes permite optar quando usar seus apare- lhos ou deixar que o sistema tome essa decisão pelo consumidor. Os clientes podem trabalhar conosco para usar a energia de uma forma diferente, por uma série de técnicas, disse Ian Lloyd, chefe de pesquisa de tecnologia de rede da Northern Powergrid Holdings Co.
O programa incentiva as pessoas a usarem a energia de uma forma que complementa o funcionamento da rede de distribuição. Essa mudança de comportamento será mais importante na medida em que a energia eólica e a solar se tornam mais comuns, exigindo que concessionárias gerenciem sistemas de geração que não produzem energia em dias sem ventos fortes ou à noite.
A adoção mais ampla de energia renovável também vai envolver a incorporação de muitas fontes de energia proveniente de diferentes locais, a partir de parques eólicos em grande escala e até de painéis solares em telhados residenciais. Na Alemanha, por exemplo, havia um milhão de produtores de energia independentes no ano pas- sado, muito acima das mil usinas de energia que existia em 1990, informou Lisa Davis, que chefia as operações de energia da Siemens.
Os gastos com redes inteligentes vão subir para US$ 25,5 bilhões em 2019 ante US$ 16,6 bilhões neste ano, de acordo com estimativas da Bloomberg New Energy Finance. A China instalou cerca de 250 milhões de medidores inteligentes, e a Europa deverá ter 185 milhões até o final da década hoje são 55 milhões.
A Europa vai mais do que triplicar os gastos em 2019, para US$ 7,6 bilhões, impulsionada, principalmente, pela necessidade de integrar as energias renováveis e concessionárias de serviços públicos que estão adotando medidores inteligentes, disse Colin McKerracher, analista sênior de tecnologias inteligentes da New Energy Finance.
Para integrar as energias renováveis de uma forma eficaz em termos de custos, é preciso integrar as duas tecnologias em nível de rede e do usuário final, disse ele em uma entrevista. O projeto do Reino Unido, que é parcialmente financiado pelo governo britânico, é um dos poucos usando tecnologia similar. O teste da Alstom Nice Grid na França vai acabar em 2016, e a versão australiana, o Ausgrid, custou US$ 83 milhões.
O sistema Northern Powergrid foi capaz de reduzir o consumo de energia em 10% nos horários de pico, incentivando os clientes a utilizarem a eletricidade quando era mais barato, enquanto o corte de utilização global foi de 3%. Esse programa pode ser implementado em uma escala mais ampla já no próximo ano. O órgão regulador do Reino Unido, o Ofgem, instou as concessionárias a reduzirem o custo de entrega de energia renovável para os clientes.
A tecnologia também está gerando interesse da divisão de energia da Buffett Berkshire Hathaway. Eles estão investindo fortemente em tecnologias de baixo carbono, disse Lloyd da Northern Powergrid. Portanto, há um interesse significativo sobre o que estamos tentando fazer aqui.
Brasil Econômico – SP