Avanço das unidades, que devem estar em 26 capitais e no DF nos próximos cinco anos, é um dos pilares de expansão do grupo, afirmou Sergio Zimerman na Live do Valor
O diretor-presidente da Petz, Sergio Zimerman, afirmou que a empresa pretende abrir mais de 30 lojas em 2021, o que quebrará o recorde da empresa de 2020. “O que posso adiantar é que vamos abrir acima de 30 lojas em 2021. Vai ser recorde de abertura, mais do que inauguramos em 2020, que já é o recorde”, disse o executivo na Live do Valor desta quinta-feira. A empresa tem hoje cerca de 120 lojas no país.
Outros pilares, segundo o executivo, são a marca veterinária Seres, que será também foco de expansão, assim como as plataformas digitais do grupo, “para que, quando o tutor pensar em qualquer coisa relacionado ao pet, ele pense na Petz”, disse.
Aquisição de startups
Zimerman afirmou que a empresa está constantemente avaliando oportunidades de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês). As maiores oportunidades estariam nas pequenas aquisições, de empresas como startups, e que teriam mais chances de acontecer ainda neste ano.
O executivo dividiu as oportunidades em três partes. A primeira é o que ele chamou de M&A mais parrudo. “Duas ou três companhias maiores que poderiam fazer sentido e que estamos sempre avaliando, e se tiver condição favorável para fazer estamos avaliando”, disse.
A terceira solução e que seria a mais provável são as chamadas ‘pet solutions’, ou seja, empresas menores que prestam algum serviço interessante e que valha a pena integrar – entre elas estão startups. “Esse terceiro é o que tem maior probabilidade de acontecer”, disse.
O diretor-presidente da Petz destacou que a pulverização atual do mercado pet no Brasil seria anormal. Por aqui, cerca de 50% da participação está na mão de empresas menores.
“O segundo colocado, atrás do Brasil, a Inglaterra, tem 25% de participação com pequenos”, disse o executivo. “Share de 50% no mercado brasileiro (com pequenos) é anormal em relação aos grandes mercados mundiais. O movimento de migração de share para grandes players está apenas começando”, disse.
Zimerman destacou que a empresa estuda parcerias para conseguir entrar em mercados que ele chamou de “não endereçáveis”. Esse tipo de mercado, explicou, considera diversos aspectos, como quantidade pequena de habitantes, renda disponível menor ou quantidade de pets na cidade. “Estamos avaliando como entrar nesses mercados”, disse.
O executivo defendeu que o tema está em aberto e não explicou como seriam feitas essas parcerias. Mas apontou que o modelo de franquia sempre esteve em perspectiva. Zimerman explicou que algumas cidades não sustentam o investimento de uma loja própria da Petz. “Por que eu daria para uma franquia? Até pela questão tributária, ela pode entrar pelo Simples (sistema de tributação simplificada)”, disse. Todos os estudos, entretanto, estariam em uma fase inicial.
Digital
Um dos principais focos de crescimento da Petz, o seu braço digital, deve continuar ganhando destaque no horizonte de investimentos da empresa, disse o diretor presidente da companhia.
Questionado se vislumbra um cenário em que essa receita chegaria perto dos 50%, disse que essa não é a meta. “O que queremos é que nosso cliente seja bem atendido em qualquer plataforma”, disse. Ele apontou ainda cenário de aceleração de investimento tanto no braço digital quanto na abertura de lojas.
O executivo destacou que não dá para desconsiderar os desafios da economia em 2021. O mercado pet, entretanto, sempre teria demonstrado resiliência durante períodos de crise. “Brinco que a grande vantagem é que cachorro não lê jornal, não sabe qual a taxa de juros ou dólar”, disse.
Zimerman disse que há uma espécie de fórmula matemática para o cliente da Petz e que supera, inclusive, questões de renda. “Você pode ser milionário, mas não gosta de pet. Agora, se tem renda baixa e trata o pet como filho, você vai consumir”, disse. O cenário, por sinal, leva o grupo a ter lojas em áreas com maior e menor poder aquisitivo.
Reformas
O diretor-presidente da Petz traçou um cenário preocupante para os desafios da economia do País no horizonte. Questionado sobre as propostas de reforma em andamento, defendeu que a prioridade não deveria ser a tributária, mas sim a administrativa. “Há motivos para termos uma dose de preocupação com a economia. Temos situação de desequilíbrio fiscal recorrente”, disse, e emendou: “Qualquer proposta de reforma tributária agora nasce equivocada. Como discutir reforça tributária com um déficit fiscal? Antes de falarmos em reforma tributária, temos de falar em reforma administrativa”, disse.
Zimerman apontou ainda a necessidade de se debater a desigualdade de renda no País e, segundo ele, a conversa sobre a reforma tributária não é apenas um assunto de empresário. “Na medida que as pessoas tiverem consciência da importância de se tirar a carga tributária do consumo e tributar mais a renda, vamos melhorar a questão da desigualdade no Brasil”, disse, afirmando que o país é o único dentro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com tributação regressiva – ou seja, quanto mais se ganha, menos imposto se paga.
Pandemia e vacinação
O diretor-presidente da Petz disse que os empresários poderiam comprar vacinas contra a covid-19 e colaborar com o processo de imunização no País. Ele ponderou temer que o movimento resulte em numa “casta de privilegiados com vacina”. Como solução, o executivo apontou a doação de doses ao governo na mesma proporção.
Questionado durante a live, Zimerman disse ver com bons olhos o movimento Unidos Pela Vacina, encabeçado pela empresária Luiza Trajano. “Super interessante, apartidário e que a iniciativa privada ajude na logística. Essas coisas melhoram quanto mais não politizada elas ficam”, disse.
A empresária chegou a ser atacada por diversas vezes nas redes sociais por supostamente estar usando a campanha para encabeçar uma eleição presidencial em 2022. Trajano, entretanto, já desmentiu tais alegações por diversas vezes.
Fonte: Valor Econômico