22/11/2014 às 21h12
Empresas brasileiras do setor, num total de 20, foram a Xangai, conhecer o mercado de moda chinês. Empresários querem ampliar a participação nesse canal de exportações
Com US$ 46 bilhões importados em produtos brasileiros em 2013, a China lidera o ranking de parceiros comerciais do Brasil. Dessas vendas, somente US$ 122,4 milhões, ou 0,26%, são da cadeia da moda. O potencial do mercado é subaproveitado, já que a estimativa é que o país asiático concentra 25% dos consumidores mundiais do segmento. De olho em ampliar a participação nesse canal de exportações, governo e iniciativa privada levaram na última semana, 20 empresas do setor a Xangai, para conhecerem o mercado de moda chinês.
O número das exportações para o mercado de moda é um número bastante incipiente, que a gente quer trabalhar. O olhar da China (no caso do segmento de moda) está principalmente nos produtos europeus e norte-americanos. Aí é que têm que entrar os nossos produtos, a oportunidade de mostrar nosso estilo de vida, coisas diferentes. Somos reconhecidos por produtos de qualidade, nossa imagem é bastante positiva (na China), avalia Ricardo Santana, diretor de negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
Além da agência de fomento às exportações, participaram da articulação da viagem a Xangai a Associação Brasileira de Estilistas (Abest), a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção (Abit) e a Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados). A ação na China envolveu atividades como apresentação do mercado aos empresários brasileiros por especialistas, visitas guiadas às principais lojas multimarcas e rodada de negócios.
A estilista mineira Cecília Prado, dona da marca que leva o mesmo nome, já exporta para os chineses. Da sua produção de roupas femininas de tricô e biquínis, cerca de 80% são para a venda no exterior. A China responde por somente 10% desse volume. Cecília quer mais espaço no mercado chinês e acredita que a viagem a Xangai a ajudará a traçar melhor sua estratégia de expansão. Pude ver como é o mercado, o que as lojas querem. Visitamos várias multimarcas, falamos com as donas. É mais fácil sentir o que vende mais, o preço médio, onde minha peça se encaixa, enumera.
Ela explica que, como ocorre em todo mercado, na China são necessárias algumas adaptações nas peças para agradar às compradoras. O meu produto é colorido por natureza. A gente faz um trabalho manual, isso agrada muito. A brasileira gosta de roupas mais justas, as chinesas nem tanto. Esse nosso biotipo brasileiro, se usar roupa ampla, [a mulher] vai ficar mais cheinha. Elas, como são mais magrinhas, podem abusar, comenta a estilista, que já havia visitado o país outras vezes.
Também mineira, a estilista Patrícia Bonaldi, da marca GIG, exporta peças femininas em tricô para vários países, mas ainda não vende para a China. Ela esteve no país asiático pela primeira vez, e acredita que existe espaço no mercado para um produto de alta qualidade. É uma população enorme, consumidora de grandes marcas mundiais. O problema da China não é a falta de consumidor, é a falta de um produto de alta qualidade. Tem que ser um produto muito bem feito, com acabamento impecável, design diferenciado. Existe essa impressão de que a China produz tudo, muita roupa, muita coisa de qualidade menor, mas eles buscam um diferencial, acredita.
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