O grupo Nós, joint venture entre a Raízen Combustíveis e a Femsa Comercio que assumiu a operação de lojas de conveniência Shell Select e vai explorar o varejo de proximidade no país com a marca OXXO, colocou em execução um agressivo plano de negócios, que prevê a abertura de mais de 500 pontos de venda nos próximos três anos, todos na região Sudeste. “Estamos construindo uma máquina de expandir dentro da empresa”, disse ao Valor o presidente da joint venture, Rodrigo Patuzzo.
A primeira unidade com a bandeira OXXO (pronuncia-se ókso) do Brasil será aberta em outubro, em Campinas (SP), inicialmente para amigos e convidados. As portas serão abertas ao público em geral em 1º de dezembro, no mesmo dia em que será inaugurado o segundo OXXO do país, também em Campinas. A partir dessas inaugurações, o ritmo de abertura de lojas será acelerado e eventuais aquisições não estão descartadas. “A empresa tem sócios sólidos e está capitalizada. Estamos avaliando todas as oportunidades”, disse.
Antes de ser escolhido para liderar o grupo Nós, Patuzzo estava à frente da Raízen Conveniências e participou das negociações com a Femsa, líder no segmento de lojas de conveniência e proximidade na América Latina com mais de 18 mil lojas OXXO na região. A sócia, explica o executivo, é referência mundial em logística fracionada e complementa o conhecimento da Raízen em franquias. Em termos de capacidade de execução, abriu nada menos que 1,3 mil unidades OXXO somente em 2019.
A nova empresa começa a ser estruturada em novembro com uma rede de 1,07 mil lojas Shell Select em todo o país – quando a parceria foi anunciada, a então Raízen Conveniências estava avaliada em R$ 1,1 bilhão – e recursos suficientes para garantir as metas de expansão nos próximos três ou quatro anos. Embora a pandemia tenha atrasado a concessão de alvarás e licenças, manteve a previsão de abertura de 200 lojas no primeiro ano de operação. Os pontos de venda Shell Select seguirá restrita aos postos da rede Shell, enquanto a marca OXXO será explorada em lojas de rua ou de nicho, em escolas ou universidades, por exemplo.
Nos 12 primeiros meses, contados de abril a março para acompanhar o exercício social da Raízen, que segue o ano-safra, os investimentos devem alcançar R$ 80 milhões, dos quais R$ 35 milhões em plataformas tecnológicas e R$ 20 milhões na abertura de lojas. A instalação do escritório em São Paulo e o primeiro centro de distribuição, entre a capital paulista e Campinas, estão nesse orçamento. Em dois ou três anos, o plano é abrir até dois novos centros de distribuição, para garantir o atendimento ao Rio e São Paulo.
De acordo com Patuzzo, o modelo de franquias que predominava na Shell Select continua no centro da estratégia. Mas, para a primeira fase do novo ciclo de crescimento, Raízen e Femsa optaram por privilegiar as lojas próprias, o que garante escala crescente e maior poder de negociação com fornecedores. “Vamos investir na melhoria de proposta de valor e, então, levá-la para os franqueados.” Ainda assim, a rede de franqueados cresce em 2020, com a abertura de quase 150 unidades, já as lojas próprias chegarão a 42.
Além da complementariedade das sócias, a aposta na nova empresa é suportada pelo potencial de crescimento do segmento de conveniência e proximidade no país, hoje extremamente pulverizado. “Há uma inconsistência grande no segmento no país e queremos oferecer a melhor proposta, em termos de qualidade e proximidade, com preço justo”, disse.
O Brasil tem uma das menores taxas de penetração de lojas em postos de combustíveis do mundo, de menos de 20%. Esse índice se compara a 75% da Argentina, mais de 80% com Estado Unidos e Austrália e praticamente 100% na Alemanha. “Nascemos com o objetivo de liderar o mercado brasileiro”, afirmou. Antes da joint venture, a Raízen já havia desenvolvido uma nova geração de lojas Shell Select, com aumento médio no faturamento de 20% em relação ao formato anterior. Nas lojas OXXO, por sua vez, o consumidor encontrará desde itens de padaria, hortifruti e açougue a itens de higiene e limpeza para reposição diária.
Fonte: Valor Econômico