Larissa Coldibeli
Do UOL, em São Paulo 28/10/2014
O número de franquias brasileiras que atuam no exterior cresceu 14% de 2012 para 2014, passando de 92 a 105 marcas, segundo o estudo “Estágios da Internacionalização das Franquias Brasileiras”, feito pela ESPM em parceria com a ABF (Associação Brasileira de Franchising).
Os principais destinos, de acordo com o estudo, são EUA e Portugal, com 42 e 34 marcas brasileiras, respectivamente. Na sequência, vêm Paraguai, com 31 redes, Argentina, com 19, e Angola, com 17.
As marcas com atuação internacional correspondem a 3,8% do total de franquias no Brasil, que chegam a 2.703. O estudo é bienal e foi realizado entre junho e outubro de 2014. Considerando a primeira edição do estudo, de 2010, o crescimento de redes brasileiras no exterior foi de 62%, de 65 a 105 marcas.
Os EUA lideram por já serem um polo atrativo, pois trata-se do primeiro mercado das multinacionais brasileiras e o segundo mercado em volume de exportação, segundo o estudo.
Países como Argentina e Paraguai também estão entre as preferências pela maior proximidade cultural e geográfica, enquanto Portugal e Angola se destacam por terem o mesmo idioma que o nacional.
“Quando o mercado interno se esgota, a ida para outros países é estratégia para crescer. Além disso, a boa experiência das empresas nacionais que já estão no exterior incentivam outras a irem”, afirma André Friedheim, diretor de internacionalização da ABF.
O número de países onde as franquias brasileiras operam também cresceu em comparação a 2010. Naquele ano, 28 redes atuavam em apenas um país estrangeiro, contra 51 em 2014, crescimento de 82%. As redes que atuavam em de dois a quatro países eram 21 em 2010 e chegaram a 32 em 2014, aumento de 52%. Já as que estavam em cinco ou mais países eram 16 contra 22 em 2014, 38% a mais.
Friedheim diz que muitas franquias vão para o exterior com unidades próprias, para entender o mercado primeiro, e só depois adotam o modelo de franquia lá fora.
A professora da ESPM Thelma Rocha Rodrigues, que participou do estudo, diz que quanto menor o planejamento, maiores as chances de insucesso no exterior. “Acontece muito o ‘passou, levou’, quando um estrangeiro conhece a marca brasileira e a leva para seu país, mas sem muito planejamento do franqueador.”
Dificuldades e benefícios de atuar no exterior
Questões operacionais, como burocracia, tributação, logística, legislação de cada país e obtenção de insumos (principalmente para importadores de produtos) foram os desafios mencionados pelos entrevistados. Entendimento e adequação à cultura local, busca por bons operadores e escala para atuar no exterior também foram citados.
Entre os benefícios da internacionalização, segundo os empresários entrevistados, estão a consolidação da marca, ganhos em escala, diluição do risco, valorização do negócio, experiência, aprendizado, crescimento, lucro, inovação e importação de conhecimento.
Franquias de acessórios e educação são as mais internacionalizadas
O segmento de acessórios pessoais e calçados é o que se destaca entre as franquias nacionais internacionalizadas, seguido por educação e treinamento.
As marcas com maior presença internacional, segundo ranking da ABF, são Carmen Steffens e Dumond (ambas de calçados e acessórios), seguida de Spoleto, única de alimentação entre as dez primeiras.
Na sequência, estão as escolas de idiomas CCAA, Fisk e Wizard, Igui (piscinas), O Boticário (cosméticos), Nobel (livraria) e Localiza (aluguel de veículos). A ABF, no entanto, não divulga o número de lojas, pois as informações são fornecidas pelas redes à associação sob confidencialidade.
Dicas para quem quer se internacionalizar
Empresas que desejam expandir fora do Brasil devem se informar a respeito do mercado de interesse, principalmente quanto à legislação e a regulamentação do setor de atuação. Participar de feiras internacionais, buscar consultorias, missões e outros eventos no exterior também são maneiras de conhecer melhor o mercado.
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