Por Redação
“Se realmente houver uma retomada forte da economia, vai melhorar para o nosso ramo”, diz Miguel Krigsner
O fundador do grupo O Boticário, Miguel Gellert Krigsner, anda com vontade de tomar um café com Silvio Santos desde que soube da internação do apresentador para debelar a covid-19. Quer lhe agradecer por uma transação ocorrida há mais de 40 anos – sem a qual sua empresa provavelmente não teria se transformado em uma das mais conhecidas e lucrativas do país, com receita líquida de R$ 15,7 bilhões em 2020.
Foi em 1979, quando a primeira unidade da rede – uma farmácia de manipulação na rua Saldanha Marinho, no centro de Curitiba – somava dois anos. Farmacêutico formado pela Universidade Federal do Paraná, Krigsner havia desistido de vender praticamente só medicamentos manipulados, como inicialmente previsto, e passara a apostar em cosméticos e em um perfume ou outro.
Foi o que o levou ao galpão da Chanson, a marca de perfumes e cosméticos que o apresentador criara, mas da qual desistira para se concentrar em outras áreas – o SBT seria fundado dois anos depois. A ordem de Silvio era vender o quanto antes os mais de 50 mil potes e frascos de vidro em formato de ânfora, hoje famosos Brasil afora, que atulhavam o local. Quando o farmacêutico enfim fez uma proposta para o sujeito encarregado de recebê-lo – “me dá 200 desses, 300 desses, 500 daqueles…” – foi cortado no mesmo instante. “Não vou te vender 500, preciso me livrar disso tudo”, retrucou o outro, impaciente.2 de 4 “Qualidade importa, sim, mas criar um ‘storytelling’ para as fragrâncias amplia o alcance”, diz Krigsner.
Sem saber como sair dali, Krigsner tentou uma cartada ousada. “Se você me deixar pagar em 10, 12 vezes, eu compro”, propôs, sem saber de onde tiraria o dinheiro. Ao que o encarregado respondeu, após consultar a cúpula: “Em 12 não dá, talvez em 8 ou até 10, se você tiver alguma garantia. Daí pode levar tudo”.
O dono do Boticário não se lembra de quanto desembolsou com o negócio. “Era o valor do meu carro e do meu apartamento da época”, recorda, no início deste “À Mesa com o Valor”. Na hora de bater o martelo, pensou o seguinte: “Qual é a pior coisa que pode acontecer? Levo tudo para Curitiba e depois faço uma nota fiscal de devolução com uma carta super bem-educada para o Silvio Santos”. Chegou a rascunhar mentalmente a carta, certo de que seria incapaz de vender tantos perfumes e cosméticos. “Infelizmente, não tenho condições de pagar”, diria um trecho do bilhete, jamais escrito. “Pensei que ia conseguir, não consegui. Peço mil desculpas.”
Depois que os dois caminhões repletos de embalagens da Chanson estacionaram em Curitiba, a maior preocupação de Krigsner passou a ser esta: vender produtos com elas o mais rápido possível, para honrar o compromisso firmado com o futuro “homem do Baú”. O vidro em formato de ânfora, do qual O Boticário acabou virando sinônimo, ganhou 12 variações de cores, cada uma para um perfume novo – que vendem como água desde então e explicam boa parte do sucesso da marca, hoje com 3.643 lojas no Brasil.3 de 4 “Consumidores precisam fazer pressão, sobretudo no que se refere à sustentabilidade”, diz Krigsner.
“Queria resgatar um pouco dessa história e agradecer a ele”, informa o entrevistado, referindo-se, novamente, a Silvio Santos. “Entendi que ele queria se livrar daquilo tudo, mas sinto uma gratidão.” Perguntado se acha que o dono do SBT se arrepende da venda, dada a dimensão que O Boticário ganhou, desconversa. “Talvez sim, né?”, conjectura, lembrando que o apresentador lançou uma marca similar em 2006, a Jequiti. “Mas a verdade é que nenhuma empresa é feita só de embalagem.”
Radicado em Curitiba, onde mora desde os anos 1960, o empresário de 71 anos participa do encontro com o Valor por meio de uma chamada de vídeo. Sua camisa azul, a única peça de roupa enquadrada pela câmera, se confunde com o fundo de tela escolhido, em degradê, no qual se lê “#Somos GB #UmSóGrupo”. É uma referência à distribuidora Multi B, ao e-commerce Beleza Na Web e às demais marcas da empresa: Eudora, Beautybox, Vult e Quem Disse, Berenice?.
Ana Carla Lopes, head de Reputação e Comunicação Corporativa do grupo, e Eduardo Imperatriz Fonseca, diretor-executivo de ESG e Assuntos Institucionais, acompanham a conversa, cada um de uma parte do país, mantendo-se em silêncio e com as câmeras desligadas a maior parte do tempo. Referem-se a ele somente como Dr. Miguel.
Para a sede do grupo em Curitiba, onde o entrevistado se encontra, foi despachada uma cesta de produtos da Casa da França, estabelecimento no Batel especializado em vinhos e alimentos finos. Inclui amendoim japonês, snack de arroz tailandês, antepasto de azeitonas verdes, caponata, doce de amora, biscoitos wafer, balas, uma barra de chocolate Lindt e um vinho carménère Volantin, da vinícola chilena Tinajas del Maule. Ao longo da entrevista, no entanto, Krigsner ingere água e nada mais.
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Abordar o impacto da pandemia na companhia é inevitável. “É preciso analisar categoria por categoria, mas em matéria de perfumaria e cosméticos houve uma queda, sim”, afirma. Também pudera: o isolamento social e o advento do trabalho remoto tiraram a força de dois hábitos vitais para o grupo, o de maquiar-se e perfumar-se. “Eu me perfumo para ficar em casa, mas a maioria das pessoas só faz isso quando vai para a rua”, reconhece.
Alguns produtos, porém, como xampus e condicionadores, foram beneficiados – a menor procura por salões de beleza, que tem levado os consumidores a cuidar mais dos cabelos por conta própria e adquirir produtos para isso, serve de explicação. “Nossos produtos estão diretamente ligados à autoestima e à vontade das pessoas de se apresentar devidamente”, resume.
E ainda houve as quarentenas e as restrições impostas às vendas físicas, o que levou o grupo a concentrar esforços no mundo digital. Metade da receita de 2020 veio das compras on-line, que cresceram 200% em faturamento e 300% em volume naquele ano. Em comparação a 2019, a empresa encerrou o ano passado com uma receita líquida 2,6% maior. A previsão para 2021 não é divulgada. “Se realmente houver uma retomada forte da economia, vai melhorar para o nosso ramo”, Krigsner acredita. “Mas neste ano acho que já dançamos. Pensando na pandemia, não vejo grandes mudanças num curto espaço de tempo.”
Registra que o grupo doou 216 toneladas de álcool líquido e em gel para comunidades carentes, hospitais filantrópicos e instituições governamentais em 22 estados e 30 cidades. A empresa também contribuiu com R$ 2,5 milhões para a construção da fábrica de vacinas do Instituto Butantan, orçada em R$ 180 milhões – 40 companhias dividem a conta total. “Deve entrar em atividade possivelmente em fevereiro ou março”, informa.
Para Krigsner, a responsabilidade social durante a pandemia não se restringe à elite. “Um país é feito de todas as classes sociais e o trabalho é de todos, cada um ajudando da forma que pode. Muitas empresas se mobilizaram para valer, assumindo papéis que talvez sejam do governo. Foi muito legal, é importante e continua.”
Em abril, ganhou notoriedade o agrado que ele fez para a artista plástica Wanda Terra, de 76 anos, moradora de Angra dos Reis. Por meio de um relato de uma parente dela postado nas redes sociais do Boticário, Krigsner ficou sabendo que ela perdeu um filho para a covid-19. E que ele adorava encontrá-la perfumada com o Anette, fragrância já descontinuada da marca. “Era o favorito do meu filho”, revelou a artista plástica à parente. “Eu só usava quando ele vinha me visitar, ele dizia que esse perfume tinha cheiro de mãe.”
Para presentear a mãe enlutada, o empresário ordenou a confecção de algumas unidades da fragrância. E convocou a filha mais velha, Anette Krigsner, para redigir a carta que acompanhou o agrado – julgou oportuno só assinar o bilhete por considerar a própria letra ininteligível até para médicos. “Querida Dona Wanda, tomamos conhecimento do significado que o perfume tem nas suas memórias”, começa a missiva. Termina informando que o produto foi originalmente criado por ocasião do nascimento da primogênita do entrevistado.
“Foi uma ação que não tinha nenhum intuito mercadológico por trás”, ele se apressa em dizer. “Num momento de tanta digitalização, que nos deixa relativamente distantes, é o tipo de coisa que as empresas podem fazer para mostrar calor humano. Mas jamais relançaria o perfume aproveitando a repercussão da história da Dona Wanda. Seria oportunismo.”
A fragrância foi descontinuada no fim dos anos 1990 e substituída por outra, batizada de Anni. Tatiana Krigsner, a segunda filha do entrevistado – fruto do mesmo casamento, com Cecilia Krigsner, com quem ele está junto há cerca de 40 anos -, também ganhou um perfume em sua homenagem, o Thaty.
Outro produto que registra sua trajetória pessoal é o Malbec, que O Boticário informa ser, de acordo com pesquisa da Euromonitor International, a marca de fragrâncias mais vendida do país. Deve-se a uma visita em família à vinícola chilena Concha y Toro, no começo dos anos 2000. Com o ombro recém-operado, o farmacêutico foi poupado do tradicional passeio nos vinhedos. Para matar o tempo e fugir do calor, aceitou a alternativa oferecida por uma funcionária: visitar o ambiente subterrâneo no qual o vinho descansa em barricas de carvalho. Diz ter tido ali mesmo a ideia de fazer perfumes da mesma maneira, com o intuito de agregar notas amadeiradas.
Voltou para o Brasil com o nome do fabricante das barricas anotado e a vontade de substituir o álcool etílico, tradicionalmente usado na perfumaria, por aquele que resulta da fermentação das uvas. “Na época eu percebi que qualidade importa, sim, mas que criar um ‘storytelling’ para as fragrâncias amplia o alcance”, revela. “Para o consumidor, não resume-se mais a gostei ou não gostei.”
Ele nasceu em La Paz, na Bolívia, onde viveu até os 11 anos de idade. É o primogênito do casal formado por um polonês e uma alemã, ambos judeus fugidos dos horrores do nazismo e da Segunda Guerra Mundial. Ela deixou seu país de origem com a família em 1937, um ano antes da perseguição aos judeus ganhar um dos capítulos mais sombrios. Desembarcou na Bolívia em meados de 1944, com cerca de 10 anos. O pai de Krigsner chegou por volta de 1947. De sua família polonesa, composta por umas 30 pessoas, só ele e três irmãos não foram mortos pelo regime nazista.
Apresentações feitas, seus pais se casaram em três semanas. “Eu sou fruto de uma lua de mel, o que acho importante. Nasci no dia 9 de janeiro, e eles se casaram em 2 de abril”, diverte-se o entrevistado, que tem uma irmã seis anos mais nova. A família trocou a altitude de La Paz pelo frio de Curitiba em razão dos problemas cardíacos da mãe, que morreu dois anos depois de se fixar na capital paranaense. Tinha 34 anos.
Da tenra infância em La Paz, ele guarda com nitidez a memória de uma coleção de tubinhos de grafite, doados pela dona de uma papelaria. A diversão dele era enchê-los com água, despejar pigmentos e admirar o resultado contra a luz. “Quando entro numa loja atualmente e vejo aquele monte de perfumes coloridos, sou obrigado a pensar que há alguma conexão com o que eu gostava de fazer aos 8 anos”, divaga.
O pai ganhava a vida vendendo tecidos e abriu uma loja em Curitiba na rua XV de Novembro – na Polônia, dedicava-se à agricultura. “Hoje fala-se muito de empreendedorismo, mas empreendedor mesmo foi ele”, diz o filho. “Chegou na Bolívia para salvar a própria vida sem um tostão no bolso, falando polonês e iídiche, e saiu vendendo cortes de tecidos para pessoas que falavam espanhol, quéchua e guarani.”
Da loja curitibana, Krigsner virou ajudante aos 12 anos, logo que a mãe morreu. “Foi uma época difícil, mas que me ajudou muito, sabe?”, diz. “Trabalhar no varejo ensina muita coisa e principalmente a respeitar o consumidor.” Em seguida, reclama da maneira impessoal e teatral com que o atendimento costuma ser feito atualmente pelo comércio, de forma geral. “Meu pai conhecia a clientela dele”, garante, emendando uma rara alfinetada. “Havia um envolvimento que era muito melhor do que fazer uma compra [on-line].”
Por pressão paterna, tentou ingressar em uma faculdade de medicina por dois anos. “Meu pai era do tempo que profissão precisava ser a de médico, engenheiro ou, na pior das hipóteses, de advogado”, lembra. Dos quase dez vestibulares prestados, porém, não passou em nenhum. Acabou aprovado em farmácia, que lá pelas tantas registrou como segunda opção.
Conheceu Artur Grynbaum, seu sócio, quando o outro tinha 7 dias de vida. E em uma situação das mais indiscretas – a circuncisão do recém-nascido, que a família de Krigsner, amiga da outra, foi convidada a presenciar. Voltou a reencontrá-lo quando Grynbaum já era um pré-adolescente, na condição de namorado da irmã dele, a Cecilia. O garoto tinha como meta atrapalhar o namoro dos dois. “Ele vivia escondido atrás do sofá e das cortinas”, recorda o farmacêutico. “Lembro de pensar: ‘se ele cuidar de um negócio que nem cuida da irmã, vou chamá-lo para trabalhar comigo’.”
Ex-CEO, Grynbaum hoje é vice-presidente do conselho de administração do grupo, presidido por Krigsner. Começou a trabalhar na rede quando tinha 17 anos. Ascendeu a coproprietário ao comprar as participações de antigos e pequenos sócios do farmacêutico. “Depois fomos construindo o negócios juntos”, resume o entrevistado. “Você não faz nada sozinho e o Artur é um comerciante de primeira linha. Mas no início fazia as coisas mais básicas, como carregar caixas.”
Com a abertura da primeira unidade, ele gastou o equivalente a US$ 3 mil. O dinheiro foi cedido por um tio, a quem reembolsou cerca de um ano depois, com um tecido para a confecção de um terno como agradecimento. A segunda loja, no aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais (PR), foi inaugurada em 1979. A filial beneficiou-se das condições meteorológicas da região, que se traduziam em frequentes atrasos de voos e horas e horas de espera para passageiros e tripulantes.
A rede, por sinal, decolou inicialmente com a ajuda das aeromoças, que saíam daquela unidade carregadas de perfumes, para revender Brasil afora. Nela Krigsner se habituou a ser abordado por pessoas interessadas em replicar o negócio em outras regiões. “Era comum ouvir de alguém que uma loja daquelas seria interessante para a mulher dele, que passava os dias em casa pois os filhos já estavam grandes”, recorda.
Registre-se que o conceito de franquia era pouco difundido no país naquela época. “Não existia nenhuma legislação específica sobre o assunto”, acrescenta ele, que apostou no formato sem pensar duas vezes. “Não tinha condições financeiras de abrir mais filiais por conta própria.”
Deu mais do que certo. Em 1985, quando O Boticário promoveu sua primeira convenção de franqueados, já havia 500 unidades, só oito das quais de propriedade de Krigsner. “A maioria era de mulheres, uma coisa muito legal”, observa. “Várias delas encontraram uma forma de conquistar a independência financeira. Estamos falando de uma época em que muitas mulheres permaneciam em casamentos às vezes muito difíceis por depender do dinheiro do marido.” Hoje o Boticário é a maior franquia do Brasil.
Declara, em seguida, que O Boticário contribui com o empoderamento feminino desde a década de 1980. “Muitas das discriminações das quais se falam hoje em dia eu senti na carne pelo fato de ser filho de judeus sobreviventes”, afirma em outro trecho da conversa. “Fala-se do extermínio dos judeus, mas e as milhares de pessoas assassinadas pelo nazismo por serem homossexuais, negras ou com deficiência? Isso sempre mexeu comigo. E algo que sempre desejei é que ninguém fosse discriminado na minha empresa em razão de sua escolha sexual, cor ou religião.”
Ele não se define como uma pessoa religiosa, mas faz questão de manter vivas as tradições dos antepassados. Respeita todos os feriados judaicos, a exemplo do Rosh Hashaná, que corresponde ao ano-novo, e exige que todas as lojas do grupo, tirando as franquias, fechem no chamado Dia do Perdão, o Yom Kippur. “Até o setor industrial não trabalha, com exceção de uma área ou outra que não pode parar”, emenda. Dos alimentos kosher, aqueles que seguem as leis milenares determinadas pela Tora, diz não ser refém. Se mal come carne de porco, vetada pela dieta judaica, é mais em respeito ao próprio paladar do que à Tora.
Caso seguisse uma alimentação mais restrita talvez não tivesse abocanhando, em 2014, uma fatia da Cia. Tradicional do Comércio, ou CiaTC, proprietária da rede de bares Astor e de uma porção de outras, como Bráz, Pirajá e Lanchonete da Cidade – esta acaba de iniciar uma parceria com o chef Jefferson Rueda, ferrenho defensor da carne suína. Krigsner entrou na sociedade por meio do fundo 2+Capital, que também pertence a Artur Grynbaum. “A área de alimentação é muito legal, cheia de oportunidades”, afirma o farmacêutico.
Um dos últimos tópicos é a Fundação Grupo Boticário, que promove ações em prol da natureza. Instituída em 1990, é custeada com uma parcela da receita líquida da empresa do entrevistado – para não comprometer o funcionamento da fundação, ele não quis atrelá-la aos lucros, sujeitos a oscilações maiores. A instituição protege 11 mil hectares da Mata Atlântica e do Cerrado por meio de duas reservas naturais. Apoiou 1.602 iniciativas ambientais em todos os biomas do país e ajudou a descobrir 177 novas espécies animais. Socorre ainda 11,5 milhões de hectares marinhos, 533 unidades de conservação e mantém a salvo 5 mil hectares de nascentes d’água.
“A preservação do meio ambiente me preocupa desde a época da faculdade, quando não se falava sobre isso no Brasil”, diz. “Afinal, para onde se olhasse havia verde.” Em seguida, saúda a inclinação dos consumidores mais jovens em dar preferência a empresas comprometidas com causas ambientais e sociais. “Os consumidores precisam fazer uma certa pressão, sobretudo no que se refere à sustentabilidade, não basta ficar na mão das companhias”, argumenta. “Na realidade, o futuro de todos nós depende disso.”
Ana Carla Lopes propõe encerrar a entrevista, alegando falta de tempo, quando Krigsner é perguntado sobre sua visão a respeito dos atuais clamores antidemocráticos. Ele se dispõe a opinar sobre o assunto. “Só quem viveu a ditadura, como eu, sabe o que é perder pessoas e não saber onde elas estão”, diz. “Viver num sistema como esse e perder a liberdade era um terror. Radicalismo não é bom para nenhum lado. Tem que seguir a linha do meio.” Ele encerra então o encontro com um pedido: “Cuide-se, Daniel, e use máscara”.
Fonte: Valor Econômico