O comando da Raia Drogasil (RD) disse nesta manhã que a empresa “vai perder pontos de margem no segundo trimestre”. Sobre o terceiro trimestre, “ainda não está claro como isso ficará, mas a empresa ainda podem ter algumas penalidades” no período, disse Eugênio De Zagottis, diretor de planejamento corporativo e de relações com investidores.
A empresa ainda disse que acelerou o plano de venda de exames de covid-19 em suas farmácias e a indústria repassou novos aumentos de preços em medicamentos em junho.
“Tivemos um pico de vendas após o isolamento e depois um vale de vendas [a demanda caiu no setor no segundo trimestre]. Mas vemos isso como algo pontual. Acreditamos que no terceiro trimestre estaremos num quase normal e até o fim do ano a vida volta ao normal”, disse ele durante videoconferência promovida pela Eleven Financial.
“A dor no nosso setor é pequena, mas existe. O que teremos é menos ‘players’ conseguindo abrir mais lojas, com atrasos de projetos”, disse.
Sobre reajustes de preços, a empresa disse que os aumentos de medicamentos normalmente ocorrem na tabela de abril, como definido pela Anvisa. Neste ano, o governo decidiu adiar o aumento por 60 dias, ou seja, o prazo acabou no começo de junho. “Foi uma briga desgraçada para segurar por dois meses. Isso foi feito e defendíamos isso, mas tem uma hora que não se aguenta mais, com dólar a R$ 4, R$ 5, R$ 6.
A indústria tem uma forte pressão de preços, e congelar parece bom, mas é um perigo porque isso pode levar a falta de produto. A cota de sacríficio [de dois meses sem alta] foi dada. Houve discussão no Congresso para segurar por mais 60 dias, mas isso não deve ocorrer porque não avançou. E já aumentou preço sim”, disse.
A companhia ainda disse que a meta é ter 800 farmácias com exames sorológicos para detectar anticorpos ao vírus — nos próximos dias, serão 130 lojas fazendo os testes e isso deve ir crescendo. A sorologia é o exame capaz de detectar os níveis de anticorpos IgM e IgG ou IgA e IgG no sangue.
A empresa, semanas atrás, disse que iria analisar a venda desses exames pela falta de informação sobre esses testes na época e risco de gerar uma fala sensação de confiança.
“Não queremos sair ganhando dinheiro para aproveitar a situação. Nunca pagamos comissão para funcionário porque não queremos empurrador de produtos e isso continua”, disse ele. A empresa não disse se esses exames têm margem mais alta que a média da loja.
Segundo ele, a empresa manterá o ritmo de aberturas de 240 lojas no ano porque a empresa manteve ritmo de investimentos nos últimos meses. “A qualquer momento, se você bater uma fotografia nossa, serão 180 a 200 lojas já sendo preparadas para isso, por isso conseguimos manter a roda girando sem problemas”.
Zagottis descarta a possibilidade de um aumento da concorrência nesse período de desaceleração da economia. “Hoje todos os mercados estão muito competitivos, com dois ou três grandes ‘players’. É muito difícil alguém buscar crescimento além de suas fronteiras [região onde uma empresa já é forte]. Vai queimar caixa e não vai conseguir fazer”, diz.
O executivo afirma ainda que a empresa “atira” para uma taxa interna de retorno das lojas em 20% em média, mas isso pode chegar a 25% ou cair para 15%, a depender da unidade. Maior companhia do segmento, a rede tem 2,1 mil lojas no país com 14% de participação de mercado no país.
Para os próximos meses, mesmo na crise, a varejista disse que irá acelerar o crescimento no sul do país. Segundo o executivo, o Rio Grande do Sul registra a maior taxa de expansão na rede — os outros mercados são mais maduros e tendem a ter, naturalmente, índice de crescimento menor. A Panvel, que passou a abrir unidades nos últimos anos em São Paulo (mercado liderado pela RD) é a lider do setor no sul.
Fonte: Valor Invest