ICV 30, que aponta fluxo de clientes em pontos de venda sobe 9,5% em novembro
Patrícia Büll
pbull@brasileconomico.com.br
O varejo brasileiro parece finalmente ter saído do marasmo.
Depois de nove meses de cenário indefinido, com o sobe e desce de vendas, o Índice de Consumidores do Varejo Mensal (ICV 30), apontou crescimento de 9,5% no fluxo de pessoas em pontos de venda em novembro em relação a outubro.
Lançado ontem pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), o índice pode indicar uma tendência de recuperação nas vendas no último trimestre do ano.
Presidente do SBVC, Eduardo Terra reconhece que o desempenho de novembro foi influenciado pela Black Friday, sexta-feira de vendas com desconto, que já se configura como data sazonal para o varejo.
Mas ele acredita em melhora, pois em outubro já havia ocorrido uma alta significativa, de 7,2% no fluxo, ante setembro.
A intenção do índice é antecipar os números da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, que é divulgada, em média,com 50 dias de diferença em relação ao mês de referência. Analisando os dados mensais do ICV 30 e da PMC desde 2012, podemos dizer que de fato ambos apontam para a mesma direção. Assim, os resultados de outubro e novembro de vendas do varejo ampliado do IBGE devem vir com expansão ante o mês anterior, observa.
Como exemplo, Terra cita que, em setembro, o ICV 30 indicou queda de 5,3% no fluxo de consumidores e a PMC, retração de 1,0% nas vendas do varejo ampliado. Em agosto, o ICV 30 variou -0,4% e a PMC apontou ligeira alta de 0,5%.
Com base nesses dados, é possível dizer que mais pessoas estão indo às lojas, o que permite prever uma recuperação no comércio para o último trimestre do ano.
Para o executivo, os resultados de outubro e novembro mostram uma retomada da confiança do consumidor em ao menos voltar às lojas com inten- ção de comprar. Mas só saberemos se essa compra se confirmou com os dados da PMC, diz.
Para Terra, a retração que se verificou ao longo deste ano está mais relacionada a uma piora da expectativa e confiança do que a fundamentos macroeconômicos:
Emprego, ganho real de renda e inadimplência controlada mostram que há condições para consumo. Ele não se concretizou pela falta de confiança.
A expectativa da SBVC é que o varejo ampliado feche o ano entre queda de 1,5% e uma alta no mesmo percentual, a depender do desempenho de dezembro.
Ainda não se sabe em que proporção a Black Friday antecipou as compras de Natal, por isso temos de esperar o resultado de dezembro, avalia Heloisa Cranchi, diretora geral da Virtual Gate, empresa que monitora 1200 pontos de venda em todo o país, exceto no Acre.
Black Friday não se resume a apenas um dia
A Virtual Gate e a SBVC mediram o fluxo de clientes durante a Black Friday.
O ICV Saz, que vai calcular o fluxo especificamente em datas sazonais, mostrou um crescimento de 46% no fluxo de pessoas na sexta-feira da semana passada, em comparação com igual data base de 2013.
O ICV Saz revelou também aumento no movimento na quinta-feira anterior ao evento (4%) e no sábado posterior (14%).
Esses dados apontam que a data de desconto deixou de ser de dia único, contaminando também o dia antes e depois do evento, afirma o presidente da SBVC.
Brasil Econômico – SP