09 de dezembro de 2014 (terça-feira)
São Paulo – Há mais brasileiros que pertencem às camadas de menor renda – C, D e E – nas nove regiões metropolitanas do País do que às classes mais ricas, A e B. Essa é a estratificação do Brasil que se configura pelo novo critério de classificação social da população, o Critério Brasil, adotado pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep).
A nova métrica, mais minuciosa do que a anterior que está em uso desde 2008, começa a valer a partir de janeiro de 2015 para todas as pesquisas de mercado feitas no País.
Pelo novo critério, 68% dos brasileiros são das classes C e D, ante 63% pela estratificação antiga. Em contrapartida, diminuiu de 37% para 32% a fatia dos mais ricos, que pertencem às classes A e B. Isso não significa que o brasileiro tenha empobrecido, mas pelo novo critério ficou mais difícil estar nas camadas de maior renda. Mudamos a régua, afirma o coordenado do Comitê do Critério Brasil, Luís Pilli.
NOVA MÉTRICA
O Critério Brasil de estratificação social da população foi formulado pelos professores brasileiros Wagner Kamakura, da Rice University, dos Estados Unidos, e José Afonso Mazzon, da FEA/USP. Essa nova métrica leva em conta não apenas a renda das famílias, mas principalmente a posse de bens, o tipo de moradia, o nível educacional e o acesso a serviços públicos, como saneamento e ruas pavimentadas. Ao todo são 35 variáveis avaliadas para se chegar ao estrato social.
Pilli explica que a intenção de criar um modelo que considera vários elementos, não apenas os valores monetários que as pessoas embolsam, é tentar tirar uma fotografia da renda permanente das pessoas. O conceito de renda permanente foi introduzido pelo economista americano Milton Friedman no qual ele considera a renda corrente, isto é o que entra no bolso das pessoas, ajustada às expectativas de quem a recebe.
De acordo com esse modelo de estratificação social, são atribuídos pesos e pontos à população, de acordo com o acesso a determinados bens e serviços, grau de instrução e uso de serviços públicos e tipo de moradia.
SAI TV
Pilli explica que várias mudanças foram feitas em relação ao Critério Brasil hoje vigente para obter um retrato mais próximo da realidade social.
Itens como a posse de televisor, rádio e aspirador de pó foram eliminados, pois, de acordo com os formuladores do modelo, esses bens não refletem mais a posição social.
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