O presidente do Grupo SBF, dono da Centauro, Pedro Zemel, disse nesta sexta-feira em teleconferência com analistas que vê um “ambiente mais seguro” no mercado e a empresa deve voltar a acelerar aberturas e reformas de lojas “com bastante gás”.
Zemel não mencionou prazos ou detalhou esses planos de aceleração de abertura. Ele disse, porém, que a empresa tem um projeto de reformas “mais leves”, para pontos com menor venda.
Os números do terceiro trimestre ainda mostram venda nas lojas (em operação há mais de 12 meses) após setembro em lenta expansão. No período anterior, de julho a setembro, o número registra queda, com digital se expandindo, mas receita líquida total em retração — apesar de a queda ser menor que a do segundo trimestre.
Sobre a venda, as lojas físicas tiveram retração nas vendas de quase 31%, para R$ 359,5 milhões de julho a setembro, e a plataforma digital se expandiu 105%, para R$ 209,5 milhões. No total, a receita líquida acabou encolhendo, mesmo com o site mais forte: o recuo foi de 8,4%, para R$ 569 milhões.
O grupo ainda informou hoje a analistas que o marketplace (shopping virtual) representa 15% das vendas do grupo.
“Desorganização da cadeia”
Zemel disse também que houve uma “desorganização da cadeia” por conta da pandemia, mas que isso já está sendo “rebalanceado”. As fábricas pelo mundo pararam a produção após março o que gerou um descasamento entre oferta e demanda, mesmo com a retração nas vendas.
“É inegável que houve uma desorganização, e a falta de demanda resolveu uma parte do problema”, disse. Esse quadro afetou o mundo todo (os fornecedores são globais no setor) e está em processo de normalização, afirmou ele, e a falta de produtos é pontual.
Segundo ele, a empresa foi reduzindo estoques nesse ambiente de menor produção, desovando produtos, o que afetou margens nos últimos trimestres, mas isso foi se regularizando, apesar de ter afetado o terceiro trimestre. “Vemos hoje um patamar de estoque mais saudável.”
Houve queda de 5,8 pontos de margem bruta no trimestre (para 43,6%), explicada pelo aumento de remarcações para adequar os preços aos níveis de mercado e para regular a idade do estoque, disse a empresa.
Zemel disse que as marcas avaliam aumentar preço, pela alta do dólar, mas o efeito câmbio não tem efeito nos resultados da empresa. Ele ainda afirmou que o futebol é o esporte que mais sofre hoje em vendas, as outras atividades vão bem. “Produtos mais focados em conforto, e para ficar em casa têm ido bem”, disse.
A Centauro encerrou o terceiro trimestre com prejuízo de R$ 33,2 milhões, revertendo assim o lucro de R$ 38,3 milhões registrado um ano antes.
Fonte: Valor Econômico