05/11/2014 Alessandra Taraborelli Objetivo é aproximar indústria brasileira do padrão internacional onde o prazo para recebimento e de dois dias O Banco Central já colocou na pauta para 2015 a discussão sobre a redução do prazo de pagamento aos lojistas das compras realizadas com cartão de crédito. O objetivo é aproximar a indústria brasileira dos padrões internacionais, segundo informou ontem em São Paulo o diretor de política monetária do Banco Central, Aldo Luiz Mendes, durante o 9º Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento. Hoje, o lojista recebe os pagamentos feitos com cartão de crédito cerca de 30 dias após a compra, enquanto fora do Brasil esse prazo é de dois dias. Mendes disse que o assunto será discutido durante fórum que irá tratar vários temas sobre o setor e que a meta é de que o primeiro encontro ocorra ainda nos primeiros seis meses de 2015. Queremos atingir as melhores praticas internacionais e, isso de 30 dias para receber o pagamento não existe lá fora, diz o diretor. O executivo disse ainda que outro objetivo é que os cartões pré-pagos tenham um prazo de pagamento similar ao de débito, que hoje é de dois dias. No pré-pago talvez estejamos mais próximos de chegar a um acordo sobre o pagamento para o lojista. Quem recebeu aquela moeda eletrônica não tem que esperar mais de dois dias para receber, este é o tempo de compensação de um cheque, avalia. Já no crédito, ele diz que a questão é mais complexa e é necessário levar em conta as particularidades brasileiras. Outro tema que também está sendo discutido com o setor é a questão chamada de um por um, onde você transforma moeda física ou escritural em moeda eletrônica. Essa transformação tem que ocorrer no exato momento em que a eletrônica é emitida, é uma transformação e não uma multiplicação. Esse é o principio do um por um, diz. De acordo com Mendes, hoje existem empresas de cartão pré-pago que têm agido como financeiras e este não é o papel delas. O executivo cita o exemplo de uma empresa de voucher alimentação que credita o valor do almoço do funcionário de empresa A’ no dia 1 de todo mês e só recebe por esta operação 30 dias depois, por exemplo. Não pode fazer antecipação para o funcionário e esperar para receber depois. Isso é um financiamento e só pode ser feito por instituição financeira e não por instituição de pagamento. Hoje existe esta prática. O setor tem que funcionar como a lei prescreve, afirma Mendes. O diretor do BC ressalta, no entanto, que não será tomada nenhuma atitude que possa trazer risco para o setor. Não vamos mudar a ferro e fogo algo que já existe no mercado.O fórum vai ser um excelente lugar para discutir essa questão. A gente não pode ter uma instituição de pagamento fazendo antecipação. Vamos desenhar um prazo, uma forma de migrar. A gente tem conversado com esse segmento, voucher, eles têm trazido essa preocupação, diz. O diretor executivo da Abecs, Ricardo Vieira, ressalta que a discussão é bastante positiva e visa mitigar possíveis riscos. Uma empresa pode vender um monte de pré-pago de uma determinada companhia que irá pagar daqui a 30 dias. Essa empresa foge para outro país e como fica. Existe um risco e o BC quer evitar que isso aconteça”, diz, ressaltando que o objetivo é não permitir a criação de moeda, já que isso é função do BC.
Brasil Econômico – SP