Por Rennan Setti
Para o Grupo Soma, que nasceu da fusão entre Animale e Farm e cresceu incorporando grifes como Foxton e Cris Barros, o ecossistema da moda mudou. São raras as marcas “crocantes” para aquisição no curto prazo, lamenta o CEO Roberto Jatahy. Tal qual nas start-ups, a “oxigenação” hoje vem de jovens empreendedores que encontram na internet a vitrine que ainda não conquistaram no varejo físico.
— Mas quando essas iniciativas atingem R$ 50 milhões de receitas ao ano elas param de crescer, por limitações como a complexidade da cadeia de fornecimento. Sem ajuda, a mortalidade de talentos é enorme — constata o executivo, em entrevista à coluna.
Por isso o grupo criou este mês o Soma Ventures, braço para acelerar novos negócios. O plano é capturar a inovação das novas entrantes sem onerar seu portfólio consolidado. O Soma entra com um empréstimo — que pode ou não ser convertido em participação no futuro — e inteligência para expansão física e, claro, digital.
— Investiremos R$ 50 milhões nisso em cinco anos. Além de ajudar talentos, que sempre julguei ser uma missão nossa, a experiência societária impedirá que façamos aquisições erradas— explica Jatahy, que fundou a Animale com as irmãs Claudia e Gisella em 1991, em uma economia bagunçada pelo Plano Collor.
A primeira compra do Soma Ventures foi na semana passada, da marca fitness Lauf, segmento novo para o Soma. O cheque foi de R$ 5 milhões.. O grupo também olha start-ups que alimentem o negócio em áreas como logística e branding.
Estratégia de aquisições
A aceleração caminha paralela à estratégia de aquisições do Soma, que mira marcas que faturam mais de R$ 100 milhões. Desde que estreou na Bolsa em agosto, movimentando R$ 1,8 bilhão, a empresa comprou a NV, da influenciadora Nati Vozza, por R$ 210 milhões. Jatahy analisa de “três a quatro” alvos potenciais e pretende anunciar uma aquisição até o meio do ano. Os pré-requisitos são claros:
— Quando fizemos IPO, tínhamos três espaços em branco no portfólio. Um era o de marcas nativas digitais, como é a NV. Outro era o de marcas fitness, e a Lauf ainda não é essa marca, ainda procuramos uma mais madura. Outro é uma empresa em faixa de preço abaixo da de nossas marcas. Não podemos trabalhar só com marcas “caras” estando no Brasil. Esse equilíbrio protege nosso portfólio.
Tanto no Soma Ventures como no portfólio tradicional, qualquer alvo precisará ter conexão umbilical com a audiência digital. A estratégia da companhia é impulsionar a produção de conteúdo on-line das adquiridas, o que, para Jatahy, potencializa o investimento em marketing e permite escalar o negócio.
Segundo ele, a Richards, da Inbrands, não atende a esses critérios, apesar de rumores de que o Soma estaria negociando sua compra.
— Tivemos apenas discussões mornas com eles que nunca saíram do campo, digamos, filosófico — nega o executivo.
Fonte: O Globo