30/10/2014
Por Adriana Mattos | De São Paulo
Um dos segmentos do varejo mais resilientes às variações de demanda, os supermercados conseguiram registrar desempenho de vendas um pouco melhor em setembro, o que tem levado a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) a cogitar expansão superior ao esperado para 2014.
Quanto às expectativas para o Natal, a taxa permanece em linha com a média dos últimos cinco anos, com expansão real que pode variar de 4% a 5% nos supermercados, previu a Abras, sustentada pela venda de itens mais acessíveis.
Entre 2009 e 2013, o setor registrou expansão média de 3,9% nas vendas em dezembro. Se apurar crescimento entre 4% e 5% em dezembro de 2014, estará acima do apurado em 2013, o que não é algo para se comemorar. Dezembro de 2013 foi um dos piores fins de ano para o setor nesta década, quando as vendas subiram 2,87%.
Segundo dados publicados ontem pela Abras, as vendas reais dos supermercados em setembro subiram 2,91% sobre o mesmo mês de 2013, e com isso a taxa acumulada do ano cresceu de 1,63% até agosto para 1,77% até setembro. “Esperávamos ansiosos pelo resultado de setembro e foi um bom mês. Pode ser que seja possível crescer um pouco acima da alta de 1,9% prevista para 2014”, diz Sussumu Honda, presidente do conselho consultivo da Abras. O índice está deflacionado pelo IPCA. Para 2015, está mantida projeção de 2,5%.
“Isso é algo que se soma à nossa visão de que as vendas no varejo de alimentos são resilientes e um segmento defensivo em tempos de incerteza”, escreveu em relatório Guilherme Assis, analista da corretora Brasil Plural.
Em valores nominais, até setembro, a entidade contabiliza aumento de 8,15% nas vendas e, em setembro contra setembro de 2013, a expansão foi de 9,85%.
A entidade ainda divulgou ontem estimativa de aumento de 14,1% nas vendas de um conjunto específico de nove produtos natalinos típicos. No Natal do ano passado, a entidade previu crescimento maior, de 14,9%. Não há pesquisa posterior para confirmar se previsão foi atingida. Seis produtos avaliados registram estimativa de compra pelo comércio abaixo do ritmo previsto em 2013.
Fazem parte desta lista: bebidas natalinas, frutas secas, panetone, vinhos nacionais, peru e chester. As taxas só são maiores para lombo e tender. A previsão é que o consumidor continue a buscar ofertas neste fim de ano, e faça trocas de produtos na ceia de Natal, por itens com preços menores, segundo a Abras. Além disso, a entidade acredita que itens importados podem ter menor presença nas lojas, por causa da alta do dólar.
“Certamente neste ano se aposta um pouco mais na questão de produtos com preços mais acessíveis para o Natal”, disse Honda.
Cenário econômico em desaceleração no consumo, com demanda nos supermercados em ritmo mais lento do que no ano anterior, ajuda a explicar uma previsão de alta de 14,1%, abaixo de 14,9% em 2013. Mas analistas consideraram ontem a alta de 14,1% como positiva. Existe, neste caso, questão relacionada com a base de comparação mais forte do ano passado.
“A previsão de compras de 2013 foi alta, numa expectativa muito positiva para Natal, algo que não se concretizou”, afirmou Honda. As vendas reais em dezembro de 2013 cresceram 2,87%, abaixo dos 5,37% em dezembro de 2012.
Especialistas projetam Natal com desempenho de vendas modesto. “Devemos ter um Natal fraco, com um quarto trimestre que não será excepcional, nem péssimo para o varejo, mas com vendas moderadas”, disse Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). As vendas a prazo no período do Natal devem crescer 3% em 2014, disse esta semana a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas. É o mesmo índice de 2013.
Valor Econômico – SP