Em estudo feito pela Dunnhumby, o Brasil se destacou durante os últimos três meses como o campeão em preocupação com a pandemia da Covid-19. Entre o fim de março e início de abril, 49% dos consumidores brasileiros afirmaram estar preocupados; já na segunda semana de abril, o número subiu para 55%.
No período em que a pandemia alcançou o seu auge no país – segundo dados da Organização Mundial de Saúde – no final de maio, os dados apontaram que apenas 46% das pessoas se dizem preocupadas. O número é menor do que quando a pandemia começou a se instalar no Brasil e o índice de mortes ainda não era tão alto.
Para países que já passaram pelo pico, o índice foi diminuindo conforme os casos foram controlados. É o caso da Alemanha, que no fim de março apontou uma taxa de 30% de preocupação, em abril passou para 22% e, no final de maio, apenas 20% dos consumidores no país declararam estar preocupados.
A pandemia gerou não só mudanças no comportamento do consumidor como também no seu poder de compra. Na primeira onda do estudo, realizada no fim de março, os dados apontaram que 68% das pessoas consideravam que as suas finanças pessoais estavam em mau estado. Foi percebida também uma mudança na forma com que as pessoas encaravam as compras em supermercados, já que os dados recentes do estudo apontam uma mudança nos hábitos de consumo dos brasileiros à medida que os casos de Covid-19 se espalharam no Brasil e no mundo.
Nesse mesmo período, 87% das pessoas apontaram que estavam comprando apenas o necessário. Os hábitos de consumo foram mudando com o tempo e o brasileiro tem apostado mais na variedade à mesa. Um total de 37% passou a comprar itens alimentícios diferentes do que costumavam comprar antes da pandemia, enquanto a média global ficou em 27%.
Ao redor do mundo, os consumidores vêm adotando estratégias para lidar com as mudanças provocadas pela pandemia. No Brasil comportamentos como fazer mais refeições em casa, gastar mais por viagens ao supermercado e comprar produtos mais baratos seguem no dia a dia do consumidor, assim como nos demais países.
Foi percebida uma mudança significativa entre a primeira onda do estudo – fim de abril – para a última – fim de maio – em relação ao comportamento de compra. Hoje, o brasileiro está retomando aos poucos a frequência de compras e visitas ao supermercado conforme o índice de preocupação diminui.
Porém, os últimos dados do estudo apontam que 40% da população brasileira segue comprando fora do ambiente físico das lojas, tendência que se manteve estável desde a primeira leva dos levantamentos. Essa média é puxada pelos consumidores mais preocupados, dentre os quais 47% têm comprado fora das lojas físicas, enquanto o índice entre os menos preocupados fica em 33%.
A tendência de adoção crescente de consumo de alimentos de forma alternativa às lojas físicas se manteve estável durante todo o período analisado, com até 66% dos entrevistados brasileiros declarando estar aumentando o uso desses canais.
Segundo o estudo, o Brasil é um dos países onde o consumidor é mais propenso a fazer compras virtuais, indo cada vez menos às lojas físicas. Conforme mais clientes experimentam o comércio eletrônico, maior fica a diferença no nível de satisfação entre as compras.
Na última onda do estudo, relativa ao final de maio, a satisfação com a experiência de compra nas lojas físicas aumentou significativamente por parte dos consumidores – o que pode ser explicado pela diminuição da preocupação, que antes causava mais estresse na hora de realizar as visitas.
A análise apontou que, nas duas últimas semanas de maio, 59% dos brasileiros perceberam um aumento nos preços. Já na primeira onda da pesquisa, 50% da população brasileira afirmava ter visto aumento em preços durante pandemia.
A percepção em relação a esse aumento de preços não é unânime no Brasil. O estudo aponta que os consumidores mais preocupados com os impactos do coronavírus perceberam aumento nos preços. Porém, segundo o estudo, essa percepção é resultado tanto da diminuição de promoções como do aumento de gasto por visita, já que a frequência das compras é menor. Dois terços dos consumidores disseram que estão gastando mais com alimentos do que antes do início da pandemia. Isso se dá muito pelo fato das pessoas estarem comendo mais em casa do que fora nos últimos meses.
A percepção do consumidor em relação a falta de estoque nas lojas é de que a responsabilidade é em sua grande maioria atribuída a outros consumidores. Para 52% das pessoas entrevistadas, essa responsabilidade não está ligada às lojas; enquanto apenas 22% entende que a falta de estoque é de responsabilidade da própria loja.
Fonte: Monitor Mercantil