O Grupo SBF — controlador da Centauro — concluiu a compra da operação da Nike no Brasil pagando R$ 1,032 bilhão, em linha com o valor originalmente acordado apesar do meltdown do câmbio desde fevereiro, quando o negócio foi anunciado.
Há dez meses, o valor estimado era de R$ 900 milhões. A SBF está comprando os estoques da empresa no Brasil, 24 lojas Nike Factory e a operação de e-commerce.
Com a desvalorização cambial que se seguiu, alguns analistas chegaram a supor que a SBF precisaria de um desconto no valor nominal — afinal, o câmbio mais fraco encarece os Jordans e aperta as margens da operação. Já outros acreditavam que, como o estoque da Nike é dolarizado, a SBF teria que pagar um preço substancialmente mais alto para fechar o negócio.
Agora, os investidores vão monitorar de perto os comentários do management sobre a transação em busca de sinais de que a SBF conseguiu uma negociação que mantenha os produtos da Nike acessíveis ao brasileiro mesmo com o dólar acima de R$ 5. É possível que, na negociação do preço final, a SBF tenha obtido descontos maiores nos próximos anos, ou permissão para um markup maior. Também desconhecido é o nível atual dos estoques — que compõem a maior parte do preço.
Com a transação, a SBF passa a ser a distribuidora exclusiva da Nike no Brasil por um período de dez anos, podendo abrir e operar lojas da marca no País, onde a Nike vende para cerca de 4.000 varejistas.
O CEO Pedro Zemel disse ao Brazil Journal que a SBF buscará construir ou adquirir novas verticais — “marcas, varejo ou conteúdo” — para complementar seu ecossistema de esportes.
A partir de hoje, a SBF está se mudando para o Birmann 21, mais conhecido por abrigar a sede da Editora Abril, na Marginal Pinheiros. Dos três andares alugados, dois serão ocupados pelo time de tecnologia, e a empresa está contratando a rodo.
A ideia é alavancar o e-commerce da Nike, que antes da pandemia respondia por cerca de 10% das vendas da marca no Brasil. Para efeito de comparação, em países como Reino Unido e Alemanha, as vendas online chegavam a 30% das vendas totais no pré-covid.
A tese central por trás da aquisição é que a operação online usará o parque de lojas da Centauro como um diferencial logístico, permitindo que o cliente compre online e pegue na loja, ou que a Centauro despache a mercadoria direto de suas 208 lojas. “Um ativo faz o outro valer mais,” diz Zemel.
A margem bruta da Nike.com é bem maior do que nas lojas físicas, porque o site vende a preço de varejo com custo de fábrica. Assim, à medida em que a Nike.com cresce, a margem bruta da operação como um todo tende a aumentar.
Fonte: Brazil Journal