O grupo Soma, dono das grifes Animale e Farm, tem 33 marcas de moda consideradas como oportunidades de aquisição, mas apenas 5 ou 6, cerca de 20%, realmente são avaliadas como possíveis marcas estratégicas para compra no curto prazo, apurou o Valor. Neste grupo, uma minoria pertence à Inbrands, a empresa de moda mais afetada pela crise e que busca interessados em algumas de suas redes, e à Restoque, em recuperação extrajudicial.
O grupo Soma pretende gastar em aquisições 47% dos recursos líquidos captados na oferta pública inicial de ações concluída no fim de julho. Isso equivale a pouco mais de R$ 600 milhões, com base nos dados do prospecto da oferta.
Entre as marcas da rival Inbrands, do empresário Nelson Alvarenga, companhia em situação financeira difícil, a Richards tem sido apontada no mercado como um negócio em avaliação pela Soma. O Valor apurou que a Inbrands tem sondado interessados em seus ativos, mas não há negociação em andamento da Soma com a Richards neste momento, dizem duas fontes.
De acordo com fontes do mercado, bancos credores têm pressionado a Inbrands pela venda de alguma operação. Em julho, o Valor antecipou que a Inbrands relatou em notas explicativas de seu balanço que cogitava a venda da marca de roupas VR.
O grupo Soma apontou, em material que circulou entre investidores antes do IPO, 33 marcas que preencheriam os requisitos considerados necessários pela empresa para aquisição. Além das vistas como mais estratégicas, como Osklen e Amaro, estão outras como Adriana Degreas, Cia Maritima, Forum, Hope, algumas da Restoque (Le Lis Blanc, John John e Rosa Chá) além de Ellus e VR, ambas da Inbrands.
Ativos considerados estratégicos pelo Soma são marcas com venda anual acima de R$ 50 milhões e alto engajamento de clientes em plataformas digitais, o que reduz a lista para aquisição.
Em seu IPO, o Soma captou para o próprio caixa R$ 1,3 bilhão e, descontando pagamento de dividendos antecipados e amortização de dívida, restariam cerca de R$ 900 milhões. Apesar do momento difícil no setor de moda, entre os mais afetados pela crise atual, a Soma atraiu investidores por conta do plano de crescimento, situação financeira confortável e modelo de gestão, dizem analistas.
Com oito marcas, a Soma tem duas redes (Animale e Farm) que respondem por 75% da venda líquida anual. Outras cinco (menos conhecidas como Foxton e A.brand) faturam ao ano, entre R$ 40 milhões e R$ 110 milhões. Há um entendimento de que é hora de dar uma musculatura maior para esse portfólio.
Fonte: Valor Econômico