03/11/2014 19h52
Economista defende que país não figura entre aqueles com imóveis mais caros e que o setor está muito longe de influenciar e prejudicar a economia
Com preços de imóveis às alturas, lançamentos parados e um certo freio no setor, há quem defenda que o Brasil está prestes a enfrentar uma bolha imobiliária. Não é, no entanto, o que pensa o economista Ricardo Amorim. Durante palestra realizada no HSM Management, evento de gestão realizado hoje (03/11) em São Paulo, Amorim defendeu que, apesar do preço dos imóveis estar alto, o setor não vive uma crise. “Eu estudei 509 cidades, sendo 12 brasileiras, de 123 países. O Brasil é só o 48º mais caro. Os imóveis aqui estão mais baratos que a média dos países emergentes. Em Cuba, Nova Guiné e El Salvador o preço é cinco vezes maior”, afirmou.
O economista também argumenta que o setor imobiliário brasileiro ainda está muito longe de influenciar a economia do país. “No ano passado, vendemos 200 mil imóveis. Os Estados Unidos, nos tempos de auge do setor, vendiam 2 milhões. Já a China vendeu, no ano passado, 22 milhões”. Em 2013, foram construídos no país 400 mil imóveis novos – para 750 mil casamentos realizados. “Nenhuma bolha imobiliária estourou no planeta de 1994 para cá com menos de 50% de PIB de crédito imobiliário. O Brasil tem 8% apenas”.
Para Amorim, o medo da bolha existe principalmente por um fator: na comparação histórica, o imóvel hoje, relacionando preço à renda, custa até dez vezes mais do que o preço que tinha há dez anos. “Comprar em São Paulo está mais caro que um apartamento em Miami. Mas isso não quer dizer que o Brasil está caríssimo”. Ele cita estudos realizados por sua consultoria para mostrar que o preço lá atrás era decorrente da baixa oferta e da opção por pagamento à vista. “Há dez anos, poucas pessoas compravam imóvel – e pagavam, na maioria, à vista. A procura era baixíssima e o preço estava completamente fora de qualquer comparação internacional”, diz.
Nas comparações com Miami e outros locais dos Estados Unidos, o economista afirma que é preciso considerar que o preço dos imóveis lá estão hoje nos menores patamares de toda a história do setor no país, fator decorrente da crise de 2008. Segundo ele, na Flórida, saem por 60% a menos. O crescimento do preço no Brasil seguiria o que ocorre nos países emergentes, que tiveram maior acesso ao crédito na última década e, assim, financiamento e mais vendas.
A ameaça difundida e preconizada da bolha, explica, só aumenta o receio de quem quer comprar ou vender. “Quem não ouviu que a bolha ia estourar depois da Copa? As pessoas ficam com medo e seguram. Não vendem”. Para Amorim, o setor padece do mesmo que falta a outros setores: confiança. “O que vai fazer a virada é passar o medo. Ninguém investe, ninguém consome”.
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